terça-feira, 20 de março de 2018




MINHA CULPA, MINHA MÁXIMA CULPA!

Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo.” (Isaías 57.20)

            O pregador empolgado, no culto campal, querendo mover os ouvintes a levar em conta sua responsabilidade pela  morte de Jesus, dizia em alto e bom som… literalmente em ‘em bom som’: “A culpa é minha, a culpa sua… todos somos culpados da morte!” Um homem que passava perto, ouviu essas palavras, mas não pegou todo o contexto. Ao virar a esquina, um transeunte lhe indagou: “Por que toda aquela gente está reunida na calçada?” Sem titubear, o homem respondeu: “É melhor não passar por lá. Alguém morreu e todo mundo que chega é culpado.”

            Há alguns dias que os noticiários brasileiros jorram um mar de lodo e lama, que parece não ter fim. A chamada operação Lava Jato, pode até lavar, mas vai nua vai ser a jato. Com tanto sujeira, não dá para apressar o passo. Para onde quer que o ‘jato' da justiça se dirija, enxurrada de lama se desprega das paredes de Brasília. A impiedade revelada em cada fase, faz-nos lembrar a expressão forte do profeta Isaías: Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo.” (Isaías 57.20). Lama o lodo… perfeita combinação com Lava Jato!

            Depois da inclusão do nome do presidente em um processo de corrupção passiva, o espírito de revolta tomou conta da nação. No vácuo da conduta política vergonhosa, aproveitadores de todas as extirpes, alguns, inclusive, com os nomes enlameados, já se apresentam como salvadores da pátria. Estamos perto de ouvir novamente que ‘a esperança vence o medo’, numa outdoor cheio de estrelas vermelhas. Assim, por meio de messianismo barato, líderes populistas promovem greve geral e acirram os ânimos da população, a fim de fazerem a nação se sentir vítima dos políticos, como se os políticos não fossem a representação ‘encarnada e esculpida’ da própria nação. Caso se confirme o impeachment do presidente (acho que vamos ganhar mais uma marca vergonhas no livro dos recordes), um dilema imediato surgirá: Quem ocupará o cargo? A justiça precisa ser feita, mas vamos sair do forno e cair na frigideira, de novo. Não é realmente uma calamidade que numa nação tão grande, os homens de bem não queiram se apresentar como líderes políticos? Infelizmente, por conta da podridão no meio político, homens de bem preferem ficar distantes, entregando a liderança da nação a ‘homens de mal’. O motivo é legítimo, mas, assim mesmo, o fato não deixa de ser uma calamidade.

            Agora que a podridão da corrupção ameaça as entranhas da nação, com os efeitos batendo à porta do ‘cidadão comum’, cada um tira o corpo de banda e se prepara para atirar a primeira pedra no primeiro político de plantão. Sejamos um pouco mais honestos! Se pedrada é o castigo para os oportunistas, cobiçosos, violadores da lei e especialistas no jeitinho, que o Brasil todo entre na fila do apedrejamento! Somos um povo dado à corrupção. O legislativo faz de conta que legisla e nós fazemos de conta que obedecemos. É uma mão lavando a outra. Exagero? E a gorjeta para o guarda de trânsito? E a propina para o fiscal da prefeitura? E a ultrapassagem pelo acostamento? E o prato abarrotado, que não deixa nada para os que estão atrás? Por favor, sejamos honestos ao menos para dizer: a culpa é minha!

            E, se a população como um todo não pode escapar, o que dizer dos cristãos bíblicos? Aqui a culpa é ainda maior.  Os números dão conta de uma parcela de quase 30% de evangélicos. Se apenas uma pequena cifra desse montante fosse composta de autênticos discípulos de Cristo, a gangrena da corrupção encontraria resistência. Mas, esse não é o caso, e seguimos para o caos, pois o sal se tornou insípido.

            Nasci em um lar cristão bíblico e, por isso, fui poupado dos ritos de iniciação ao catolicismo, bem como das demais práticas sacramentais. Apesar disso, li e ouvi de uma reza católica que, em certa altura diz: ‘Confesso… que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e ações por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa.’ Estas palavras, parte de uma oração penitencial de confissão,  foram introduzidas na missa no século XI. A reza está cheia de equívocos reprováveis, pois o ‘penitente' faz sua súplica repetitiva não somente a Deus, mas a Maria, aos apóstolos e até ao arcanjo Miguel. Ou seja, a teologia da oração é absolutamente repulsiva aos que têm nas Escrituras sua única regra de fé e prática. Mas, a expressão em que o pecador assume plena responsabilidade pelos seus pecados, inclusive representando sua tristeza pelo bater no peito, é interessante. E, já que somos uma nação católica, que bom seria se cada brasileiro, olhando a miséria da nação, batesse no peito e confessa honestamente… 'minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa.’ Quem sabe assim, a consciência de pecado seria ressuscitada e, dos céus, ouvíssemos a absolvição misericordiosa do Deus Santo: “meu perdão, meu perdão, meu máximo perdão”.

            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.


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