Todos temos virtudes e defeitos, mas por que será
que somente os últimos despertam
interesse em muitas pessoas? Se você discorda, por que não pensa um pouco no
caso do grande rei Davi? Sua história é repleta de exemplos virtuosos, mas é a
mancha no currículo, o adultério com Bate-seba, o ponto mais pisado e repisado
por muitos que se referem ao Homem segundo o coração de Deus.
Até concordo que a lente de aumento sobre o pecado de Davi não é
gratuita. Afinal estamos falando do Homem
segundo o Coração de Deus, a quem o próprio Deus manifestou-se várias
vezes, combateu os seus inimigos e lhe honrou, e que, no momento da queda, já
conta com seus 50 anos, 20 dos quais reinando sobre o trono de Israel. É um
líder, uma pessoa de destaque. Sua própria posição determina que seus tropeços
teriam maior repercussão do que os de um homem comum. É o velho princípio
declarado por Cristo: “a quem muito é
dado, muito será cobrado”.
Mas, convenhamos, esquecer 68 anos de vida exemplar em detrimento de
pouco mais de 1 ano de desvio, seria não somente uma injustiça, mas um
repugnante farisaísmo. Quando olhamos para nosso interior, honestamente temos
de admitir que entre nós e o Davi desviado não há um abismo tão grande. E bem
pode ser que, excetuando-se o aspecto cronológico, a única coisa que nos distancie dele seja o
fato (bendito fato...!) dos nossos pecados não terem sido registrados no livro
mais lido do mundo, fonte da qual milhares de escritores, roteiristas e
preletores bebem quando da elaboração das suas falas.
Não
que queiramos desculpar o adultério de Davi. Deus não o faz, nós também não
deveríamos. O pecado é sempre sério. Entretanto, é necessário colocá-lo na
perspectiva correta. Davi cobiçou, adulterou nos pensamentos e nas ações,
mentiu e assassinou um homem inocente. Mas ao ser confrontado pelo profeta
Natã, Davi não procura subterfúgios. Chora amargamente, arrepende-se e confessa
sua transgressão. Cai aos pés do Senhor e diz no Salmo 51: “Pequei contra ti, contra ti somente, fiz o
que é mal, sinto-me imundo e envergonhado, lava-me, purifica-me da minha
imundície e ficarei mais alvo que a neve”. E quando recorda o tempo em que
ocultou seu pecado, Davi não banaliza os seus efeitos pois declara: “...envelheceram os meus ossos pelos meus
constantes gemidos todo dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim...” (Sl.32:3-4).
Diante disso, não podemos fazer do pecado de Davi o centro de gravidade da sua
belíssima história.
Às vezes
tremo ao pensar que no meio do povo de Deus nota-se um estranho prazer em
recordar as “quedas” de um irmão... Como já foi dito, a Igreja é única
corporação que atira nos seus soldados feridos. Deus não tem prazer em recordar
pecados confessados e perdoados. Ele nunca dá o tiro de misericórdia, pelo
contrário, restaura o caído pela Sua infinita misericórdia. Davi caiu, e caiu
feio, mas sentia-se feliz porque “sua
iniquidade fora coberta, e seu pecado perdoado”. O preço do seu pecado foi
caro, mas o pecado de Davi foi castigo em Cristo, não restando-lhe nenhuma
condenação. Se Deus justifica, quem condenará? Se o sangue de Jesus cobre todo
pecado, por que deveríamos descobri-lo?
Talvez
você não concorde com essa perspectiva. Pode ser que na sua cabeça não deve
haver espaço sequer para um pensamento misericordioso para com um homem que
caiu em tamanha falta. Se for este seu caso, talvez esteja achando que perdeu
seu precioso tempo em ler um este artigo licencioso.
Pelo tempo gasto na leitura nada pode ser feito, mas se você não se demorar
muito, talvez ainda dê tempo para atirar a primeira pedra!!
A serviço do
Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
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