domingo, 27 de março de 2016

PORQUE ELE ESTÁ VIVO

Estando elas possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou...
(Lucas 24.5-6)

            A ressurreição de Cristo é o eixo, em torno do qual gira toda a história. O mundo não seria o mesmo sem a ressurreição do nosso SENHOR.

A ressurreição de Cristo o torna incomparável. Esse fato dá um sentido especial a Suas Palavras e obras, de um modo que jamais seria possível, se ao terceiro dia o Seu túmulo não estivesse vazio. O apóstolo Paulo não está exagerando quando diz que a ressurreição é a base da fé cristã, pois “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé;” (1 Coríntios 15.14).

Nos três anos de convivência com Cristo, os apóstolos presenciaram sinais e maravilhas impressionantes. Viram a autoridade de Jesus sobre a criação visível e invisível. Às ordens de Cristo, tudo se transformava: na doença brotava a cura, no mal surgia o bem, na tormenta nascia a paz, na morte se fazia a vida. Mas, apesar de serem coisas incríveis, não causaram tanto impacto na vida dos apóstolos como a ressurreição.

O escândalo da cruz era intransponível por si só. As horas que se seguiram ao Gólgota foram cheias da mais profunda tristeza e desesperança. O Raio de luz se apagara, pois como disseram os dois no caminho de Emaús, “Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel” (Lucas 24.21). Esses perderam a esperança. É estranho que, depois de tudo que Jesus fizera à vista deles, seus olhos ainda estivessem impedidos de O reconhecerem (Lucas 24.16). Isso somente revela quão duro é o golpe da morte sobre a alma dos vivos. Jesus fizera grandes sinais, os quais ninguém jamais havia feito; Ele falou de maneira única acerca de Deus, a quem chamava Pai; Ele explicou as Escrituras claramente, mostrando como tudo que estava escrito se cumpria nEle. Mas... as trevas da cruz enterram todas as memórias. De que adiantam todas as maravilhas, se Ele está morto?

Por isso, quando as mulheres anunciaram aos onze a mensagem do anjo, que lhes explicou por que o túmulo estava vazio, “Tais palavras lhes pareciam um como delírio, e não acreditaram nelas” (Lucas 24.11). Era bom demais para ser verdade! Por isso, Pedro e João foram ao sepulcro e atestaram o fato. Não estavam alucinados. As evidências eram inquestionáveis, pois somente naquele primeiro domingo Jesus vai aparecer cinco vezes. Os apóstolos não tinham palavras para descrever o que estava acontecendo. Jesus tinha vencido a morte na história de outros, mas o que seria isso, se Ele mesmo fosse derrotado por ela?  A ressurreição de Cristo causou uma revolução na mente, no coração e na alma dos apóstolos e dos primeiros seguidores de Cristo.

Pensemos no caso de Maria Madalena. Como descrever a alegria dessa mulher? Ela tinha sido liberta por Jesus da escravidão de sete demônios. Passou a segui-lo até ao ponto de testemunhar a agonia da cruz e a tristeza de ver o corpo de Cristo depositado num sepulcro, cuja entrada fora lacrada com uma enorme pedra. Seu coração gemia e sua mente se despedaçava num dilema cruel. Esperando sem saber o quê, e andando sem saber para onde, Maria queria ao menos ter acesso ao corpo do Homem que lhe fizera o maior bem. Não nutria esperança de vê-lo vivo, apenas queria ungi-lo morto, como prova da sua gratidão. Ela sabia bem o que esse Homem lhe havia feito. Mas, ao chegar no local do sepulcro, ela tem a incrível surpresa de ouvi-lo chamar pelo seu nome. O corpo não fora levado, nem o homem que falava era o jardineiro. Maria estava aos pés do seu SENHOR ressuscitado. Ela deveria ter o coração muito forte, do contrário não teria resistido à emoção.

Por causa da certeza de que Jesus estava vivo, a história dos apóstolos passou por uma profunda transformação. Eles começam a refazer o caminho, pois as Escrituras passam a lhes fazer sentido. O que os sinais não fizeram a ressurreição faz. Os textos ‘obscuros’ do Antigo Testamento começam a fazer sentido, pois até aquele momento “ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos” (João 20.9). Depois da ressurreição, as Escrituras passaram a ser a bússola das suas vidas. Com isso, ganharam certeza, poder e ousadia. Nenhuma força humana ou espiritual sobre-humana era capaz de detê-los. Desse ponto em diante, eles têm apenas um objetivo: “ir por todo mundo e anunciar o evangelho a toda criatura”. Essa disposição era perigosa e poderia lhes custar a vida. E daí? Que peso tem a morte para quem tem certeza de que vai ao encontro de Cristo? Se não fosse pela missão de fazer Cristo conhecido entre as nações, todos eles teriam preferido “partir e estar com Cristo, que é incomparavelmente melhor” (Filipenses 1.23). Imagino que, ao final dos quarenta dias, quando Jesus está se despedindo dos Seus amigos, lá no fundo eles tinham o mesmo desejo do ex-endemoninhado geraseno, que pedia ao SENHOR que o deixasse estar com Ele (Marcos 5.18). Jesus não o levou consigo porque o homem tinha uma missão a cumprir: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (Marcos 5.19). A partir desse ponto, a vida dos apóstolos passa a ter o seu referencial na Pessoa e obra do SENHOR. Por isso, saem pelo mundo, lutando contra homens e contra anjos, anunciando as boas novas. O máximo que poderia lhes acontecer era os homens matarem o seu corpo. Para resolver esse risco, eles lembravam das palavras de Cristo: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10.28). O que esses homens fizeram durante o império Romano não tem explicação, senão pela força da ressurreição de Cristo. Eles literalmente “transtornaram o mundo” com o Evangelho (Atos 17.6). Depois da ressurreição, era impossível parar os apóstolos. É impossível deter uma pessoa, cuja fé desafia a própria morte. A ressurreição fez isso com os apóstolos. Quando o Sinédrio e, depois, o imperador romano se levantaram para calar os apóstolos sob a ameaça da morte, eles voltavam para as Escrituras, que agora entendiam bem, e zombavam da morte, dizendo:
Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Coríntios 15.54-55).

            Que a ressurreição de Cristo mude a nossa vida, restaurando nossa esperança e certeza da fé...
            Fui desprezado, mas Ele está vivo.
            Sofri uma grande perda, mas Ele está vivo.
            A vida não está fazendo o menor sentido, mas Ele está vivo.
            Não sei o que fazer, mas Ele está vivo.
            Nesse mundo, tudo perdeu a graça, mas Ele está vivo.
            Estou envelhecendo, mas Ele está vivo.
            A doença está me consumindo, mas Ele está vivo.
            Estou às portas da morte... então estou a um passo da casa do Pai, porque Ele está vivo.
             Então, já que Ele está vivo, não tenho outra opção, exceto dizer como Tomé:

Senhor meu e Deus meu!” (João 20.28)

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.




Nenhum comentário: