Quem,
por mais entendido que seja, se atreve a definir o amor? Essa não é uma tarefa
fácil. Afinal, toda definição é uma delimitação. Por isso aquilo que é
sublime não cabe em palavras. Assim é o amor. Sentimos, conhecemos,
desfrutamos, mas não conseguimos defini-lo. Sua abrangência e essência
sempre extrapolam nossas melhores aproximações verbais.
Porque
o amor une em si mesmo necessidade e complexidade, muitos não se conformam em
tê-lo indecifrável, e se lançam no desafio extremo de tentar defini-lo. Entre
os inconformados com os mistérios do amor, e com merecido destaque, está Luis
Vaz de Camões, reconhecido poeta português do século 16. São deles os versos do
famoso soneto, no qual ele luta em doloroso paradoxo: “Amor é fogo que arde sem
se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente / É dor
que desatina sem doer; (….)”. A poesia é bonita, mas o resultado é
frustrante. Camões afirma que o amor seria exatamente aquilo que não pode ser.
Por isso, no último verso, ele pergunta como algo tão contraditório pode
encontrar guarida no coração…. “ Mas como causar pode seu favor / Nos
corações humanos amizade, / Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
A
frustração de Camões tem explicação. Ele deseja entender o amor tendo o homem
como ponto de referência. Acontece que, partir do homem para compreender o amor
é pegar um atalho enganoso, pois o homem se beneficia e compartilha, mas nunca
produz o amor. A fonte verdadeira para o amor é a pessoa de Deus, a partir de
Quem se sustentam, não apenas o amor, mas a beleza, a bondade, e todas as
demais virtudes que dão sentido especial à vida. Na sua busca pelo sentido do
amor, Camões pegou um atalho errado e não chegou a lugar algum.
A
Bíblia diz claramente que “Deus é amor”. A Bíblia não diz que Deus é o amor,
pois isso esvaziaria Sua individualidade e personalidade. “Deus é amor”
significa que na Sua essência o amor figura como uma das virtudes fundamentais.
Tudo que Deus faz, permite e pensa está permeado pelo amor. Deixar de amar,
seria negar a Si mesmo, o que é impossível.
Falando
da grandeza do amor de Deus, João, o discípulo amado, nos diz: “Ninguém tem
maior amor que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”
(Jo. 15:13). Isso deixa claro que o padrão do amor é o Filho de Deus, que
chegou ao máximo na expressão de amar. Qualquer outro ato de amor, por maior
que seja, jamais superará o amor de Cristo. Assim, se alguém deseja entender e
viver o amor, precisa conhecer o Filho de Deus, cujo amor é inigualável. Paulo
enfatiza a sublimidade do amor de Deus afirmando que esse amor “excede todo
entendimento”. Em outras palavras, não há nada dentro dos domínios da
humanidade que justifique o verdadeiro amor.
O
amor dá sentido à vida. Cristo dá sentido ao amor. Esse amor que escapa aos
versos dos poetas e às mais profundas reflexões filosóficas encontra-se no
Filho de Deus, que suportou a própria cruz por amar.
A
serviço do Mestre,
Pr.
Jenuan Lira
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