As palavras do pai foram como uma
espada a dilacerar o coração da criança de apenas 8 anos de idade: “Filho,
papai não vai mais morar com a mamãe. Papai vai morar noutra casa”. Sem conseguir aprofundar a conversa, mas com
a voz embargada, o menino perguntou: “Por que, papai? Eu não quero que você vá
embora”. E começou a chorar. Era de partir coração de um pai... se ainda
houvesse sensibilidade. Neste caso não havia, e o pai insiste em querer dar ao
filho uma razão sem razão: “Filho, papai e mamãe não se amam mais... mas eu
queria saber com quem você quer ficar, com papai ou com mamãe?”. E o garotinho
respondeu sem pensar um instante: “Quero ficar com os dois”. Mas não adiantou.
O egoísmo já havia dominado o coração. Nem as lágrimas do filho faziam
diferença.
Noutra situação, estou numa praça e
vejo a mãe e três crianças se aproximando. O pai, que esperava dentro do carro,
saiu para receber a família. Correndo
na frente, vinha a filha menor... uns 7 aninhos. Dava para notar a felicidade
dela em poder abraçar o pai. Era cedo da manhã, e evidentemente ele não dormira
em casa. Esse abraço foi o que faltou antes de dormir. Talvez, a mãe a tenha
consolado dizendo: “amanhã de manhã vamos encontrar o papai”. A tristeza
noturna do seu coraçãozinho não posso mensurar, mas a alegria vibrante do
encontro matinal com o pai podia ser vista mesmo por alguém que observasse de
longe, como era o meu caso. Entre a mãe e o pai a saudação foi monossilábica,
um simples oi. As outras filhas um pouco mais velhas pareciam indiferentes.
Certamente a dor da distância não se vencia com um encontro de alguns minutos no
banco de uma praça.
O pai abraçou afetuosamente a filha
menor, que logo sentou no seu colo. Ele beijava a filha que falava sem parar.
Talvez o atualizando acerca dos acontecimentos em casa, tentando fazê-lo
participar um pouco da vida familiar. Claramente ela se esforçava para ser o
elo na família despedaçada. Mas era uma luta solitária. Entre o casal não tinha
a menor afeição, e as outras crianças não davam uma palavra. Bem que o pai
tentava abraçar as outras, mas elas se esquivavam. Então, ele compensava
abraçando a pequena.
Já vi pais que abandonam seus filhos
e se consolam com a frase paliativa que alguns terapeutas (muitos que também
abandonaram seus lares) cunharam para aliviar o peso na consciência: Tempo de
qualidade. Chegam a tentar defender a tese absurda de que filhos de pais
separados que tem tempo de qualidade com seus pais, mesmo que seja por algumas
horas na semana, não sofrem os traumas da separação. Esses são realmente os
ditos “sábios” que aos olhos da Palavra de Deus são loucos. Não existe fórmula
nenhuma que faça com que uma criança vivendo distante dos seus pais não sofra
horrivelmente.
O que é isso? Por que tantos lares
se desfazendo? A Bíblia responde dizendo que nos últimos dias os homens iriam
se tornar egoístas, insensíveis, sem amor pela família (2Tm
3.1-3; Rm 1.31). Eis a cena da nossa sociedade. Os homens são assim, e ainda
são aplaudidos por procederem dessa maneira.
Enquanto isso, centenas de crianças
continuam clamando pelo retorno dos seus pais, pela continuação da família,
pela bênção de irem dormir sabendo que papai e mamãe estão dormindo juntos. Há
dificuldades na vida a dois? Certamente. Mas nada que esteja acima do poder de
Deus, nada que justifique o sofrimento de uma criança que em lágrimas diz: “Não
vá embora, papai”.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário