ABALADOS PELA VIOLÊNCIA
“E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança.”
(Salmo 39.7)
Ainda doe
nos ouvidos as notícias do assassinato da garotinha Rakelly, por quem oramos ao
saber do seu desaparecimento. À medida
que a polícia desvenda os detalhes sórdidos do crime, ficamos todos comovidos e
desnorteados. Uma linda garotinha de 8 anos, foi assassinada, abusada e teve
seu corpo ocultado em uma cacimba... Como digerir tamanha maldade? Quem pode
imaginar a dor dos pais e familiares?
De cara,
esse tipo de crime nos abala ao desvendar o potencial de crueldade que se
abriga no coração humano. Que o homem é mal por natureza, contaminado pelo
pecado e predisposto à rebelião contra Deus, desde o ventre materno, não é
nenhuma novidade. O otimismo de alguns pensadores utópicos e as explicações
sociológicas para a barbárie, não acham correspondência no mundo real. Mas, quando
mapeamos a natureza humana à luz da antropologia bíblica, temos que admitir,
mesmo com profundo desgosto, que esse tipo de crime não está fora de cogitação
em nenhuma comunidade de pecadores. Ou seja, é possível em qualquer lugar onde haja
seres humanos. Ainda assim, como não pode deixar de ser, ficamos aterrados e
indignados, pois nos agride saber que um homem foi capaz de dar vazão a todo
seu ímpeto perverso, não refreando seu instinto maligno sequer ante a doçura e
inocência de uma criança.
Também, nos
espanta constatar que tais ocorrências são frutos amargos da certeza da
impunidade que hoje caracteriza a sociedade. Por causa da maldade do coração
humano, que tende a produzir anarquia, caos e crimes, Deus instituiu o governo
humano, dando-lhe poder, inclusive, para ser Seu representante em decidir
quando é necessário ‘trazer a espada’, aplicando a pena máxima sobre aqueles que
cometeram o crime máximo. Paulo é claro e inequívoco ao afirmar, sob inspiração
do Espírito Santo, que as autoridades
são ministros de Deus, para recompensar os que fazem o bem, e punir os
que fazem o mal, sendo, no segundo caso, autorizado a agir como ‘vingador
legal’ do mal que, em muitas ocasiões, precisa ser detido pela espada (Rm.
13:1-7). Paulo afirma que um dos motivos para pagarmos impostos é manter os
magistrados, isto é o sistema jurídico, a fim de que possam desempenhar seu
‘ministério.’
A certeza da
impunidade não apenas estimula o crime, mas cria o ambiente para mais confusão
na hora de punir o crime. Conforme os jornais tem mostrado, a casa do criminoso
foi destruída pela população. Com certeza o próprio criminoso teria sido morto,
caso tivessem colocado as mãos nele. Como não há justiça legal, muitos se
sentem justificados em praticar ‘justiça ilegal.’ Esse é mais um sinal
espantoso de que caminhamos para o caos. A justiça feita pela população é um
ato gerado pela comoção relacionada ao tipo de delito, normalmente efetivada de
maneira desordenada, por pessoas despreparadas para conter o mal e promover o
bem social. Tudo é feito ao sabor da emoção, que, em outros momentos, pode ser
despertada indevidamente e contra as pessoas erradas. Por exemplo, imagine a
situação em que, por causa da manipulação popular de um político corrupto,
companheiros de crimes conseguem mover uma turba insana contra os magistrados
que o colocaram na cadeia. Seria, verdadeiramente, fazer ‘injustiça com as
próprias mãos!’ Impossível? Sérgio Moro e outros magistrados da Lava Jato que o
digam!
Mas, tem outra coisa que me espanta: a
propaganda do crime pela mídia. Em um mundo de seres predispostos ao mal, a
cobertura exibicionista, ao vivo e à cores, nunca trará bom resultado. Sem
querer ser anacrônico, pois não havia televisão na época do profeta Isaías,
creio que faríamos bem em observar o seguinte versículo, no qual o profeta
descreve o tipo de pessoa que desfrutará as bênçãos eternas: “O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho de
opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar suborno; o que tapa os
ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o
mal,” (Isaías 33.15). A divulgação do mal desperta o prazer mórbido
de muitos, simplesmente pela curiosidade degenerada de conhecer o mal. Isso é
muito sério. Foi o desejo pelo conhecimento do ‘bem e do mal’ que fez Eva
morder a isca da Serpente. Que conheçam os detalhes aqueles que são competentes
para julgar o crime. O resto de nós pode não saber o que fazer com as
informações. Ou, pior ainda, alguns podem querer duplicar o que ouviram!
Casos assim
me trazem à memória a situação de Ló, o servo de Deus que se achou vivendo em
Sodoma e Gomorra, o qual era “...
afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados” (2
Pedro 2.7). Infelizmente, à medida que os dias avançam, as aflições causadas
pela libertinagem dos insubordinados só tende a avançar. Por isso, nossa
esperança só pode estar em Deus. Por isso clamamos:
“SENHOR, tem misericórdia dos pais da
Rakelly,
SENHOR,
tem misericórdia de nós!”
A serviço do
Mestre,
Pr. Jenuan
Lira.
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