sábado, 30 de abril de 2016

AINDA RESTA ESPERANÇA
Nossa alma espera no Senhor, nosso auxílio e escudo. Nele, o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome.” (Salmo 33.20-21)
            A cena dos pais pedindo oração por sua filha foi de quebrar o coração. Com lágrimas, falaram da triste situação, que foge a toda tentativa de achar no ocorrido algo que faça sentido. Tudo começou quando a filha mudou sua concepção acerca da fé cristã,  como havia aprendido na casa dos pais. Seguindo uma filosofia corrompida, a jovem concluiu que a maneira como lhe ensinaram a ler e interpretar as Escrituras estava errada. Ela concluiu que a Bíblia deve ser interpretada culturalmente, isto é, em cada cultura as pessoas decidem o significado das Escrituras. Assim, quando a Bíblia confronta o pecado, a pessoa simplesmente recorre para a explicação  de que ‘isso serviu naquela cultura.’ A jovem se tornou presa por sua nova hermenêutica, que lhe deu liberdade de fazer da satisfação do seu ego a razão da sua vida. O resultado foi o pior possível, pois a elevação do ego foi tamanha, que não sobrou espaço para o marido e os filhos. A jovem simplesmente esqueceu que era esposa e mãe, deixou o seu lar e partiu em busca do seu sonho.
            Ao sair da reunião, meu coração estava pesado, sentindo a dor daqueles pais. A grande questão era: como esse casal pode encontrar forças, motivação e alegria para prosseguir no ministério, quando as circunstâncias a sua volta são tão tristes? Como podem experimentar paz, sabendo que a filha está enredada na armadilha do pecado, tão cega pela amargura, que não consegue ouvir o choro dos próprios filhos que anseiam por sua volta?
Enquanto meditava na situação, Deus me trouxe à mente o Salmo 33. Este Salmo nos ordena a louvar o SENHOR por Sua Palavra, por Sua justiça e por Suas obras. É óbvio que o Salmo foi escrito a fim de trazer esperança ao coração do servo de Deus, que está em grande angústia, sentindo-se esmagado sob peso da provação. O Salmista chama nossa atenção para o grande poder de Deus exposto na criação,“Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir.” (Salmo 33.9) Diante de tal verdade, podemos perguntar: Existe algo que possa desafiar a capacidade do Deus Criador, que tudo fez pelo poder da Sua Palavra? Será que a dureza de coração de um filho rebelde é capaz de neutralizar o imenso poder de Deus? Mas isso não é tudo, pois o Salmista continua mostrando a autoridade do SENHOR sobre todas as nações, que simplesmente são impotentes para anular os desígnios de Deus, cujas determinações duram para sempre. Que notícia maravilhosa para meus amigos sofredores. Se todas as nações estão sob o controle de Deus, é óbvio que sua filha não pode fugir da jurisdição do Rei do universo. Além disso, o Salmista ainda acrescenta outra verdade consoladora: “O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens...” Aquela jovem pode até pensar que nenhuma autoridade está olhando para ela, mas a verdade é que os olhos do SENHOR não se apartam dela. Que conforto nos traz a onipresença de Deus. E como se isso não bastasse, o verso 15 diz que Deus está no controle até do coração das pessoas. Ou seja, no momento que Lhe agradar, Deus pode mudar o coração de qualquer pessoa, transformando seus conceitos, mudando seus desejos e refazendo seus sonhos. Se isto é verdade, é claro que existe esperança.
Já fazem muitos anos, mas lembro como hoje. Eu estava vivendo um tempo de grande angústia. Um dia ouvi que meu antigo professor de teologia estava chegando na cidade e fui ao aeroporto para abraçá-lo. Ele sabia o que eu estava sofrendo. Nosso encontro foi muito breve, pois ele estava em trânsito. Acompanhei-o até o estacionamento, onde alguém o estava aguardando. Mais uma vez ele me abraçou, e se despediu com as seguintes palavras: ‘Se a crença na soberania de Deus não funcionar nessa situação, não serve para mais nada.’ Eu diria que essa foi a melhor aula de teologia propriamente dita que ele me deu. Por outro lado, eu nunca antes estivera tão pronto para receber instrução sobre o assunto. Eu saí ainda chorando por dentro, pois as circunstâncias não haviam mudado, mas a lembrança da soberania de Deus me deu paz para prosseguir. É exatamente isso que o Salmista está dizendo... ‘Nunca perca a esperança... Deus é soberano.
Quando, com a ajuda do Espírito de Deus, conseguimos tirar os olhos das provações e considerar a grandeza do poder e da justiça de Deus, nosso coração revive. Nesse momento, a luz brilha, a despeito das trevas que nos cercam; e começamos a sentir cheiro de vida, onde aparentemente reinava a morte. Podemos não ter felicidade, mas teremos alegria, pois passamos a esperar no SENHOR, que é o nosso auxílio e escudo. Aos poucos, deixamos de temer os perigos que podem nos sobrevir por causa do pecado dos homens, ou das estratégias de Satanás.  Logo, estaremos repetindo as palavras do Salmista: “Nele, o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome.” (Salmo 33.21)
 Muitas vezes, diante da grandeza da provação,  chegamos ao ponto de pensar que não existe mais esperança. Até que voltamos nosso olhos para o SENHOR e ouvimos as palavras de Cristo: “... Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.” (Marcos 10.27). O ditado popular diz que a esperança é a última que morre. Isso só é verdade se estivermos esperando em nós mesmos ou nos outros. Se esperarmos em Deus, nossa esperança jamais morrerá... Deus é eterno!


