“De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te
abandonarei”
(Hb. 13:5)
Quando recebemos um novo ano sempre
há aquela sensação de que somos sobreviventes de uma batalha. Às vezes pouco
ameaçadora, outras vezes desesperadoras, mas sempre uma batalha.
Enquanto escrevo este artigo, espero
no aeroporto de Los Angeles por vencer a última grande batalha em termos de uma
longa viagem. Dentre os desafios do ano, certamente um dos mais simples.
Atar as duas pontas desse ano não é
difícil, já que parece que fomos do início ao fim num piscar. Ao mesmo tempo,
com tudo que vivemos, parece que uma eternidade se passou nesse pequeno lapso
de tempo. As lutas que agora são
vencidas em certos pontos do ano eram gigantes a nossa frente, que foram
vencidos, mas em batalhas ferrenhas que deixaram suas marcas e suas lições para
o resto da vida. Para nossa família, a batalha de tentar sobreviver em outro
país, agravada pela saudade dos amados que deixamos nos parecia invencível.
Tudo era diferente. As coisas mais simples e, digamos automática, pareciam
desafiadoras. Lembro a primeira tentativa de abastecer o carro (sem o luxo do
frentista que faz os serviço para nós no Brasil). Não observei a posição do
tanque, e parei do lado errado. Depois de alguns minutos tentando entender o
auto-pagamento, descobri que a bomba não alcançaria o tanque do carro, e a fila
atrás de mim já era considerável, assim como era a admiração dos outros
motoristas com a minha dificuldade, os quais já se mostravam pouco satisfeitos
com minha demora. Depois de muito malabarismo, com ajuda do caixa, escapei da
confusão... Entrei no carro com um pensamento: sobrevivi!
Sem dar atenção à sabedoria dos antigos, resolvi desafiar o provérbio
popular que diz: “papagaio velho não
aprende a falar”. Pensei... “como não
sou papagaio e estou na flor da idade, acho que dá”. Deu, mas... Entender a outra língua e
expressar o que queria (mesmo com ajuda da velha mímica, muitas vezes) foi
razoável. Mas havia outro detalhe... escrever em nível acadêmico, conforme as
justas exigências do curso. Cada matéria era apresentada com páginas e páginas que
deveriam ser escritas. Mais de uma vez senti vontade de desistir, pois o
desafio parecia muito além da minha capacidade... e era de fato (muitas vezes
me veio à mente a história do ‘papagaio velho’). Mas quando já estava me dando
por vencido, um professor lembrou na aula: “Deus nunca nos dá mais que podemos,
pois Ele nos dá graça e poder para cumprir Sua vontade”. E assim foi. O Deus
fiel não me deixou no meio do caminho, e foi glorificado na minha fraqueza.
Aos poucos, à medida que o ano
corria, ficava cada vez mais claro que uma vez mais o Senhor nos faria mais que
vencedor. Em cada ansiedade, em cada cuidado, em cada notícia triste, em cada
abatimento do coração, mais forte eu podia ouvir a voz do Senhor: “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso”.
Dizer que foi um ano fácil seria uma
exagerada simplificação. Mas dizer que chegamos ao final como perdedores seria
uma terrível ingratidão. Lutamos e vencemos... Deus nos deu a vitória. Saiu
tudo com queríamos? Certamente não, e nem poderia. Esse é um mundo caído em
pecado, que se torna ainda mais complicado pelo nosso próprio pecado. Não
adianta nutrir a ilusão de que neste mundo as coisas serão tão boas como
poderiam ser. Mas, ao final de tudo, o balanço é mais do positivo, pois Deus
nos sustentou e nos guardou por caminhos que somente a Sua providência poderia
explicar.
Sobrevivemos 2013 e sobreviveremos
2104, pois Deus é conosco e promete nunca nos deixar. Que venha o novo ano, e
que a glória do Senhor se manifeste me nós mais uma vez.
A Serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.