Devido ao nosso orgulho natural é
difícil admitir que não merecemos nada do que temos e recebemos. A mentalidade
do mérito pessoal é parte do que somos por natureza. Meu coração iludido pela
soberba nos diz que sou merecedor, e isso resulta em sérios problemas. Por
achar que mereço, confundo direitos com méritos e começo a acreditar que as
bênçãos são parte da minha recompensa. Tal pensamento torna difícil obedecer ao
mandamento de dar graças em tudo. A lógica é clara: se eu mereço, não tenho que
agradecer. Mérito é sinônimo de dívida, e quando alguém paga o que me deve não
está fazendo nada além do seu dever.
Pensando biblicamente, tal
raciocínio não encontra sustentação, pois em oposição ao pensamento do mérito
está o ensino bíblico da graça de Deus. Ao invés de achar que merecemos,
deveríamos reconhecer que tudo que temos é resultado da pura graça de Deus.
Por ser pecador, só existe um
recompensa ou salário que é meu direito: a morte eterna (Rm. 6:23). Se Deus
decidisse me retribuir segundo o que realmente mereço, meu destino seria o pior
possível. E quando o Senhor me lançasse nesse lugar de tormento eterno, após o
justo juízo que se segue à morte (Heb. 9:27), eu estaria recebendo a justa
compensação por meus pecados e deveria repetir a frase do penitente que batendo
no peito dizia: “minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa”.
Quando nos posicionamos diante do
Deus Santo e nos vemos livres da condenação que merecemos, ao invés de
amargura, nosso coração se enche de gratidão e louvor. Passamos a admirar com
humilde alegria a graça e a misericórdia do Senhor. Temos nos lábios sempre um
novo cântico proveniente de um coração transbordante de júbilo. Em termos
práticos, reconhecer que não mereço evitará que eu fique amargurado quando
tiver que enfrentar perdas e decepções. Ter as minhas necessidades supridas e
poder contar com amigos fiéis, por exemplo, são coisa maravilhosas, mas preciso
reconhecer que tias benefícios são graça de Deus e não méritos pessoais.
Pensando dessa maneira, estarei alegre com a presença dos amigos, e tranquilo
se por acaso eles faltarem.
Outro efeito ruim que nasce da idéia
enganosa do mérito pessoal é uma falsa concepção de quem eu sou. Se me vejo
digno disso ou daquilo, dentro de pouco tempo o meu ego se manifesta em todo
seu orgulho, e me vejo no direito de reagir como achar mais apropriado a fim de
assegurar o que me pertence.
Portanto, ao invés de “viver a lutar
e a fazer guerra” para assegurar os méritos que supostamente são parte da minha
recompensa, minha atitude deve ser sempre de gratidão, pois Deus na Sua
misericórdia não me dá o que mereço, e na graça me dá o que não mereço.
Qualquer raciocínio que nos impeça de admirar a graça e a misericórdia do
Senhor deve ser banido da nossa mente.
Não importa o que nos aconteça. Uma
vez que Cristo nos salvou por Sua graça, já estamos de posse do maior de todas
as riquezas. Assim, enriquecidos pela graça salvadora, as tristezas dessa vida
perdem seu impacto, pois ainda que o mundo tire tudo que hoje nos agrada, o
nosso tesouro eterno está seguro nas mãos dAquele que nos comprou com Seu
sangue... e sem merecermos.
A Serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário