quarta-feira, 24 de maio de 2017

CORRUPÇÃO NO COMBATE À CORRUPÇÃO

            Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.” (Is 1.4)

            Não tenho tempo, nem estômago para acompanhar as notícias da política e dos políticos brasileiros. No entanto, não há como ficar alheio às últimas novidades e possibilidades, após as revelações bombásticas envolvendo o presidente Michel Temer e outras conhecidas figuras públicas.

            Sou totalmente a favor de que se investigue o presidente, bem como o resto da ‘turma’. Até onde for possível, justiça seja feita! Mas, ao mesmo tempo em que me alegro ao ouvir que Brasília está sendo abalada, com o soprar da  brisa de justiça divina, entristeço-me com as cenas dos bastidores. É realmente lamentável notar a sagacidade maligna do coração humano e a esperteza dos aproveitadores tirando proveito das brechas da lei, a fim de se livrarem, legalmente, das penalidades que deveriam sofrer. Refiro-me aos empresários Joesley e Wesley Batista, que merecem o prêmio máximo da malandragem. Os dois não somente terão suas penas aliviadas, pelo recurso da delação premiada, mas também sairão ovacionados como cidadãos corajosos e honrados, pelo fato de terem entregado alguns dos seus parceiro de delinqüências.

            Os donos da JBS calcularam cada bem cada ação. Sabedores de que as denúncias iriam abalar o mercado financeiro, causando alta na moeda americana, tomaram a providência de comprar uma elevada quantia de dólares. A lógica é perfeita: com os lucros da operação financeira, pagariam a multa imposta pela justiça, restando-lhes ainda, de quebra, alguns ‘trocados.’ Com o prêmio da delação se livram da cadeia e ficam ‘presos' nas suas belas casas, administrando e multiplicando seus milhões.

            Os episódios recentes estão cheios de lições. Certamente, desdobramentos surpreendentes e comprometedores ainda virão à tona. Novas descobertas poderão ainda, usando as palavras dos profetas bíblicos, nos fazer ‘tinir ambos os ouvidos’. Mas, independente do que venha a ocorrer, nada é mais desencorajados do que saber que, a esperteza maligna do coração humano torna impossível que a justiça seja feita. Os corruptos que forem mais ágeis podem escapar da prisão, desde que sejam 'rápidos no gatilho’. Devemos reconhecer e agradecer o esforço de alguns magistrados, que tentam, podo em risco a própria vida,  aplicar a lei. Mas, precisamos admitir que, no quesito justiça, o Brasil e o mundo são causa perdida.

            Em meio a tão desanimador cenário, uma vez mais fica claro que nossa esperança não pode estar fundamentada na justiça humana. O expediente legal da delação premiada, utilizada à exaustão nos últimos dias, revela que nossa condição é tão desesperadora que, até para se conseguir fazer  justiça, os magistrados precisam lançar mão de um pouco de injustiça. Não optam pelo que seja bom, mas pelo mal menor. Tudo bem que seja um ‘mal menor’, mas, maior ou menor, não deixa de ser mal.

            Vendo o Brasil, esse ‘gigante pela própria natureza’, agonizando sob o peso da corrupção, somos forçados a repetir as palavras do salmista: Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem.” (Salmo 60.11). Essa certeza nos livra da falsa expectativa de que, no agitado cenário político nacional, depois da tempestade vem a bonança. Tal utopia apenas pavimenta o caminho para outros ‘salvadores da pátria’, com discurso melodramáticos, anunciando que, finalmente, a ‘esperança venceu o medo’. Já vimos esse filme e, hoje, estamos sem esperança e vencidos pelo medo.

             Lamento informar, mas o que está por vir no cenário político nacional e internacional não é melhor. Só para confirmar esse sombrio prognóstico, no caso do impedimento ou renúncia do nosso presidente, uma pergunta necessária, mas difícil seria: Quem será o substituto?  Não duvido que a ação do judiciário, somada às manifestações populares, poderá nos trazer algum alívio. O problema é que não é ‘algum alívio’ que vai resolver nosso tirar do precipício. Para sairmos do caos, precisaríamos de um líder competente, equilibrado e justo. Um governante com força e habilidade para fazer justiça, sem precisar lançar mão da injustiça.  Um que jamais iria ser tentando pelas vantagens da corrupção, mas puniria, imediata e exemplarmente, ‘com vara de ferro’, todos os corruptores. Um Rei perfeito, de domínio universal, capaz de trazer a verdadeira paz para o mundo, um que, com absoluto conhecimento do coração humano, pudesse manter completo controle no seu reino, de modo que, como resultado do Seu governo, o conhecimento de Deus enchesse toda terra, assim como as águas cobrem o mar. Algum candidato?

