“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob minhas
vistas, te darei conselho”
(Sl. 32.8)
Muitos
procuram sinais extraordinários para conhecer a vontade de Deus. Para mim, nada
se compara ao rumo dado a Palavra de Deus. Se constantemente estou sendo guiado
pela luz da Palavra, Deus não vai me mostrar todo o caminho da Sua vontade de
Deus, mas vai me fazer me dar segurança para o próximo passo. E assim, de passo
em passo, chegarei onde Ele sempre quis que eu chegasse. Na minha experiência, a
vontade de Deus se experimenta no caminho da obediência no dia a dia, pois são
na sucessão dos dias que se faz uma vida.
Desde
cedo, tinha certeza de que Deus tinha um plano para minha vida, e orava para
que a Sua vontade se cumprisse.Os detalhes exatos Deus nunca me mostrou de
antemão. Mas o contato com a Palavra de Deus me indicava se estava andando ou
não no rumo certo. O hábito de ler a Bíblia diariamente foi uma herança bendita
que recebi dos meus pais, que me incentivavam com as palavras e com o exemplo. Assim,
guiado pela Palavra de Deus, minha decisão pelo ministério foi mais um ato de
obediência do que um chamado propriamente dito. Isso porque aos doze anos minha
mãe me desafiou a ler toda a Bíblia. Aceitei o desafio e não parei desde então.
O
processo da minha vocação foi lento, gradual e definitivo. Motivado pelas
lições bíblicas que tinha semanalmente na igreja e pelos desafios e testemunhos
de muitos obreiros que visitavam minha igreja e minha casa, bem cedo me senti
atraído para o ministério. Mas era ainda criança e não tinha como levar aquela
inclinação muito a sério.
Desde cedo, me envolvi na
igreja, servindo em tudo para o que era solicitado. Até que chegou o tempo de definir melhor o
rumo profissional. Minhas inclinações infantis estavam meio apagadas na minha
mente, e assim iniciei meu o curso universitário aos dezoito anos. Logo
descobri que tinha acertado. Eu amava o curso e me desenvolvia na área já
vislumbrando um futuro promissor.
Nesse tempo, eu estudava em
Fortaleza e minha irmã, Joadan, no seminário do Cariri. Nossos caminhos e
nossas conversas se cruzavam nas férias. As nossas experiências, ambiente de
vida intelectual e matérias estudadas eram absolutamente diferentes. Suas aulas
ministradas por servos de Deus, baseadas na Palavra de Deus eram muito mais
interessantes. As minhas, eram na maioria das vezes dadas por ateus
escarnecedores e arrogantes. Uma “inveja santa” brotava no meu coração, com uma
ponta de preocupação, pois percebia que, devido a minha pouca maturidade
espiritual, o ambiente universitário estava fazendo mal a minha alma. Os
testemunhos da minha irmã causavam impacto e me faziam balançar quanto ao
caminho a seguir. Mas não decidi de pronto. Estava ainda intoxicado com a
atmosfera intelectual da universidade.
Perto da metade do curso, nas
férias, mais uma vez fui para o retiro de jovens no acampamento batista em
Iguatu. Pensava que seria um retiro como tantos outros. Mas não foi. O preletor,
um missionário, estava falando sobre o chamado para servir ao Senhor, e no
último dia nos contou seu próprio testemunho. Ele também, por longo tempo tinha
no coração o desejo de servir integralmente no ministério, mas na juventude
procurou esquecer aquele desejo. Um dia,
enquanto assistia a um jogo de futebol no estádio do Castelão, de repente se
viu no meio de uma briga de torcidas. As torcidas se agrediam com pedras e
pedaços de madeira. Muitos já lutavam sangrando, e a polícia não conseguia
impedir o confronto. Com medo de ser esmagado pela multidão, ele procurou
refugiar-se debaixo das cadeiras do estádio. E ali, vendo a morte bem de perto,
pensou: Que estou fazendo aqui?Que estou
fazendo da minha vida? Quem se aproxima da morte, geralmente reflete sobre o
valor da vida. Se eu morrer no meio dessa multidão, o que realmente fiz de valor com a
vida que Deus me deu? E decidiu que, se saísse dali vivo, iria iniciar seu
preparo para servir no ministério.
O testemunho do missionário
foi a peça que faltava. Eu estava convencido de que servir a Deus era um
caminho excelente. A Palavra de Deus tinha me ensinado isso. Meus pais tinham
seguido por esse caminho, muitos dos meus tios e tias também haviam dedicado
sua vida ao ministério. Nenhum deles estava arrependido. E fiquei pensando
porque eu estava adiando a minha decisão. E se eu não tivesse tanto tempo como
pensava, será que teria feito o melhor da minha vida? Foi assim que, naquela
noite, Deus me arrastou para o ministério. E quando o pregador perguntou: “alguém deseja dedicar sua vida ao ministério?”
em lágrimas eu respondi: “eu quero”.
Vinte e seis anos já se
passaram desde aquela noite, e, pela graça de Deus, continuo afirmando: eu
quero! Eu continuo querendo! Nem sempre tem sido fácil. As lutas e desafios
fazem parte desse caminho, e algumas são tão intensas que parecem
insuportáveis. Mas não resta a menor dúvida: servir a Cristo até agora foi o
melhor que pude fazer na vida. Não posso vislumbrar outro caminho que me teria
dado mais realização. Dificuldades, angústias e perseguições não significam
nada ante o grande prazer de ser cooperador na expansão do reino de Cristo
neste mundo. Se apenas mais um adorador de Cristo tiver sido acrescido ao Seu
Corpo por meio do meu ministério, terá valido a pena todo esforço. Por isso, eu quero, e peço a Deus que mantenha esse
querer até o meu último dia neste mundo. Até aqui Deus tem feito muito mais do
que eu podia imaginar quando entrei nesse caminho, mas estou certo de que muito
mais está por vir! A Palavra me orientou, Deus me convocou e aqui eu estou!
Esse é o meu chamado... pode
me contar o seu?
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
Um comentário:
Muito edificante, Pr. Jenuan. Obrigado.
Eu tbm tenho o meu chamado, conforme conversamos um dia. E espero em Deus o momento de começar.
Que o Senhor que chama nos capacite a servi-lo mais e mais!
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