GREVE DOS CAMINHONEIROS:
O BRASIL NO ACOSTAMENTO
“A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos. ” (Provérbios 14.34)
Nos últimos dias, a greve dos caminhoneiros revelou que é muito mais fácil parar uma nação do que se pensa. Basta cortar um dos fios importantes que compõe a teia da dinâmica social e o mundo entra em colapso. Já sabemos bem o que significa, por exemplo, a interrupção ou apenas a ameaça da falta de água ou de energia elétrica. Recentemente, problema numas linhas de transmissão deixaram várias cidades às cegas, em tenebrosa escuridão. Agora, foi a vez dos caminhoneiros mostrarem sua força. O movimento dos profissionais da estrada revelou que o Brasil é um país fora dos trilhos, que, com muito esforço, segue viagem, mas, sem "saber para onde, nem quando vai chegar”, como diria a velha canção.
A greve dos caminhoneiros não apenas atinge, mas também revela o coração do Brasil. O colapso do país representado pelos milhares de caminhões parados mostra que a carga é pesada, e os nossos dirigentes não sabem dar partida no motor. Nessas horas, especialmente em um ano de eleição, vem à tona a terrível crise política, que faz o Brasil andar com o freio de mão puxado. Em Provérbios 11:14, a Bíblia diz que… "Não havendo sábia direção, cai o povo. ” O desabastecimento é resultante do movimento dos caminhoneiros, mas a queda da nação tem explicação mais profunda.
Antes de qualquer outro fato, a crise dos transportes mostra a paralisação moral que nos impede de avançar pelas estradas do progresso. Vindo de diferentes fontes, ouve-se, por exemplo, que a greve não é dos empregados, mas dos patrões. Segundo alguns analistas, estamos experimentando um chamado locaute, isto é, um tipo de movimento grevista às avessas, quando o patrão faz o empregado se manifestar em prol da pauta do patronato. Conforme tem sido afirmado, as reivindicações dos grevistas, se alcançadas, não trarão grandes benefício aos que labutam nas estradas, mas serão ganhos para os que controlam as estradas sem pegar no volante. Se for este o caso, estamos todos sendo enganados. Não estão nos contando toda verdade.
Por outro lado, os nossos governantes, acuados de todos os lados, estão se movimentando para fazer o Brasil seguir viagem. As promessas são de redução de impostos, que desoneraria o preço dos combustíveis. Na superfície, a coisa fica com cara de que o governo, reconhecendo o exagero da excessiva carga tributária, estaria entendendo que “O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” (Provérbios 29.4). Baixa-se os encargos, os tanques são cheios com menos dinheiro, os motores voltam a roncar e todos “vivem felizes para sempre! ” É assim nos contos de fadas, mas na história real sabemos que nossos governantes têm uma paixão incurável por impostos. Então, muda a dor, mas o gemido é o mesmo. Retira-se o imposto que se vê, mantendo-se o que não é tão perceptível. Continuaremos pagando, mas o valor não será computado pela bomba de combustível. Novamente, parece que não estão nos contando toda verdade.
O que nos resta? As notícias que nos chegam por meio dos órgãos de comunicação social. Por meio de imagens, matérias escritas e comentários pertinentes, podemos perceber as entrelinhas da greve e as manobras do governo. Porém, aqui, novamente enfrentamos um bloqueio: as estradas da verdade ficam engarrafadas, e o interesse dos donos da imprensa filtram os fatos que tem licença para furar o bloqueio. Tudo isso porque estamos em tempos de convulsões sócio-políticas, às portas de uma eleição presidencial. Nem todos que deveriam ser presos estão na cadeia e os que estão, continuam articulando para que seu tempo de prisão seja o mais breve possível. Assim, estamos ouvindo os noticiários, mas, uma pergunta persistente ecoa em nossos ouvidos... Será que estão nos contando toda verdade?
Ou seja: a justiça que exalta as nações continua distante do Brasil. Por aqui, as coisas são invertidas: o não pode ser sim; o sim pode ser não. No país da corrupção, nem o significado das palavras resiste à força do engano. Infelizmente, somos uma nação estagnada moralmente e, quando começamos a vencer a inércia, seguimos pela contramão. Nosso verdadeiro problema é que a moralidade e verdade seguem comendo poeira. Enquanto isso, o Brasil, nosso amado Brasil, continua parado no acostamento.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.