A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira




sexta-feira, 15 de abril de 2016

A MÃO DE DEUS E O IMPEACHMENT

Senhor, a tua mão está levantada, mas nem por isso a veem; porém verão o teu zelo pelo povo e se envergonharão; e o teu furor, por causa dos teus adversários, que os consuma.” (Isaías 26.11)

            Quer o impeachment se consume ou não, uma mensagem está sendo dado para os poderosos do Brasil e do mundo: “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?” (Lamentações de Jeremias 3.37). O abalo causado pela agitação do processo tem servido para colocar os arrogantes líderes do governo em seu devido lugar. De hoje até domingo, o senhor Luís Inácio Lula da Silva, por exemplo, recentemente autodenominado de ‘jararaca’, já não deve estar tão certo de que será atingido apenas na cauda. Mais e mais nos parece que a mão pesada da justiça avança em direção à cabeça do perigoso réptil.

            Ao ver a justiça alcançando cobras, lagartos e outros predadores já enjaulados, não posso deixar de relacionar tudo isso com a soberania, domínio e poder de Deus. A Bíblia mostra claramente que Deus realiza e revela Seus propósitos na história da nações. É o que vemos  no Êxodo, onde aprendemos que realmente “o homem não prevalece pela força.” (1Samuel 2.9). Por algum tempo, Deus deixou Faraó pensar que estava no controle da situação. Puro engano. O Rei da Nações, o Soberano dos Reis da Terra, o SENHOR  dos Exércitos, o Eu Sou, estava mantendo tudo sob controle, usando a própria arrogância do rei para cumprir os Seus propósitos. Ao longo da história, Faraó zomba do SENHOR e dos Seus servos, quebrando sua promessa de libertação sucessivamente. Mas ao anunciar a sétima praga, Deus explica por que Ele ainda está permitindo que Faraó tenha a impressão de controle: “Pois já eu poderia ter estendido a mão para te ferir a ti e o teu povo com pestilência, e terias sido cortado da terra; mas, deveras, para isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o meu nome anunciado em toda a terra.” (Êxodo 9.15,16).

