“Conta
as bênçãos, conta quantas são recebidas da divina mão...”.
A música do
velho hino ecoa na minha mente despertando as doces memórias de um passado já
distante quando a música adornava e preenchia a adoração coletiva. No entanto, a doce canção entoada no ambiente
de um culto às vezes fica fora de tom, quando a dura realidade da vida ameaça
nosso barquinho batido de um lado para outro em meio à voracidade das ondas da
provação.
A
mensagem do hino é forte, pois pressupõe que sempre haverá bênçãos a serem
contadas. Mas será? Bênçãos esporádicas, vá lá, mas sempre? Não seria este mais
um caso de exagerado otimismo poético? À
primeira vista poderia ser, mas se examinarmos cuidadosamente veremos que a
mensagem tem sólido fundamento bíblico.
Essencialmente
essa é a mensagem de Romanos 8:28, onde lemos que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.
Certamente, em muitas ocasiões essas palavras de Paulo também parecem exageradas.
Como “todas as coisas cooperam para o bem
dos amam a Deus?” Não é um pouco além e fora da realidade dizer “todas as coisas?” Não seria muito mais
realista restringir o pensamento para “algumas coisas?” Será que Paulo não leva
em conta que a estrada da vida é pavimentada de dores e tristezas? Desde quando
dores e tristezas cooperam para o bem?
A
resposta a todas essas indagações está na palavra perspectiva. Quando Paulo
fala de bem, ele está se referindo ao bem na perspectiva de Deus, e não no bem
segundo a nossa visão. Muitas vezes esquecemos
que ‘Deus não vê como vê o homem’. Os olhos do Senhor estão em todo lugar,
inclusive no futuro obscuro que nossos olhos não podem alcançar. O versículo afirma que o bem de Deus está
ligado ao propósito de Deus para os Seus filhos. O bem aos olhos do Senhor é
tudo aquilo que nos torna mais “semelhantes à imagem do Seu Filho”, inclusive,
e principalmente aquelas duras provações, mesmo as que parecem insuportáveis. É
o fogo que purifica o ouro, são as provações que purificam a fé.
Contar
bênçãos, portanto, é uma questão de perspectiva. É preciso elevar os olhos
acima das aparências, a fim de percebermos o final da nossa jornada, onde a
glória nos aguarda. É desse modo que Romanos 8:28 fará algum sentido. Por mais
duro que possa parecer, devemos nos alegrar nas provas, sabendo que Deus está
agindo para o nosso bem maior. E o Senhor é sábio e cheio de ternas
misericórdias. Ele não permitirá que o fogo da provação ultrapasse a
temperatura que a nossa alma suporta (I Cor. 10.31).
Se os olhos não enxergam as bênçãos futuras, conte-as pela fé. Alegre-se antecipadamente ao reconhecer que nossa vida está nas mãos do Pai Celeste, e por isso está em boas mãos.
Então,
que tal para essa leitura e cantar o velho hino?
“Conta as bênçãos, conta quantas são
Recebidas da divina mão,
Uma a uma dize-as de uma vez
E hás ver surpreso o quanto Deus já
fez”.
Até aqui
nos ajudou o Senhor... Por Ele nos deixaria agora?
A serviço
do Mestre,
Pr. Jenuan
Lira.