“Basta! Não me fales mais nisso.”
(Deuteronômio 3.26)
Não foi uma situação fácil.
Mas o que era fácil nessas circunstâncias? Já havia quase 40 anos que o povo
vacilava na sua confiança. A murmuração era uma triste rotina, e os ouvidos de
Moisés eram os primeiros a sofrê-la.
Mas dessa vez, a história
teve um desdobramento diferente, pois Moisés, exasperado contra o povo, esqueceu
a Palavra de Deus. Uma coisa extraordinária deveria acontecer: Moisés falaria e
a água jorraria de uma enorme rocha. Porém, não foi isso que aconteceu, pois ao
invés de falar à rocha, Moisés a feriu com o cajado. As águas saíram, mas Deus
não foi santificado por meio do seu servo. Deus teria toda razão em ter
envergonhado Moisés diante do povo, mas Ele sofreu o dano.
Terminada a situação, o
Senhor pronuncia o juízo contra Moisés: “Pelo
que o Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não me crestes a mim, para me
santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta
congregação na terra que lhes dei” (Números 20.12). Duvido que outra coisa
pudesse causar tanta tristeza em Moisés. Entrar na terra era seu sonho. Para
isso ele tinha suportado décadas de sofrimento no deserto. Mas estava dito: ele
não receberia esse prêmio.
Aparentemente,
Moisés recebeu resignadamente a sentença. Mas não se conformou. Por isso,
quando se viu às margens da terra prometida, resolveu orar sobre o assunto. Usando
de toda intimidade de um servo e amigo, Moisés implora humildemente que o
Senhor revogue o castigo, permitindo sua entrada na terra. Mas a resposta do
Senhor foi sucinta e firme: “Basta! Não
me fales mais nisso”.
Engana-se quem pensa que
pela oração vai mudar os propósitos de Deus. Certamente isso não vai acontecer,
mesmo que a oração seja feita com fé e no espírito mais humilde possível. Deus não
dependia de Moisés, mas concedeu-lhe a honra de ser o instrumento pelo qual o
povo seria liberto. Moisés era instrumento de libertação, mas o poder era total
do Senhor. Deus preservou Moisés e lhe chamou para uma maravilhosa obra. É
certo que Moisés tinha um preço a pagar, mas acima disso estava a bênção de ser
um escolhido de Deus. Na história de Moisés temos a perfeita ilustração das
palavras do Senhor Jesus: “a quem muito é
dado, muito será cobrado” (Lucas 12.48).
A negação de Deus certamente
foi um peso para Moisés, mas Deus nunca tira algo de nós, senão para nos abençoar
em grande medida. Moisés pediu para entrar na terra, mas Deus queria lhe dar o
céu. Era uma bênção incomparável. Em Hebreus 11.26 lemos que Moisés deixou a
glória do Egito e preferiu sofrer com o povo de Deus porque “contemplava o galardão”. Na mente de
Moisés talvez isso significasse a terra de Canaã, que certamente seria uma
empolgante recompensa. No entanto, o mais valioso galardão desta vida, não pode
se comparar com a glória que há de ser revelada na presença de Cristo.
O não de Deus nunca é para nos
deixar no vazio. É o caminho para que se faça a Sua vontade e não a nossa. Deus
não nega uma oração sem um grande propósito. O que perdemos no presente,
redundará em abundância no futuro, pois somos alvo da graça do Senhor.
Quando Deus diz não, o melhor é esperar, “a minha graça te basta”.
Deus tem o melhor para nós!
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira
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