“Há caminhos que ao
homem parecem direitos, mas ao final são caminhos que conduzem à morte”
(Pv 16.25).
“O passado não existe, o futuro você
decide”. Como em outras ocasiões, a frase no vidro traseiro do carro me chamou
a atenção. Mas palavras e frases são como parafusos, soltas significam muito
pouco. Precisam estar agarradas a um contexto que lhes forneça sentido. Neste
caso o contexto era uma sigla: PMDB.
Matei a charada: o partido está
lançando mão do mirabolante marketing de campanha, a fim de angariar votos.
Está se beneficiando de uma contradição da chamada liberdade democrática.
Segundo nossos preceitos civis, nas urnas o cidadão terá o direito de escolher
seus representantes. Mas o marketing tem também o seu direito de dar uma
mãozinha na hora do exercício da 'liberdade' de escolha. Por isso, o resultado
eleitoral pode não representar exatamente o que o povo queria, mas a melhor
imagem que foi vendida durante a campanha. Quando isso acontece, e acontece com
frequência, pode-se dizer que os eleitores estarão votando na melhor agência de
propaganda, não no melhor candidato.
Mas,
e quanto à frase? O passado não existe mesmo? Há controvérsias, pois o passado
não existe, mas subsiste nos seus efeitos. Fatos não voltam, mas deixam
consequências. Conforme as palavras acima proferidas por Salomão, em certos
momentos, os homens podem se enveredar por caminhos tortuosos, que são sementes
de morte no futuro. Assim, quando o relógio der mais uma volta transformando o
passado, o presente e o futuro no seu antecessor imediato, as decisões passadas
continuarão a brotar em frutos amargos que podem perdurar eternamente,
misturando as extremidades do tempo.
E quanto ao futuro? Bem, esse está
totalmente fora do nosso controle. Mesmo que os políticos digam o contrário.
Neste caso, a sabedoria popular é mais segura: “O futuro a Deus pertence”.
Ainda bem, pois quando os homens querem dominar o futuro, o presente se torna
um desastre. O que o futuro nos reserva, só Deus realmente sabe. Isso vale para
a política e para os políticos. E não precisamos ir longe. Quem poderia, há
quatro anos, imaginar o futuro do ex-presidente Lula? Com sua incontestável
capacidade de inclinar a opinião popular, era certo que sua influência política
ditaria os rumos da nação por vários anos. Infelizmente, as previsões otimistas
não estão se confirmando, pelo menos no pleito que se aproxima. Um câncer na
garganta abateu o vigor do presidente, atingindo sua principal arma: a voz. Em
recente aparição pública, Lula precisou ser auxiliado para chegar ao assento
central da grande mesa, na cerimônia realizada em sua homenagem. Sequer teve
forças para discursar em pé. A criatividade e emotividade do improviso, suas
marcas registradas, também não funcionaram. O presidente teve que ficar preso
ao papel. Se os homens tivessem poder sobre o futuro, tais histórias não
existiriam.
Ao invés de lamentar o passado ou
tentar manipular o futuro, os homens deveriam se concentrar no presente. É
apenas no presente que se acham as possibilidades de agirmos no tempo. Não
podemos ressuscitar o passado, mas podemos aprender a lidar com suas
consequências. As palavras de Jesus à mulher pega em adultério ensinam essa
verdade: “Vá e não peques mais”. Ele está aconselhando que a mulher aproveite a
graça do Seu perdão quanto ao passado e viva diferente no presente. Mas não
podemos demorar. É preciso diligência, pois o presente se torna em passado
muito rapidamente, pois “tudo passa
rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90.10).
O que os homens precisam é lembrar
que entre o passado e o futuro está o presente. E acima de tudo e de todos está
Deus. O tempo está nas Suas mãos, pois foi criado por Ele. Seu poder é tão
grande e Sua graça tão infinita, que Ele pode reconstituir nossa história,
apagando as marcas de um passado de trevas, levando-nos para um futuro de
glória. Por isso, bem faremos se ouvirmos novamente as palavras de Salomão: “Reconhece-o em todos os teus caminhos, e
ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3.6).
“Hoje
é o dia que fez o Senhor”. Portanto, “Hoje
se ouvirdes sua voz, não endureçais o vosso coração”.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
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