- “Depois de um dia de trabalho duro e trânsito
estressante eu mereço voltar para uma
casa tranquila e bem arrumada, onde uma esposa alegre e filhos carinhosos irão
me proporcionar uns momentos de sossego.”
-
“Sempre faço meu serviço direito, sou um profissional exemplar... mereço um pouco mais de consideração do
meu chefe.”
-
“Sou um cidadão de bem, cumpro meus deveres. Mereço mais atenção das autoridades.”
-
“Faço tudo pelo meu esposo e pelos meus filhos. Dou duro para manter a casa em
ordem.. mereço um mínimo reconhecimento
da parte do meu marido.”
-
“Tratei essa pessoa da melhor maneira possível, fiz tudo por ela... acho que merecia um pouco mais de gratidão.”
-
“Fiz o meu melhor... mereço um ‘muito
obrigado’.”
Todas
as situações acima apresentam um desafio interessante quando analisadas à luz
das Escrituras. O dilema se encontra na possível e frequente confusão entre o
que é justo e o que é merecido. Sendo um ignorante confesso da filosofia do
direito, da lógica que rege o equilíbrio entre deveres e méritos individuais,
admito que o meu raciocínio pode furar alguns pontos naquilo que é padrão no nosso
sistema jurídico. Mas olhando a questão pelo prisma da Bíblia, parece claro que
aquilo que os outros me devem, eu não posso reivindicar como direito adquirido.
Creio que esse pensamento está por trás das palavras de Cristo em Mateus 5:38-41,
quando o Senhor nos ordena a difícil prática de oferecer a outra face, entregar
a túnica e andar a segunda milha.
Por
virtude daquilo que sou, um ser criado, e por isso mesmo dependente, devendo ao
Criador não apenas minha origem, mas minha contínua subsistência, não há como
não concluir que não existem méritos inalienáveis consignados à minha pessoa.
Quando minha própria existência é fruto de um ato livre da providência de Deus,
como posso me considerar merecedor do que quer que seja?
Venho
pensando nisso há algum tempo, mas tive minhas reflexões refinadas pela recente
meditação no Salmo 136. Este Salmo tem como tema a misericórdia de Deus. É uma
canção em que a frase “”porque a sua
misericórdia dura para sempre” se repete à exaustão, aparecendo em cada um
dos 26 versículos. O salmista diz que por causa da Sua eterna misericórdia
devemos render graças ao Senhor (vv. 1, 2, 26). Em seguida ele fala sobre a
criação dos céus, da terra e dos astros, sempre repetindo que tais coisas
existem por causa da misericórdia de Deus. Noutra seção ele relembra os feitos
de Deus na história de Israel e justifica a motivação de Deus por trás de tais
feitos: “Porque a Sua misericórdia dura
para sempre.” E termina afirmando que o socorro de Deus (23), a libertação
de Deus (24) e o suprimento de Deus (25), tudo, tem apenas uma razão: “Porque a Sua misericórdia dura para sempre.”
Esse
pensamento merece mais reflexão, o que espero fazer no próximo artigo, mas, por
enquanto, consideremos o seguinte: Aquilo que é meu direito, não significa que
eu mereço. Os benefícios e compensações que me chegam às mãos quando se aplica
a justiça, não acontecem porque eu mereço,
mas porque “a Sua misericórdia dura para
sempre”.
Pensando
assim, nossa vida será de menos reivindicação e mais gratidão. E cada vez que
uma boa dádiva nos for concedida, mesmo que ‘prescrita em lei’, vamos tributar
louvores ao Deus dos céus e àqueles através de quem uma vez mais fomos
lembrados de que a “misericórdia do
Senhor dura para sempre”.
A
serviço do Mestre,
Pr.
Jenuan Lira.
Um comentário:
Ótima meditação.
Que Deus continue usando sua vida para edificar outras.
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