Papel e tinta tem poder. A fala passa, mas a escrita
tende a se perpetuar através dos séculos. Seus efeitos, bons ou maus
continuarão, às vezes até contra a vontade do escritor, porque a escrita
resiste ao tempo.
Dois homens são bons exemplos que
provam efeito da palavra escrita: O ex-presidente Fernando Henrique e o
governador romano Pilatos. Ambos passaram pela experiência de ter que responder
pelo que tinham escrito.
As coisas não iam bem em Brasília (e
isso não é novidade!) e o presidente estava tomando posições que muitos
reprovavam. Sabendo do seu passado como
intelectual respeitado dentro e fora do Brasil, e notando que havia uma
incongruência entre discurso e prática, um repórter fez a pergunta desconcertante:
- Presidente, como essa sua atual posição
combina com o que o senhor escreveu nos
seus livros?
A resposta não podia ser mais inesperada...
- Esqueçam o que escrevi! Disse o ex-presidente.
E quanto a Pilatos? Ele foi
questionado por ter afixado sobre a cruz de Cristo quatro palavras: Jesus
Nazareno Rei dos Judeus. Ele não escreveu um livro, mas essas poucas palavras estavam
carregadas de sentido, tanto pelo que dizem quanto pelo que dão a entender. Os
judeus entendiam o poder da escrita. Por isso os chefes do sinédrio, se
sentindo ofendidos, pediram que Pilatos fizesse uma modificação na inscrição, a
fim de deixar claro que o crucificado não era o rei dos judeus, apenas se
chamava assim. Diferente do nosso ex-presidente, Pilatos respondeu: O que
escrevi, escrevi. Em outras palavras: está escrito e continuará escrito.
Qual dos dois homens agiu
corretamente? A quem você seguiria com um bom exemplo se por acaso passasse por
semelhante situação?
Sem
entrar no mérito dos motivos do governante de Brasília, acho que sua resposta
nos dá uma boa lição: pense antes de falar, e principalmente antes de escrever.
Não se omita de tomar uma posição, mas pondere diante de Deus se as suas
palavras resistirão à prova dos fatos. Muitas vezes precisamos retroceder
naquilo que pensamos, falamos ou escrevemos. A situação muda, outros fatos se
esclarecem e chegamos à conclusão de que nossas palavras foram precipitadas e
enganosas. Nestes casos, o melhor que podemos fazer é reconhecer o erro. Se
terminamos ferindo alguém ou causando escândalo, devemos fazer o caminho
inverso. Mas não basta pedir que a pessoa ofendida esqueça nosso erro. Isso
pode ser que nunca vai acontecer. No entanto, podemos pedir que nos perdoe
pelas palavras e atitudes desagradáveis.
Pilatos
não admitiu ser questionado na sua escrita. Ele estava sendo irônico e
aproveitou a situação para fazer deboche tanto com o Senhor Jesus, quanto com o
povo judeu. Nas suas poucas palavras ele estava dizendo: “Olhem só quem é o rei
dos judeus. Vocês são uma raça inferior, pois que povo na história teve seu
‘rei’ crucificado entre dois ladrões?” Assim, com o coração dominado pelo
orgulho, querendo mostrar que ele era homem de uma só palavra (nesse caso, leia-se
‘soberbo’) respondeu ‘o que escrevi, escrevi’.
Você
é capaz de retroceder nas suas palavras quando fica provada sua incoerência?
Todos nós somos incoerentes em certos momentos da vida. Devido ao nosso coração
enganoso, desequilibrado pelo pecado que habita em nós, podemos pensar o que
não devíamos e expressar o que não é recomendável. Somente Deus pode dizer :
“Minha palavra nunca voltará vazia”. Quanto a nós, inúmeras vezes precisamos
repensar nossas idéias e corrigir nossas expressões. E quando nos questionarem
sobre a mudança podemos dizer: “Não considere o que eu disse. Eu estava errado
e nunca deveria ter falado aquilo. Se puder, esqueça o que escrevi”.
Entre
Fernando Henrique e Pilatos dois caminhos opostos se apresentam. Mas nesse
caso, por incrível que pareça, é melhor seguir para Brasília do que para
Jerusalém. Acha que estou equivocado? Pense um pouco, ore a respeito e leia de
novo o texto. Tenho certeza que você chegar à conclusão de que “o que escrevi,
escrevi”.
A
serviço do Mestre,
Pr.
Jenuan Lira.
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