            Mesmo correndo risco de ser taxado de ‘alarmista’ espiritual, tenho a plena convicção de que a agitação em Brasília está mobilizando as regiões celestiais. Os profetas do SENHOR, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e os outros, todos dirigiram mensagens às nações, indicando que os olhos do SENHOR estão sobre todos os povos. O levantamento e queda dos grandes impérios da história foram antecipados pela profecia. Tais profecias serviam para renovar as esperanças dos servos de Deus, ao tentarem mostrar que a mão de Deus não estava encolhida, mas continuava estendida, agindo sobre a terra. Sabemos que Deus muda Sua forma de agir e se expressar, e hoje não estamos mais recebendo profecias diretas sobre fatos contemporâneos, mas Deus é o mesmo, pois “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.” (Hebreus 13.8)
                                                                                                                                                     
Que os céus se agitam em momentos críticos da política humana, podemos comprovar por um evento ocorrido na vida do profeta Daniel, no terceiro ano do reinado de Ciro, imperador da Pérsia (Daniel 10). Daniel recebeu uma visão sobre um grande conflito, envolvendo os poderes políticos do mundo, especialmente no que dizia respeito ao povo judeu nos últimos dias. Sentindo a gravidade da revelação, Daniel passou três semanas humilhado aos pés do SENHOR, clamando por compreensão plena da mensagem, e intercedendo por seu povo. Ao fim desse período, Daniel recebe a visita do anjo do SENHOR, enviado para lhe trazer a resposta a suas orações. O Anjo lhe fez saber que há uma relação direta entre os destacados poderes políticos humanos e a ação dos anjos nas regiões celestes. Daniel ficou sabendo da existência do príncipe da Pérsia e da Grécia, seres espirituais do mal, que supervisionam esses respectivos territórios. No caso específico de Daniel, o Anjo que lhe apareceu demorou três semanas, por causa da batalha intensa que teve que travar nas regiões celestes, a fim de chegar até Daniel com a resposta a suas orações.

Como a Pérsia e a Grécia, nossa nação também não passa despercebida nas regiões celestes, pois tem grande importância na estratégia dos poderes espirituais que agem sobre os povos. O Brasil é uma nação incrível, um país singular, atraente, vibrante, rico e amado... um ‘gigante pela própria natureza.’ Desde o nosso descobrimento, e através da nossa incrível e desencontrada história, vemos a mão do SENHOR estendida sobre esse ‘país tropical, abençoado por Deus.’ A mistura maravilhosa de índio, branco e negro criou um povo ímpar: adaptável, flexível, alegre, hospitaleiro, inteligente, emotivo. Mas, enquanto vemos a mão de Deus agindo ao longo da história do Brasil, forjando-nos pela Sua graça para sermos o que somos, é também óbvio que o príncipe deste mundo (2 Cor. 4.4), o pai da mentira, pondo em ação sua nefastas forças espirituais do mal (Ef. 6.12), através de homens revestidos com a astúcia da Antiga Serpente (Apocalipse 12.9), têm lutado com todo empenho, para fazer do Brasil um covil de malignidade e oposição aos bons propósitos de Deus.

            Estudando a Bíblia, a história e os desmandos que hoje presenciamos, há muito tenho perguntado ao SENHOR como o Brasil iria sobreviver aos claros ataques do Inimigo. Há mais de uma década iniciou um projeto bem bolado de uma ‘ditadura branca’, que seria instaurada não pelas armas, mas pelo voto. Esse projeto vem sendo elaborado e maturado há décadas. Seu articuladores agiram com a sutileza, própria dos animais peçonhentos. Foram persistentes, determinados, calculistas. Por muito tempo, o brasileiro tinha medo desse projeto de domínio. Mas, no vácuo de liderança digna, a proposta populista foi sendo vendida à população, até que, segundo diziam, a ‘esperança venceu o medo.’ Instalaram-se no poder e foram aos poucos estendendo seus tentáculos sobre todos os poderes, com o fim de estabelecer a tão sonhada ditadura. Até que, por meios inesperados, o edifício começou a ruir, chegando ao ponto do governo enfrentar um processo de impeachment.             

            Enquanto consideramos o cenário político, surge a persistente pergunta: E se a presidenta Dilma for retirada, o Brasil se livra do mal? Claro que não. Não serei ingênuo de achar que o impeachment vai resolver os problemas do Brasil, mesmo porque o seu substituto já é, em si mesmo, um problema. Mas uma coisa não anula a outra. Se existe base legal para a consumação do processo, a presidenta deve ser responsabilizada, independente de quem esteja na sucessão. A justiça deve ser feita, mesmo que favoreça uma pessoa indigna. A seu tempo, a justiça também lhe alcançará.