             Quem só espera no vão socorro do homem, tem toda razão de entrar em desespero. Quem espera em Deus, tem toda razão para olhar além do momento presente, renovar suas forças e, com o coração cheio de expectativa, repetir as palavras do apóstolo João: "Maranata! Vem, Senhor Jesus!” Eis nossa única esperança.

            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017



QUE É A VOSSA VIDA?
Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.” (Tiago 4.14)


O acidente aéreo que vitimou o ministro Teori Zavascki chocou o Brasil. Teori, 67 anos, 46 de carreira, ministro da STF, estava vivendo dias intensos, envolvido em tarefas de extrema importância, as quais, sem dúvida, se destacariam como os maiores desafios na sua longa carreira jurídica. Se o poder sobre a morte estivesse nas mãos dos homens, certamente o ministro tão cedo não entraria na lista. Especialmente nos próximos dias, quando suas ações teriam impacto significativo nos desdobramentos da famosa Operação Lava Jato. Todos os atos do ministro seriam seguidos de perto, pois a nação nutria grandes expectativas nas suas decisões. Infelizmente, tudo isso agora é história. Um acidente cheio de interrogações encerrou para sempre a carreira de Teori Zavascki.

Uma vez mais se confirmam as sábias palavras de Salomão: “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja...” (Eclesiastes 8.8) No dia determinado por Deus, nossa breve viagem nesse mundo findará. Independente da nossa vontade e dos planos para o dia de amanhã, ao comando do SENHOR cruzaremos os portais eternos.

Tais tragédias deveriam nos mover à humildes reflexões. Nenhum de nós, por mais seguros que nos sintamos, estamos imunes à convocação do Pai Eterno. E, quando chegar esse momento,  nenhuma diferença fará se fomos ricos ou pobres, sábios ou ignorantes, famosos ou anônimos. Na audiência perante o Juiz de toda terra, fato que segue imediatamente a morte (Hb. 9:27), os itens do nosso currículo serão insignificantes. No tribunal divino só haverá duas classes de pessoas: salvas ou perdidas. Nesse momento, o mais pobres dos homens pode se tornar a mais rica criatura, se alcançar a graça de ser declarada absolvida da eterna culpa dos seus pecados, na base do pagamento feito pelo Filho de Deus, na cruz do Calvário.

Uma das marcas do pecado que habita em nós é o orgulho. Não somos nada, mas não aceitamos o fato. Somos realmente uma folha seca se apresentando como um cedro do Líbano! Fazemos nossos planos e determinamos nossas ações sem considerar que a eternidade pode estar nos aguardando na próxima esquina. Por causa desse orgulho entranhado na alma, poucas vezes paramos para agradecer a Deus, quando nossos planos são bem sucedidos. Também, poucas vezes nos aquietamos quando o dedo de Deus frustra os nossos desígnios.

Tiago 4:13-17 nos adverte acerca das nossas ‘arrogantes pretensões.’ Traçamos um curso de ação, definimos os alvos e os resultados e partimos apostando que vai dar tudo certo. Tiago nos repreende por tal soberba, que nos impede de dizer: “Se o SENHOR quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” Parece algo simples, mas não é. Quando tomamos a precaução de incluir a vontade de Deus como condição para nossas realizações, estamos assumindo nossa fragilidade e declarando nossa disposição de aceitar a vontade de Deus, seja ela qual for.

A triste notícia da morte do ministro tem muito a nos ensinar. A Bíblia diz que aprendemos mais pela morte do que pela vida. Uma vez mais, Salomão nos ensina: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração.” (Eclesiastes 7.2). Infelizmente a sociedade está tão anestesiada para as realidades espirituais, que até mesmo as inesquecíveis lições da morte se perdem em meio ao emocionalismo e comoção superficial promovidos pela mídia.

Tudo indica que 2017 será um ano difícil. Do Brasil e dos quatro cantos do mundo nos tem chegado notícias chocantes. Nesses poucos dias do novo ano já estamos com a cota cheia de notícias sobre atentados, guerras, conspirações, desastres naturais e acidentes. Que tomemos tudo isso em consideração, reconhecendo nossa pequenez e dependência do SENHOR. Ao mesmo tempo, descansemos na certeza de que nossa vida está nas mãos do Bom Pastor, que estará conosco sempre, ainda que seja no vale da sombra da morte.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira