UMA PORTA NO CÉU
“Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta
aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar
comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois
destas coisas.” (Apocalipse 4.1)
Eram
tempos difíceis, tempos apocalípticos. Exilado em uma ilha por causa “da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”,
o apóstolo João sofria com o cenário político desalentador. O ‘poderoso e
indestrutível’ império romano fazia e acontecia. Seus imperadores, à semelhança
do juiz iníquo da parábola de Jesus, ‘não
temiam a Deus, nem respeitavam homem algum” (Lc. 18.1). Ao que tudo indicava, a sorte
estava lançada, pois os governantes iníquos eram a imagem do que disse o
profeta Habacuque: “... pavorosos e
terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade.”
(Habacuque 1.7).
Movendo-se
do cenário político para o espiritual, a situação ficava na mesma. Na batalha
pela verdade, o mal sempre tinha o “mando
de campo.” Satanás havia conquistado muito terreno dentro da Igreja de
Cristo, a única instituição que poderia verdadeiramente fazê-lo frente. O
diabo, pela instrumentalidade de governantes
corruptos, já tinha lançado em prisão alguns servos de Deus, da Igreja de
Sardes (Ap. 2.10). Em Pérgamo, Satanás havia estabelecido seu trono, matado o
líder da Igreja e contaminado a congregação com falsas doutrinas e imoralidade
(Ap. 2.13-15). Em Tiatira, uma falsa profetisa, sugestivamente apelidada de
Jezabel, conseguiu seduzir a igreja, apresentando-lhe “as coisas profundas de Satanás.” Enredada nas artimanhas de uma
liderança pervertida, a igreja não exalava o bom perfume de Cristo, mas
espalhava o odor fétido do maligno, visto que se tornara num ambiente propício
à proliferação da prostituição, idolatria e heresia.
Imagino
que ao terminar a última carta, à indiferente igreja de Laodicéia, que estava a
ponto de ser vomitada da boca do SENHOR (Ap. 3.16), João deveria estar desanimado.
Quem iria deter o mal? Na esfera social,
as chances eram minúsculas. O governo havia abdicado do seu ‘ministério’ de se
portar “como ministro de Deus, vingador, para
castigar o mal.” Na esfera espiritual, o panorama era igualmente
desesperador. De modo geral, as igrejas eram candeias acesas ‘debaixo do alqueire’, não no velador,
como deveriam ser a fim de espalhar o brilho da glória de Deus (Mt.5.15). E ali
estava João, solitário, detido numa ilha, lutando com seus pensamentos... “Como tudo isso vai terminar? Será que o mal
terá a palavra final? O que será do evangelho daqui a algumas décadas? Na Sua
vinda, achará o SENHOR fé na terra? Os fiéis sobreviverão?”
Quando
na terra a história parece sem sentido, Deus nos convida a olhar para o céu.
Tudo que João precisava era “uma porta
aberta no céu”, e foi isso que Deus lhe ofereceu. De repente, toda atenção
de João foi direcionada para a impressionante sala do trono de Deus. A visão é
maravilhosa demais para ser descrita com nossas limitadas palavras, mas uma coisa
é certa: Deus estava dizendo ao Seu servo que o trono que rege o mundo não é o
de Roma, nem o de Satanás, mas o trono do “Santo,
Santo, Santo, o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de
vir” (Ap. 4.8).
Qualquer semelhança com fatos ou
personagens reais não terá sido mera coincidência. Vivemos tempos
apocalípticos, e, por isso, precisamos nos livrar do olhar que se limita às
relatividades históricas que se passam, como em Eclesiastes, ‘debaixo do sol’. Olhando assim, somos
consumidos pelo temor e o pessimismo. A vida perderá seu brilho e ficaremos
apáticos, ‘à toa na vida’, aprisionado na monotonia incessante do encadeamento
de fatos indiferentes, que são como o vento que vem e vai, sem chegar a lugar
nenhum (Ec. 1.4-5). A solução para o tédio e a desesperança do mal é a certeza
de que os céus dominam.
O remédio para o apóstolo João é o
mesmo que precisamos. O domínio de Deus é sempiterno. Seu trono prevaleceu na
Mesopotâmia, no Egito, na Babilônia, na Pérsia, na Grécia, em Roma... e vai
prevalecer no Brasil. O nosso destino não está nas mãos dos burocratas, dos
políticos, dos magistrados, dos influentes, dos enganadores. As forças
infernais que tentam sufocar toda verdade não triunfarão. Quando o coração de
Nabucodonosor “se elevou, e o seu
espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e
passou dele a glória” (Dn. 5.20). Humilhado, o grande monarca da Babilônia
passou a morar com os jumentos, “e
deram-lhe a comer ervas como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu
corpo, até que conheceu Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens
e a quem quer constitui sobre ele.” (Dn. 5.21).
A situação está difícil? “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”
(Hb. 4.16). E, quando tivermos chegado junto ao trono oremos simplesmente: “Venha o teu reino...”. Com certeza, Ele
virá!
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira
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