            Não vibro, nem faço campanha pelo impeachment. Mas me alegro demais à medida que vejo a mão de Deus se movendo em nossa direção, renovando a esperança de que não seremos engolidos pelo mal, quando parecia que nada mais se podia fazer. Os eventos do últimos dias nos deixam certos de que ainda não fomos abandonados pelo Rei dos Reis, pois mesmo que numa dose limitada, a justiça ainda funciona.

            Quando o profeta Jonas se ressentiu com a misericórdia de Deus sobre a cidade de Nínive, o Senhor respondeu ao profeta amargurado: “...não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jonas 4.11)
Se o SENHOR pensou em 120 mil ninivitas, como Ele deixaria perecer essa nação com mais de 200 milhões, que através dos séculos vem sendo preparada para ser uma bênção em toda terra? O SENHOR não vai nos abandonar.
 
            Deus te abençoe, meu Brasil. Conte com as minhas orações, meu amor e minha incessante luta, para que sejas livre pelo verdade do Evangelho e leves essa liberdade para todas as nações.

            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira
           

           


sexta-feira, 8 de abril de 2016

A TRISTE IGNORÂNCIA DA SABEDORIA HUMANA

É tristemente engraçado ver um descrente falando das suas crenças. Sem saber como se posicionar diante da Verdade eterna, o incrédulo julga-se superior e livre, porque decidiu crer na descrença. Tal postura cabe bem nas palavras do apóstolo Paulo, quando discorria sobre os falsos mestres:  pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações” (1 Timóteo 1.7).

            Há pouco, me deparei com um texto escrito por um professor agnóstico, dos Estados Unidos. Fui atraído imediatamente pelo título curioso: Deus é uma pergunta, não uma resposta. O propósito do autor é mostrar a fraude de todas as certezas e crenças, especialmente a dos que se dizem certos de que Deus existe.  Quem tem tal certeza, diz o professor, está revelando um espírito presunçoso, irredutível e arrogante. Afinal, se Deus existe e é um Deus de amor, como dizem os cristãos, Ele jamais irá exigir certeza acerca de Si mesmo. Isso seria uma exigência impossível, pois não podemos jamais chegar ao pleno conhecimento da realidade, nem sobre Deus, nem sobre qualquer outro possível fato. Esse é o fundamento agnóstico: ninguém pode ter certeza, pois para estar certo, o homem precisa se apropriar de verdades absolutas, supostamente alcançadas pelo conhecimento. Mas visto que o conhecimento autêntico é inalcançável, a porta da certeza permanecerá sempre fechada à humanidade.

            Lendo o dito professor de filosofia, não tive como não me lembrar das palavras do apóstolo Paulo: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo...” (Colossenses 2.8). O termo enredar, usado no Novo Testamento somente nessa passagem, vem de um vocábulo grego que significa ‘levar cativo, ou tomar como presa’. E devo confessar que precisei ler várias vezes e considerar atentamente as entrelinhas do texto, a fim de não ser eu mesmo levado cativo pelo jogo interessante do raciocínio filosófico. E olhem que eu já sou um ‘velho’ às portas de completar meio século de vida (... é o novo??), com vinte e cinco anos de intenso estudo e ensino da Palavra, tendo lido toda a Bíblia pelo menos 40 vezes; sem contar que, mesmo antes de assumir o pastorado, já me ocupava no estudo e transmissão da Bíblia. Enquanto lutava com o texto, pude sentir, uma vez mais, a força da sedução intelectual envolvida na isca de um raciocínio bem elaborado. Uma vez mais ficou claro quão escorregadio é o caminho da ‘sabedoria’ humana, pavimentado pelas chamadas ‘contradições do saber’(1 Timóteo 6.20).  O raciocínio humano seduz pelo que diz, e aprisiona pelo que não diz. A conclusão? Todos podemos ser enredados. A sanidade mental de qualquer pessoa depende da graça de Deus, que, por meio da iluminação Seu Espírito, faz raiar a luz da Revelação nas trevas da nossa alma.
 
