Não há nada de errado em dizer ao
mundo como você está se sentindo, especialmente quando tal sentimento é fruto
da sua obediência à Palavra de Deus e reflexo do reconhecimento da graça do
Senhor. Mas tudo precisa limite, e mesmo as coisas louváveis podem descambar
para o lado errado. E me aprece que esse é o caso com muitos que estão “se
sentindo” no face.
A emotividade do facebook sinaliza
alguns perigos, a começar pela
desconsideração para com a nossa bela língua portuguesa que, seguindo a devida
ordenação gramatical, não me dá o direito de afirmar que eu estou “se
sentindo”. Por maior que seja o meu
sentimento, sua expressão precisa de limites. Portanto, “eu estou me sentindo”,
“tu estás te sentindo”, “ele ou ela está se sentindo”. Nada de colisão
pronominal!
Sei que
falar em favor da norma gramatical fere os ouvidos de muitos que proclamam uma
estranha liberdade linguística. O problema é que eles esquecem que a verdadeira
liberdade nunca é livre. Ela precisa de limites, ou do contrário nos destruirá
mutuamente. E no caso em pauta, essa “liberdade livre” vai nos tornar incapazes
de nos entendermos. Até hoje estou tentando compreender o que um jovem quis
dizer quando publicou: “Se sentido blah...”. É por que estou ficando velho, ou
é por que o desprezo da boa linguagem está deixando os jovens limitados no seu
vocabulário? Suspeito que a resposta serai a segunda opção.
Mas, entre todos, o problema
linguístico é realmente o menos preocupante. Sério mesmo são as ameaças à vida
espiritual, que se manifestam na expressão “se sentindo...”. A primeira delas diz
respeito ao perigo de pautarmos nossa vida pelo modo como estamos nos
sentindo. Sentimentos não são um bom parâmetro, pois são volúveis e tendenciosos, e o domínio do sentimento
sobre a razão é muito mais sério do aparenta na superfície. Sabemos de pessoas
que são capazes de até negar um preceito das Escrituras por causa dos seus
sentimentos, e é nessa direção que segue, por exemplo, a massa emotiva de
renovados e pentecostais dos vários tipos. Falta base na Escritura, mas existe
afirmação no que cada um sente, e nisso eles se apegam. Se o nosso caminho será
determinado pelo sentimento individual, estamos realmente em sério risco, pois
quando se desloca o eixo epistemológico da razão para a emoção, perdemos os
parâmetros entre certo e errado, e caímos na confusão filosófica, teológica e
sociológica em que hoje nos encontramos.
Emoções são um presente de Deus para
tornar a nossa vida mais colorida. Sem emoções tudo ficaria cinza. No entanto,
as emoções são apenas o tempero, não a comida em si. O Sal realça o sabor, mas
quem gostaria de viver comendo sal?
E quanto ao facebook do profeta
Jonas? Qual o problema? Bem, esse é outro problema, mas não posso tratar
agora... “cenas do próximo capítulo.” Tudo bem ou você já “tá se sentindo...
irado?” Se for o caso, deixo apenas um versículo para pensar até a próxima
semana:
“Deixa a ira, abandona o furor; não te
impacientes; certamente isso acabará mal” (Sl. 37.8)
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.