A
TRISTE CEGUEIRA DA INCREDULIDADE
“E, voltando-se para os seus discípulos, disse-lhes
particularmente: Bem-aventurados os olhos que veem as coisas que vós vedes.”
(Lucas 10.23)
Crer
é sobrenatural. Enxergar a verdade espiritual revelada nas Escrituras é um ato
de graça divina, pois “... não
depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”
(Romanos 9.16).
O
milagre da verdadeira crença em Deus se ilustra nos cerca de onze quilômetros
que separava Jerusalém da aldeia de Emaús (Lucas 24.13-35). Cleopas e seu
companheiro seguiam confusos. Tudo tinha sido um sonho real, ou uma realidade
sonhada? Eles acompanharam o ministério de Jesus de Nazaré, o Profeta há pouco
crucificado, poderoso em “obras e
palavras, diante de Deus e de todo povo.” Agora, no entanto, experimentavam
a estranha sensação de não entender o que realmente tinham experimentado. O que
tinha realmente acontecido? Quem era Aquele Profeta? Por que a cruz? Esses discípulos,
como acontece com todos os homem, percebiam os fatos, mas não captavam o
sentido. Estavam envoltos numa misteriosa ambiguidade, pois “os seus olhos estavam como que impedidos de
ver” (Lc. 24.16). A incredulidade afetava a percepção, barrava o conhecimento
e impedia a adoração.
Enquanto
seguiam, o próprio SENHOR Jesus se aproxima dos discípulos confusos e pergunta
sobre o que conversavam. O desânimo é visível, e a cegueira também. Antes de
sair de Jerusalém, eles tinham sido notificados do incrível relato das mulheres
dando conta do ‘sumiço do corpo’. Além disso, já sabiam de outros que tinham
ido ao sepulcro e verificado a exatidão do relato das mulheres. Mas a cegueira
era tal que, nem a incrível aula de panorama do Antigo Testamento dada pelo próprio
Cristo foi suficiente para lhes fazer ‘arder
o coração.’ Essa terrível condição de cegueira espiritual só será vencida quando
o SENHOR lhes restaurou a visão no partir do pão. Naquele momento a venda caiu
dos olhos e eles puderam distinguir a realidade nitidamente.
O
problema dos discípulos no caminho de Emaús é o mesmo de todos os homens. Em se
tratando de verdades espirituais, somos todos “néscios e tardios de coração para crer tudo que os profetas disseram.” (Lc.
24.25). Sem o toque milagroso do Espírito de Deus que nos abre os olhos do
coração, somos como o cego que, antes de receber a cura completa, ‘via os homens como árvores’ (Mc. 8.24). Em
nosso estado natural, não cremos nas Escrituras, e nem podemos crer, pois até
mesmo a fé que leva à crença é dom de Deus (Ef. 2.8).
Os
dois discípulos viajantes recobraram a visão, mas o SENHOR ainda precisou
insistir com a cegueira dos demais. Mesmo com a oportunidade de ver e tocar nas
mãos e nos pés de Jesus, as dúvidas do coração permaneciam. O problema não era
a falta de evidência, mas falta de fé, pois, para quem não crer nenhuma prova é
suficiente. Não era uma questão de pouca informação, mas de muita dureza de
coração. Era necessário crer para entender, mas eles não conseguiam por lhes
faltar fé. Somente depois de Jesus lhes ter aberto “o entendimento para compreenderem as Escrituras”, as coisas
começaram a fazer sentido.
Não
existe maior milagre do que a capacidade de crer nas Escrituras. Somente por
uma intervenção sobrenatural é que o homem natural, pecador, espiritualmente
cego consegue ter entendimento espiritual. Entregue a si mesmo, nenhum homem
seria capaz de se submeter ao senhorio de Cristo. Conhecer a Deus é obra de
Deus. Por essa razão, homens com
invejável capacidade mental, sábios e entendidos nas mais diversas áreas do
conhecimento, simplesmente não conseguem ter a sabedoria espiritual revelada
pelo Pai Celeste aos pequeninos que creem nEle (Mateus 11.25).
Pressionados
pelo materialismo, somos tentados a esquecer que dependemos do Espírito Santo “...
para que conheçamos o que por Deus
nos foi dado gratuitamente.” (1 Coríntios 2.12). Sem a comunhão
com o SENHOR por meio da Sua Palavra, iluminada pelo Espírito, perdemos percepção
espiritual, e somos envolvidos pela cegueira da incredulidade. Assim, como os
discípulos no caminho de Emaús, caímos em confusão, procurando encontrar
sentido nos fatos da vida que se mostram completamente desconexo.
Uma
vez tendo recebido a luz do céu, nada mais deteve os discípulos. A despeito dos
riscos, partiram até aos confins da terra levando o testemunho de Cristo, pois
agora tudo era muito claro. A luz celeste havia resplandecido nos seus
corações, revelando o conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo (2
Coríntios 4.6). Eles tinham recebido o dom da fé e podiam crer nas Escrituras. Eram
pessoas simples, humildes e sem expressão aos olhos do mundo. Sabedoria humana
não possuíam, mas cada um podia afirmar com intrepidez: “...uma coisa sei: eu era cego e agora vejo”
(João 9.25).
O
milagre aconteceu! Podemos ver! Louvado seja Deus!
A serviço do Mestre,
Pr.
Jenuan Lira.
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