“Sabemos que Deus
age em todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8.28)
Era a
tarde do dia 29 de março de 2011 quando o repórter José Roberto Burnier entrou
no ar numa chamada do plantão jornalístico da Rede Globo. Visivelmente
emocionado, anunciou: “... o coração do ex-vice-presidente José Alencar parou
de bater. Termina assim uma agonia de mais de treze anos de luta contra os
tumores... É uma luta. José Alencar foi um guerreiro, todo mundo sabe, ele
sempre disse que iria continuar lutando, mas, infelizmente, essa doença, o
sarcoma, acabou vencendo”.
Tendo
sido designado para acompanhar a evolução do quadro de saúde de José Alencar, o
repórter terminou como amigo pessoal do vice-presidente. Impressionado com a história de José Alencar
resolveu escrever um livro biográfico: Os Últimos Passos de Um Vencedor.
Nessa obra está documentada a saga de José Alencar, sua batalha feroz entre a
vida e a morte.
Disposição
e saúde nunca faltaram a José Alencar, e por isso cresceu na vida. Embora filho
de uma família muito humilde, tornou-se um dos homens mais ricos do Brasil.
Como se dizia, José Alencar era um “touro” para trabalhar, por isso, a doença
foi uma desagradável surpresa na vida desse homem forte. Até aos 66 anos,
Alencar gozara de uma saúde de ferro, passando em hospitais apenas para visitar
parentes e amigos. Mas de repente tudo mudou a partir de um leve desconforto no
estômago. Uma bateria de exames constatou um tumor no rim e um no estômago. Com
isso, Alencar perdeu o rim direito e três quartos do estômago de uma só vez.
Pouco depois, em avaliação médica de rotina, descobriu um problema cardíaco:
uma isquemia que impedia a irrigação sanguínea na parede lateral do ventrículo
esquerdo do coração. Até aí, embora graves, os problemas de saúde vinham sendo
bem administrados sob os olhares dos melhores médicos do Brasil e dos Estados
Unidos. Porém, passado mais um ano, veio
a pior notícia: o vice-presidente fora acometido por um inimigo imbatível, um
histiosarcoma, tumor maligno alojado na membrana que envolve o abdômen. Por
causa de todos esses problemas, Alencar se submeteu a dezoito cirurgias de alto
risco. Em uma dessas cirurgias, ficou com o abdômen aberto por dezoito horas
seguidas, para a retida de dezessete tumores. Era o tipo de cirurgia que os
médicos chamam “arrasa quarteirão”.
A coragem com que José Alencar
enfrentou a luta contra o câncer emocionou o Brasil. Quando os próprios médicos
mostravam-se desanimados, Alencar dizia: “Alguém aqui está com medo? Não é hora
para recuar, não vamos jogar a toalha”. A perícia cirúrgica era dos médicos,
mas o ânimo e motivação vinham do paciente.
Isso não significa que José
Alencar nunca tenha passado por momentos de desânimo. Depois de ser desenganado
nos Estados Unidos, tendo sido erguido por um elevador de carga por não ter
disposição para subir a escada de embarque do seu próprio avião, José Alencar
fez a longa viagem de volta em completo silêncio, talvez meditando sobre o
pouco tempo que lhe restava, especialmente pensando acerca do seu netinho,
acerca de quem declarava ter o sonho de
vê-lo crescer.
A
pergunta que todos faziam era: de onde vem tanta coragem para esse homem a
ponto de ser capaz de lutar contra as adversidades com tanto heroísmo? Muito
poderia ser dito em resposta a essa pergunta, mas ninguém pode negar que
Alencar entendia que Deus estava no controle da vida e da morte, pois afirmava:
“... Você vai viver o tempo que Deus quiser que você viva. Eu não posso pensar
que vai acontecer alguma coisa comigo sem que Deus queira... Deus não me deve,
e nem eu quero que Ele me dê um dia a mais de vida de que eu não possa me
orgulhar... A minha vida, como a de todos, está nas mãos de Deus. Não adianta
pensar diferente”.
Obsevando
a história de José Alencar, a única coisa lamentável é sua falta de
conhecimento bíblico. Ele tem fé e uma noção clara da soberania de Deus, mas
poderia ter tido mais de Deus se tivesse conhecido a revelação de Deus nas
Escrituras. No entanto, mesmo tateando quanto às verdades espirituais, José
Alencar termina nos desafiando. Na verdade, podemos afirmar que esse homem com
tão pouco conhecimento específico de Deus, termina sendo um exemplo para os
filhos de Deus.
Não é estranho que um homem com
sua fé difusa mantenha a esperança quando considera o controle de Deus sobre a
vida humana, enquanto nós, servos de Deus, entramos em desespero diante de
provações muito menores? O que de pior poderia acontecer a um crente em Cristo?
A morte? O que é a morte, senão a porta de entrada para a glória de Cristo, que
é incomparavelmente melhor? O que o homem natural conhece de ouvir falar, o
crente em Cristo tem a possibilidade de experimentar. Afinal, “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro
bem presente na angústia”. Note bem: socorro
bem presente. Na bonança Deus está
presente, na provação Ele está bem presente.
Se José
Alencar, sem conhecimento bíblico afirmava o controle soberano de Deus, nós, os
servos de Cristo, podemos com muito mais propriedade e convicção declarar:
“Deus está presente realizando seu
plano que há de se cumprir. Está
tudo sob controle. Louvado seja o nome do Senhor”.
A
serviço do Mestre,
Pr.
Jenuan Lira.