O MELHOR DESCANSO
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados,
e eu vos aliviarei.” (Mateus 11.28)
Cheguei em casa por volta das 23:00,
depois de um longo dia. A oportunidade de pregar naquela conferência
missionária foi um prazer, mas o corpo e a mente estavam cobrando seu preço. Enquanto
já me preparava para deitar, não resisti à tentação e resolvi ler os últimos
e-mails do dia. Para minha ‘surpresa’, o diretor do mestrado educadamente me
fez lembrar de algumas tarefas atrasadas (‘ele nunca esquece...’) e as
penalidades previstas para os atrasados. A princípio, vem aquele pensamento
perigoso de autocomiseração... ‘Isso não
é justo. Ele pensa que eu atraso sem motivo? Será que ele não sabe que tenho
muitas responsabilidades?’ Depois, vem a sensatez... ‘estou reclamando de quê...?’ Não tinha o que reclamar. Decidi fazer
esse curso por entender tratar-se de uma excelente ferramenta para o
ministério. Ninguém me obrigou a tal. Então, só me restava uma opção: sentar
até às 2 da manhã, a fim de colocar algumas tarefas em dia. Ainda tinha o que
fazer, mas não dava para ir além. Logo cedo deveria estar de pé para
recepcionar os pastores que vinham para uma reunião de dia inteiro, sem
esquecer que a noite a ‘luta’, isto é a conferência, continuava.
Desde que Adão tornou nosso trabalho árduo, cumprir
nossas responsabilidades em meio ao ‘suor do rosto’ é uma condição inescapável.
Ou seja, precisamos estar prontos para o e cansaço e aprender logo a lidar com
o esse fato da vida de uma maneira bíblica.
Indo direto ao ponto, minha tese é a saída para o
cansaço da vida é Cristo. Sabendo bem o que significa trabalhar duro ‘antes que chegue a noite, quando ninguém
pode trabalhar’, o SENHOR Jesus nos chama para o Seu descanso, pois Ele
conhece a nossa estrutura e ‘sabe que
somos’. É gratificante saber que o nosso SENHOR se preocupa em nos dar descanso
integral, quando os fardos da vida estão além das nossas forças. Ele fez isso
com Seus discípulos nos dias do Seu ministério terreno: “E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num
lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem
numerosos os que iam e vinham.” (Marcos 6.31)
Não há dúvidas de que o descanso oferecido por Jesus a
pecadores cansados e sobrecarregados, embora se dirija em primeiro lugar ao
coração, terá reflexos no corpo. Somos seres integrais, indivisíveis. Um corpo
exausto, tende a carregar um coração também exausto, abatido e sem esperança.
Mas o inverso é também verdadeiro, afinal,
“O coração alegre
aformoseia o rosto...” (Provérbios 15.13). A alma alegre em
Cristo, vence o desânimo que pode nascer do cansaço físico.
Correr para o descanso de Cristo é necessário sempre,
mas se torna urgentíssimo quando estamos sufocados pelo excesso de trabalho.
Trabalhar é uma bênção e um dever bíblico, mas quando, por algum motivo,
precisamos trabalhar além do que normalmente somos capazes, colocamo-nos em
situação de perigo espiritual. A razão é que, quando estamos fisicamente
cansados, o que não é raro nesses dias de vida agitada, ficamos mais
susceptíveis ao pecado. Não raro, nesses momentos, nosso coração enganoso nos
diz: “Você trabalhou muito. Não seja tão exigente agora. Você merece relaxar um
pouco.” Com certeza, não é pecado relaxar um pouco, a fim de refazer as forças.
O problema é relaxar demais, descuidar da vigilância espiritual, baixar a
guarda quanto aos perigos do pecado. O corpo pode até relaxar, mas a carne, o
mundo e o diabo nunca relaxam. Por isso o conselho do apóstolo Paulo é tão
propício: “Depois de terdes vencido tudo,
permanecer inabaláveis” (Ef. 6.13)
Um
grande benefício de corrermos para Cristo na hora da exaustão física é o
refrigério que nos vem por causa da incomparável paz do SENHOR, que guarda
nossa ‘mente e coração’ em Cristo
Jesus. O cansaço excessivo perturba nossa mente e, não raro, nos traz
impaciência, ansiedade, medo e preocupação. Cria-se um situação delicada, pois
a mente perturbada aproveita o corpo exausto e nos aprisiona. De repente,
estamos num labirinto espiritual, sem perspectiva e sem futuro. Nossos olhos
não conseguem enxergar um amanhã diferente e o desespero bate à porta. Um dos
efeitos da mente perturbada, por exemplo, é a dificuldade em conciliar o sono.
Mesmo quando conseguimos pregar o olho, o sono não é suave. Mas quando
descansamos em Cristo, lançando sobre Ele todas as nossas ansiedades, nossa
alma se liberta, o sono será sempre revigorante, pois... “Quando te deitares, não temerás; deitar-te-ás, e o teu
sono será suave” (Provérbios 3.24)
Cada vez mais a ciência médica nos
ensina que devemos reconhecer a relação entre o corpo e a alma. As doenças
psíquicas oriundas das dores emocionais e perturbações do coração ferido,
terminam manifestando-se na pele, nos músculos e no sangue. Portanto, se
aprendermos a correr para nosso Amigo Perfeito, sentiremos alívio no coração e
no corpo...“O olhar de amigo
alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos.”
(Provérbios 15.30)
Minha impressão é que as coisas não
tendem a melhorar. Vamos continuar correndo e vendo muito suor escorrendo do
rosto. A vida nesse mundo caído vai continuar impondo sobre nós longas jornadas
de trabalho. Portanto, aprendamos de uma ver por todas a correr para Aquele que
nos leva para juntos ‘das águas de
descanso.’ O peso da vida poderá curvar o nosso corpo, mas nunca poderá
secar o nosso Espírito, pois conhecemos a Fonte de Água viva, onde nos
refrescamos e renovamos nossas forças.
Nada neste mundo pode nos ajudar a
vencer completamente o cansaço da vida. Os entretenimentos trazem apenas
paliativos, mas nunca serão uma fonte renovável de força e esperança. A
descanso está em Cristo, e Ele pode ser encontrado na Sagrada Escritura. Basta
não sermos rebeldes, como foi Israel... “Assim diz o Senhor:
Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o
bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles
dizem: Não andaremos.” (Jeremias 6.16)
Como é bom saber que em Cristo posso ter até descanso
para o meu corpo. Assim, quem sabe, conseguirei
terminar meu curso!
A serviço de Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
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