UM
GRANDE SALVADOR PARA UM GRANDE PECADOR
“Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo
para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1Timóteo 1.15)
Quando
estava no final da sua vida, o inglês John Newton (1725-1807), o antigo
traficante de escravos, que se tornou pastor e autor de muitos hinos, entre os
quais Maravilhosa Graça (‘Amazing Grace’),
disse: “Minha memória já quase se foi,
mas eu recordo duas coisas: que eu sou um grande pecador, e que Cristo é meu
grande Salvador.”
A
história de John Newton é impressionante, tanto pelos fatos em si, como pela
época em que ele viveu. Mas, antes de recordar a história de Newton, é
necessário entender um fato crucial: Quando um homem se considera bom e digno
do favor de Deus, está em rota de colisão com o ensino bíblico, seguindo o
caminho da ruína eterna.
O mito da bondade inerente dos homens,
percorre a humanidade desde os seus primórdios. Por motivos óbvios, essa
doutrina perigosa encanta os homens, que gostam de ser exaltados, mesmo quando
se reconhecem indignos de tal exaltação. Por isso, ‘a bondade do homem’ conseguiu
se estabelecer no cerne de todas as religiões que se desviaram da Revelação
divina e, em tempos modernos, ganhou ímpeto por meio da defesa acadêmica do
filósofos e sociólogos importantes, entre os quais se destaca o suíço Jean
Jacques Rousseau (1712-1778), que resumia sua doutrina na frase: “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe.”
À
primeira vista, o tópico parece apenas mais um adendo explosivo no universo da
teologia e das chamadas ciências humanas, mas, afinal, faz alguma diferença
para o homem em si? Entrar nesse debate não seria entrar em discussão
improdutiva, sem valor prático para o homem em si? A resposta vai depender da
nossa antropologia, aquilo que pensamos sobre o homem, sua história, razão e
destino.
Quando nosso pensamento se concentra
apenas nesse mundo material e efêmero, a doutrina da bondade individual,
ofuscada pela maldade social, como ingenuamente alguns defendem, parece não ter
grandes implicações. Mas, se nosso pensamento levar em conta a realidade
espiritual e a mensagem do Evangelho, segundo encontramos nas Sagradas
Escrituras, imediatamente essa doutrina deixa de ser mais uma simples ideia
periférica. Na cosmovisão bíblica, o homem é um ser destinado à eternidade.
Após a experiência da morte, que é única e irreversível (Hebreus 9.27), o homem
segue para o juízo de Deus. Nesse julgamento, o perfeito Juiz vai nos inquirir
na base da Sua Lei, que revela Sua perfeita justiça e o padrão requerido das
Suas criaturas. Nesse julgamento, como em qualquer outro, o réu deverá ser
declarado culpado ou inocente. Sendo culpado, o homem receberá a pior sentença
jamais imaginada: a condenação eterna e no final - “... a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo
e enxofre, a saber, a segunda morte.” (Apocalipse 21.8). Nada
poderia ser pior!
E para ganhar absolvição, o que será
necessário? Em termos simples, o homem precisa ser bom, que significa apresentar
um currículo de absoluta e perfeita obediência à Lei de Deus, sem ter tropeçado
em nenhum ponto, em nenhum momento da vida. Tal demanda é necessária, pois a
santidade, a justiça e o caráter de Deus são parte indissolúvel do Seu Ser e,
por isso, na Sua presença não se admite o menor traço de imperfeição. Diante do
Deus Santo, não existe meio termo. Uma obediência ‘em geral’ não passa no
teste. Ou somos salvos por ser declarados bons, ou seremos condenados
eternamente, pois assim afirma a Palavra:
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas
tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse:
Não adulterarás, também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém
matas, vens a ser transgressor da lei” (Tiago 2.10–11).
Mas
Deus será assim tão rigoroso no juízo final? Certamente, pois o profeta assim
declara: “Tu és tão puro de
olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar...”
(Habacuque 1.13a). O padrão do Juiz de toda terra é elevadíssimo. Ter toda Lei
cumprida, até suas mínimas partes ilustrada pelo ‘i ou o til’, mencionados por Jesus no Sermão do Monte (Mateus 5.18)
é a única coisa que poderia fazer o homem bom, como Deus é.
A
doutrina da ‘bondade do homem’ foi combatida por John Newton. Após sua
conversão, ele entendeu que ‘não há
nenhum bom, nenhum sequer.’ Como foi que tudo aconteceu? Bem, por questão
de espaço, vamos deixar o suspense até conhecer o próximo Semeador.
A Serviço
do Mestre,
Pr.
Jenuan Lira
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