DE QUEM É A CULPA? (II)
“Desviam-se os
ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo
mentiras.”
(Salmo 58.3)
A
mãe estava desesperada. Seu filho Guilherme parecia não ser normal. Desde os 4
anos, Guilherme dava sinais de desapego às coisas e pessoas, era frio e não
obedecia a ninguém. O problema ficou claro aos 9 anos quando o garoto passou a
roubar os coleguinhas na escola e praticar pequenos furtos na vizinhança e em
casa. Também se tornou perito na arte do engano, fazendo os outros acreditar
naquilo que inventava. Aos 18 anos, conseguiu enganar uma construtora e comprar
um apartamento sem ter um centavo. Quando soube da morte repentina de um primo
que tinha sua idade, a reação foi apenas ‘que
pena.’
Foram
15 anos rodando em busca de uma solução entre psicólogos, psiquiatras,
pediatras e até benzedeiros. Além de mimo excessivo e falta de limites por
parte dos pais, ninguém podia achar outra causa. Até que, lendo sobre
psicopatias, a mãe resolveu procurar psiquiatras especializados no assunto,
chegando à conclusão espantosa de que seu filho era portador de uma doença que
acomete assassinos em série, certos políticos e executivos. A misteriosa
patologia leva uma pessoa a cometer atos como roubo e assassinatos sem sentir a
menor emoção, ou a mínima culpa. A mãe ainda sofre, mas está feliz por
descobrir que seu filho não é um delinquente, mas um doente.
O relato acima, lido em um site que
aborda problemas psiquiátricos, revela o abismo ao qual chegamos, levados pela
‘sabedoria’ humana. Se a rebeldia contra a autoridade, a mentira e o furto são
patologias, os pais precisam rever a maneira como criam seus filhos,
reconhecendo que seu mau comportamento deve ser tratado com medicamentos, não
com disciplina. Nesse caso, quem não iria apoiar a conhecida e estranha ‘lei da
palmada?’ A confusão entre perversão e patologia só avança e podemos ter
certeza de que já alcançaram os tribunais. Por isso, muitos delinquentes têm
escapado da merecida punição pelos seus crimes. Antecipando a sequência lógica,
dentro em breve um assino terá sua pena atenuada ou extinta ao declarar que não
sente culpa por ter assassinado uma pessoa. Os juízes serão convencidos de que
o assassino foi vítima de uma enzima traiçoeira que ativou os genes da violência,
e bloqueou os da culpa. O assassino, coitado, não pode ser responsabilizado,
afinal ele não passa de uma vítima da química cerebral. O que fazer? A solução
é complexa, pois ainda não foi inventada a ‘prisão genética.’ Resta-nos,
portanto, a saída da terapia medicamentosa: estupradores, corruptos,
traficantes e assassinos só precisam ‘uma dose mais forte’... simples assim! No
mais, é só dobrar o cuidado com os ‘genes assassinos, pois eles podem iniciar o
processo de aliciamento dos ‘genes inocentes’, e o delinquente pode ser
acometido da patologia que o tornará um ‘inocente’ serial killer.
Pensamento autocontraditório de que
tudo é relativo são a base de sustentação das mirabolantes explicações
pseudocientíficas para a maldade impregnada no coração humano. O relativismo
destrói a base objetiva e isenta para o discernimento entre o certo e o errado.
Se tudo é relativo, tudo também deve ser subjetivo. E quando a subjetividade
prevalece tudo será aceitável e perto estamos do caos.
Enquanto ‘Freud explica’ a
delinquência e defende a inocência humana, a Palavra de Deus aborda o assunto
de maneira completamente diferente. Sendo divina e ‘objetivamente’ inspirada,
sua abordagem é clara, simples e direta, tendo em Si mesma as evidências da
verdadeira sabedoria. Ao contrário da psiquiatria, que diminui o valor do ser
humano, a Bíblia reconhece a dignidade do homem. Segundo as Escrituras, o homem
não apareceu por acaso, mas é fruto de um plano perfeito do Criador amoroso,
que decidiu criar o homem à Sua imagem e semelhança. Por isso, todos os homens são
dotados de sentimento, vontade, razão e consciência. Na antropologia bíblica, o
homem é um ser especial, diferente do restante da criação. Desse modo, o homem
não é vítima, mas sujeito competente, pois “Até a criança se dá a conhecer pelas suas ações,
se o que faz é puro e
reto.” (Provérbios 20.11).
Então, de quem é a culpa? A resposta está no
versículo acima. Por causa do pecado introduzido na criação pelo ato de
desobediência do homem, somos contaminados na nossa alma com a disposição à
rebeldia contra nosso Deus. O problema não é de natureza genética, mas
espiritual. O caso de Guilherme pode ser analisado por vários ângulos e
certamente possui diversos componentes, mas o problema fundamental está na sua
disposição e decisão de ‘desencaminhar do
Seu Criador, proferindo mentiras.’ O problema é gravíssimo e nenhum tratamento
psiquiátrico vai curá-lo. Guilherme precisa morrer e nascer de novo. Guilherme
precisa de um novo coração. Guilherme
precisa de um remédio que alcance e elimine a malignidade do pecado que
lhe domina. Para Guilherme e todos os pecadores só há uma terapia eficiente... “... o sangue de Jesus, seu Filho, nos
purifica de todo pecado” (1 Jo. 1.7b).
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
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