CORDEIRO MORTO, LEÃO VENCEDOR
“Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o
Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete
selos.” (Apocalipse 5.5)
Às vezes dá vontade de defender o nosso Deus. Quando
vemos Seu nome profanado, Sua Palavra menosprezada publicamente, ficamos a
ponto de “pegar em armas.” O zelo não
é de todo ruim, mas deve ser contido, pois nesse caso, agindo na nossa força
estaríamos assemelhando o nosso Deus, o Rei do Universo, aos falsos deuses.
Falo assim, pensando num episódio no livro de Juízes,
ocorrido quando da vocação de Gideão. Obedecendo uma ordem do SENHOR, Gideão derrubou o
altar de Baal e cortou o ídolo que nele havia. Quando notaram a profanação do
altar, os moradores foram a Joás, pai de Gideão, exigindo sua morte por ter
desonrado Baal. Com coragem e sabedoria, Joás respondeu: “Se Baal é deus, que por si mesmo contenda; pois derribaram o seu
altar...” (Juízes 6.32). Certíssimo!!! Um ser com poder divino deve ser
capaz de tomar conta da Sua reputação. Do contrário, não deveria receber
adoração. Por que os muçulmanos saem explodindo bombas contra os ‘hereges’?
Porque Alá não é o SENHOR dos Exércitos, o Deus Trino das Sagradas Escrituras.
É importante lembrar da suficiência do nosso Deus, para
não cairmos no erro dos contemporâneos de Gideão. Penso que a provocação da fé
cristã, como aconteceu na recente parada gay, e deverá aumentar nos próximos
dias, é uma arma de Satanás para nos fazer igualar o nosso Deus aos ídolos.
Sejamos cautelosos para não morder a isca da Serpente. Os protestos irados e as
notas oficiais de repúdio como os da CNNB podem fazer mais mal do que bem.
Com isso não estou pronto a assumir a posição de omissão,
ou me declarar indiferente à profanação como fez o respeitado escritor Augustus
Nicodemus. Com todo respeito por esse grande teólogo, não fecho com sua posição,
pois um transexual numa cruz me causa repulsa e me ofende. Não tenho devoção pela
cruz como um objeto sagrado, mas me calo com reverência diante da mensagem da
cruz, e não consigo separar perfeitamente os dois. A cena imoral e ofensiva foi
uma agressão ao santo Evangelho. Portanto, me ofendi, sim. Não pela cruz em si,
mas por entender que ali estava uma zombaria do Cordeiro que foi morto pelos nossos
pecados.
Entretanto, mesmo ofendido, preferi conter os ânimos.
Primeiro, porque minha reação poderia gerar mais visibilidade ao episódio
imundo, e isso era tudo que eu não queria. Segundo, por lembrar que o Cordeiro
que foi sacrificado também é o Leão vencedor. Quem sou eu para vindicá-lo? Eu
não o defendo, Ele é o meu Defensor. O que posso fazer é cumprir o meu papel de
anunciá-lO por meio da exposição fiel da Sua Palavra, que é a Espada do
Espírito. Assim, à medida que O conheço e O faço conhecido, Sua glória se
manifesta e as trevas se dissipam de muitos corações. Cativos são libertos do
poder do Valente, enquanto as portas do inferno são arrombadas pelo poder e
autoridade concedidas a Sua Igreja.
A questão, portanto, não é capitular diante das provocações
do mal, nem fazer de conta que não é conosco. O que precisamos é lutar com as
armas certas. As palavras do apóstolo Paulo nos animam: “Porque as armas da
nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir
fortalezas, anulando nós sofismas
e
toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo pensamento à obediência de Cristo...”
(2Coríntios 10.5).
Diante da força dos ataques, não seria pouco combater com
a pregação? Seria, se não fossem aquelas intrigantes e maravilhosas parábolas do
Reino... “Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que
uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo
levedado.” (Mateus 13.33).
Se nos voltarmos para Apocalipse, a luz da suficiência de
Cristo brilha com maior intensidade. Na sua visita ao céu, João viu quando o
Cordeiro tomou o livro das mãos dAquele que estava sentado no trono (5.7). Esse
é um momento singular no último livro da Bíblia. O Pai entrega ao Filho a
autoridade para julgar o mundo. Então, o Cordeiro, que também é o Leão da tribo
de Judá, começa a abrir o livro da ira de Deus. O cálice está transbordando, o
Cordeiro de Deus vai “tirar o pecado do
mundo”, não mais derramando Seu
sangue, mas derramando juízo. E todos saberão que Ele é o SENHOR.
Por enquanto, “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo
ainda sendo imundo...” (Apocalipse 22.11a).
Dentro em breve a monotonia da perversidade será interrompida. O Leão se
inflamará na Sua ira e “muitos perecerão pelo caminho” (Salmo 2.12)
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira