CORRUPÇÃO NO COMBATE À CORRUPÇÃO
“Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade,
raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do
Santo de Israel, voltaram para trás.” (Is 1.4)
Não tenho tempo, nem estômago
para acompanhar as notícias da política e dos políticos brasileiros. No
entanto, não há como ficar alheio às últimas novidades e possibilidades, após
as revelações bombásticas envolvendo o presidente Michel Temer e outras
conhecidas figuras públicas.
Sou
totalmente a favor de que se investigue o presidente, bem como o resto da ‘turma’.
Até onde for possível, justiça seja feita! Mas, ao mesmo tempo em que me alegro
ao ouvir que Brasília está sendo abalada, com o soprar da brisa de justiça divina, entristeço-me com as
cenas dos bastidores. É realmente lamentável notar a sagacidade maligna do coração
humano e a esperteza dos aproveitadores tirando proveito das brechas da lei, a
fim de se livrarem, legalmente, das penalidades que deveriam sofrer. Refiro-me
aos empresários Joesley e Wesley Batista, que merecem o prêmio máximo da
malandragem. Os dois não somente terão suas penas aliviadas, pelo recurso da
delação premiada, mas também sairão ovacionados como cidadãos corajosos e
honrados, pelo fato de terem entregado alguns dos seus parceiro de delinqüências.
Os donos da JBS calcularam cada bem
cada ação. Sabedores de que as denúncias iriam abalar o mercado financeiro,
causando alta na moeda americana, tomaram a providência de comprar uma elevada
quantia de dólares. A lógica é perfeita: com os lucros da operação financeira,
pagariam a multa imposta pela justiça, restando-lhes ainda, de quebra, alguns ‘trocados.’
Com o prêmio da delação se livram da cadeia e ficam ‘presos' nas suas belas
casas, administrando e multiplicando seus milhões.
Os episódios recentes estão
cheios de lições. Certamente, desdobramentos surpreendentes e comprometedores
ainda virão à tona. Novas descobertas poderão ainda, usando as palavras dos
profetas bíblicos, nos fazer ‘tinir ambos os ouvidos’. Mas, independente do que
venha a ocorrer, nada é mais desencorajados do que saber que, a esperteza
maligna do coração humano torna impossível que a justiça seja feita. Os
corruptos que forem mais ágeis podem escapar da prisão, desde que sejam 'rápidos
no gatilho’. Devemos reconhecer e agradecer o esforço de alguns magistrados,
que tentam, podo em risco a própria vida,
aplicar a lei. Mas, precisamos admitir que, no quesito justiça, o Brasil
e o mundo são causa perdida.
Em meio a tão desanimador cenário,
uma vez mais fica claro que nossa esperança não pode estar fundamentada na
justiça humana. O expediente legal da delação premiada, utilizada à exaustão
nos últimos dias, revela que nossa condição é tão desesperadora que, até para
se conseguir fazer justiça, os
magistrados precisam lançar mão de um pouco de injustiça. Não optam pelo que
seja bom, mas pelo mal menor. Tudo bem que seja um ‘mal menor’, mas,
maior ou menor, não deixa de ser mal.
Vendo o Brasil, esse ‘gigante pela própria natureza’,
agonizando sob o peso da corrupção, somos forçados a repetir as palavras do
salmista: “Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem.” (Salmo 60.11). Essa certeza nos
livra da falsa expectativa de que, no agitado cenário político nacional, depois
da tempestade vem a bonança. Tal utopia apenas pavimenta o caminho para outros ‘salvadores
da pátria’, com discurso melodramáticos, anunciando que, finalmente, a ‘esperança
venceu o medo’. Já vimos esse filme e, hoje, estamos sem esperança e vencidos
pelo medo.
Lamento informar, mas o que está por vir no cenário
político nacional e internacional não é melhor. Só para confirmar esse sombrio
prognóstico, no caso do impedimento ou renúncia do nosso presidente, uma
pergunta necessária, mas difícil seria: Quem será o substituto? Não duvido que a ação do judiciário, somada às
manifestações populares, poderá nos trazer algum alívio. O problema é que não é
‘algum alívio’ que vai resolver nosso tirar do precipício. Para sairmos do
caos, precisaríamos de um líder competente, equilibrado e justo. Um governante
com força e habilidade para fazer justiça, sem precisar lançar mão da injustiça. Um que jamais iria ser tentando pelas
vantagens da corrupção, mas puniria, imediata e exemplarmente, ‘com vara de
ferro’, todos os corruptores. Um Rei perfeito, de domínio universal, capaz de
trazer a verdadeira paz para o mundo, um que, com absoluto conhecimento do coração
humano, pudesse manter completo controle no seu reino, de modo que, como
resultado do Seu governo, o conhecimento de Deus enchesse toda terra, assim
como as águas cobrem o mar. Algum candidato?
Quem só espera no vão socorro
do homem, tem toda razão de entrar em desespero. Quem espera em Deus, tem toda
razão para olhar além do momento presente, renovar suas forças e, com o coração
cheio de expectativa, repetir as palavras do apóstolo João: "Maranata!
Vem, Senhor Jesus!” Eis nossa única esperança.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.