“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?”
(Sl 139.7)
Como
abismo profundo, assim é alma do homem. Rastrear suas veredas seria inútil,
pois, como popular e acertadamente se diz, “coração
é terra que ninguém anda”.
Por
isso, poucas coisas neste mundo são mais secretas do que o pecado deliberado,
visto que sua construção se dá nas partes mais obscuras do nosso ser. A
iniciativa parte da mente, os propósitos se firmam na alma e os planos se
desenham nas tábuas do coração. Assim, não há meios pelos quais podemos
rastrear as sendas do pecado oculto, mas os olhos do Senhor o conhecem muito
bem.
O
versículo acima, escrito por Davi, pode muito bem refletir sua experiência
quando do pecado de adultério com Bate-Seba. Após a instalação da cobiça no
coração do rei, a efetivação do ato foi uma natural consequência. A partir daí,
Davi calculou bem cada passo a fim de manter o pecado em secreto. Por isso,
quando soube que a mulher ‘casualmente’ tinha ficado grávida, Davi tramou um
plano astucioso e aparentemente infalível. Primeiro, tentou ocultar o pecado
oferecendo a Urias, o legítimo esposo de Bate-Seba, a oportunidade encontrar-se
intimamente com sua mulher. Urias e os demais soldados de Davi estavam em guerra.
Por isso, Urias recusou a oferta, pois lhe parecia como deserção do combate.
Não podendo livrar-se da integridade de Urias, e vendo que logo o pecado seria
descoberto e publicado, Davi deu um passo além, cometendo mais um pecado
oculto: elaborou um plano para que Urias fosse morto em combate. E assim se
fez, ficando Davi com a triste marca de ter cometido um dos atos de maior
covardia de toda história humana.
Salomão,
filho de Davi, escreveu: “Como águas
profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência
sabe descobri-los” (Pv 20.5). Se um homem inteligente pode discernir o que
há oculto no coração, o que dizer do Senhor, cujos olhos observam todas as
nossas veredas? (Pv 5.21). Dominado pela cegueira da paixão pecaminosa, Davi
tornou-se irracional. Agindo como se Deus não existisse. Mas sua cegueira não
muda a realidade. Deus continuava existindo e seguindo de perto os seus passos.
Com a
morte de Urias, Davi experimentou certo alívio. O medo da revelação do pecado
deixou de existir. Urias fora morto “pelos inimigos” e o rei seria elogiado
pelo seu ato beneficente “de cuidar da viúva”. Quando a criança nascesse não
teria problema. Agora Bate-Seba era reconhecida com uma das mulheres de Davi,
que tivera a “sorte” de ficar grávida logo no primeiro encontro. Tudo tinha
saído como Davi planejara, exceto por um detalhe... “porém, isso que Davi fizera foi mal aos olhos do Senhor” (2Sm
11.27).
Essa
história nos traz uma grande lição: O prazer do pecado oculto se desfaz diante
dos olhos santos do Senhor. Não há lugar secreto que nos oculte dos olhos de
Deus. E no Salmo 139 Davi sabe disso muito bem, pois afirma que Deus de longe
penetra os nossos pensamentos e conhece até a palavra que ainda não nos chegou
à língua.
Se em
algum momento a paixão do pecado lhe seduzir por meio da falsa sensação do
total ocultamento, lembre-se de “todas as
coisas estão patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb
4.13).
A
serviço do Metre,
Pr.
Jenuan Lira
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