            Uma vez livres da armadilha, aos poucos, podemos perceber o raciocínio falacioso do agnosticismo. A conversação poderia ir na seguinte direção: “Então, senhor agnóstico, é impossível ter certeza de qualquer coisa? O senhor pode me explicar como tem certeza disso...? O senhor está me dizendo, com certeza, que não se pode ter certeza?”.  Nesse ponto, revela-se o problema da inconsistência no raciocínio. Na verdade, quando as ideias não batem com a realidade, o raciocínio gira em círculo; e o pensador, com todo respeito, se assemelha ao cachorro tentando pegar o próprio rabo. Dizendo de outro modo: O agnosticismo, para ser verdadeiro, tem que negar a si mesmo, pois terá que defender a certeza da incerteza. Novamente isso nos leva a Paulo, que diz: “...se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.13). Deus não nega a Si mesmo, porque Ele é real.

            Para ser bem claro quanto ao pensamento do professor, ele não tem coragem de negar diretamente a existência de Deus, mas declara que, se Deus existe, é impossível conhecê-lo. Por isso, ‘Deus é uma questão, não uma resposta’, como está no título do texto. Tendo tal crença, o autor não mede palavras para mostrar sua apreciação e reverência pelo “deus dúvida”. Sem cerimônia, o autor se curva perante a incerteza e presta tributo à dinâmica da busca eterna, que não espera chegar a lugar nenhum. Em suas próprias palavras, a dúvida é permanente, as respostas são temporárias’. E para mostrar que está em boa companhia, o professor cita Herman Melville, de quem foi dito: “Ele nem consegue crer, nem fica confortável com sua descrença, sendo suficientemente honesto e corajoso para não tentar fazer nem uma coisa nem outra”. Pode até ser honesto, mas é desesperador. Admiro a honestidade para assumir sua dificuldade de crer, mas reprovo a resignação humanista que faz o incrédulo deixar por isso mesmo.

            Já que estamos falando de sabedoria e conhecimento, que tal chamar Salomão para participar do debate? Além de ser conhecido como o homem mais sábio da história humana, Salomão também tentou vencer as incertezas existenciais, usando sua própria capacidade investigativa. O livro de Eclesiastes é o testemunho dessa busca. O famoso rei de Israel decidiu se lançar à aventura de desvendar a teoria do todo, querendo encontrar razão e sentido que pudessem abranger a realidade em suas múltiplas facetas. Na sua busca filosófica, Salomão estava pronto a lançar mão de qualquer possiblidade, desde que Deus ficasse fora da equação. E assim o fez, somente para fechar sua pesquisa com a triste constatação: “Banalidade de banalidade... tudo é vazio”. Em Eclesiastes, Salomão é um homem que despreza as certezas reveladas, pois deseja estabelecer a sua verdade. Ele não quer ser um ‘tolo’, para aceitar as certezas divinas. Ele se julga sábio demais para depender de Deus.

            Salomão não chega a lugar nenhum, à parte de Deus, mas o registro da sua angústia é instrutivo. Por exemplo, ele afirma que o espírito curioso do homem é dado por Deus, para que o homem reconheça sua limitação e volte-se para o Criador. Em 1:13, Salomão diz que Deus coloca sobre o homem o enfadonho trabalho de esquadrinhar a realidade, apenas para descobrir que Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular” (Eclesiastes 1.15). Dessa maneira, cansado de correr sem chegar a lugar nenhum, o homem sensato se humilha e diz: “Tudo bem, SENHOR. Eu me rendo. Estou pronto para seguir o Seu caminho, pois o meu não deu em nada... gastei meus esforços correndo atrás do vento”.

            Se os ‘fortes’ deste mundo querem continuar se deleitando na ‘doçura da dúvida’, que o façam. Eu não tenho essa força, nem quero ter. Da minha parte, está resolvido: para todos os dilemas, perplexidades e anseios existenciais, Deus é resposta. Se isso não satisfizer os inteligentes deste mundo, só tenho uma outra alternativa: Deus de novo!!

            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.