sexta-feira, 3 de junho de 2011

EM DEFESA DAS FORMIGAS

Não sou membro de nenhuma ONG protetora de animais, mas estou pensando em fundar uma urgentemente para defender os insetos, mais especificamente, as formigas. A sigla seria MDF: Movimento em Defesa das Formigas. É uma sigla já ‘registrada’ para designar um tipo de madeira sintética usada no fabrico de móveis. Ainda melhor, pois toda vez que alguém pensar em fabrico de móveis, a menção desse tipo de material servirá como ajuda mnemônica para colocá-lo ao lado das formigas injustiçadas.
Minha defesa das formigas não é à toa. Preciso defendê-las, pois estão sendo difamas, e o caso é muito sério. A custo de muito “suor”, esses pequenos insetos tem construído sua reputação como diligentes e admiráveis trabalhadoras. Por isso, deixo aqui registrado que, pelo que se conhece das formigas, não foram elas que sairam bordando silhuetas de Maria e mensagens obscuras nas folhas em São Lourenço, interior de Minas Gerais. O fato tem agitado a região, e até um santuário já foi criado onde os visitantes vem adorar e fazer preces. Não vou me admirar se em breve aparecer por lá o culto da santa formiga milagrosa, que atendeu à prece de um adorador que, por descuido, tenha pensado nelas enquanto fazia sua prece.
É a incrível capacidade de crer presente nas pessoas que justifica esses fenômenos. São imagens que choram, que aparecem a crianças, que proferem oráculos, que surge nas vidraças, na luz do sol, e nos ambientes mais inesperados. É sempre algo nebuloso, carecendo de sinais de autenticidade, mas nem por isso faltam devotos para prestra-lhes culto.
No caso das formigas mineiras, a história se repete. O bispo faz uma visita, não diz sim nem não, o assunto fica no ar, e as romarias continuam. Mesmo que os testes laboratoriais provem que os relatos não condizem com os fatos, como no caso de Minas, o povo não leva isso em conta. Importante é ter fé, mesmo que seja em formigas. E a igreja endossa tal posição, quando não toma uma posição firme e forte contra tal disparate.
Fatos como esse trazem grande prejuízo para a fé bíblica. Corroem a autenticidade da crença fundamentada nos fatos e na revelação das Sagradas Escrituras. Aos poucos, à medida que a os supostos milagres se mostram ilusórios, as pessoas transferem sua decepção para tudo que diz respeito à fé e ao cristianismo. Ficam desapontadas e resistentes, pois se viram iludidas na sua “boa fé”.
Falta ao povo entender que o importante não é ter fé, mas o objeto em que se coloca a fé. A fé e a sinceridade de uma pessoa não mudam a realidade nem conferem autenticidade ao que é irreal. Eu posso estar sinceramente errado, apesar da minha crença. Se o objeto da fé for incerto, a fé será vã.
Realmente, lamento pelas formigas. Ali, elas não serão mais vistas como claro exemplo da perfeição e variedade da criação feita por Deus. Mas, também lamento pelo nosso povo que cada vez mais é doutrinado a viver uma credulidade cega, alimentando uma fé sem substância, deixando o Criador, e adorando a criatura.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.