quinta-feira, 9 de agosto de 2012

BÊNÇÃOS NAS MÃOS


Muitas vezes, somente as coisas boas e inusitadas nos despertam a gratidão a Deus. Deixamos de ver a infinidade de bênçãos “comuns” que fazem tremenda diferença na vida. Quando precisamos acrescentar um elemento estranho ao nosso corpo, notamos o quanto as coisas são simples e ‘gratuitas’ são importantes para tornar nossa vida agradável.
Há duas semanas, tentando pular um pequeno muro sofri uma luxação em um dos dedos. Com isso, pela primeira vez nesses meus vinte e poucos anos precisei imobilizar uma parte do corpo com gesso.  
 “Mas precisa mesmo de gesso doutor?”. Perguntei, suspeitando qual seria a resposta. “Realmente não quebrou, mas acho bom fazer uma tala... Coisa simples!”. Algo me dizia que não seria tão simples. Mas aceitei resignado, consolado com a palavra ‘tala’. Afinal, um vocábulo tão pequeno deve designar algo que causará pouco incômodo.
Não demorou e minhas suspeitas começaram a se confirmar. O que fora prometido ser simples começou a ficar complexo. Na saída, já não pude dirigir, e tive de cancelar um compromisso para aquela noite. Logo descobri que os dois dedos que resistiram à prisão não podiam realizar tranquilamente as tarefas mais simples, tais como levar comida à boca, escovar os dentes, tomar um banho e amarrar os sapatos. Na hora de dormir, então, o que fazer com essa ‘tala simples?’.
Você já agradeceu a Deus por poder segurar firmemente a escova de dentes? Não lembro uma única vez que tenha feito isso. Algo tão valioso, que tenho desprezado com minha ingratidão. Olhando demais para o que não temos, deixamos de agradecer pelo que temos. Posso até não estar onde eu gostaria, mas ainda tenho meus dedos, e funcionando bem.
Infelizmente poucas vezes nos maravilhamos com as bênçãos da rotina fisiológica e todas as maravilhas que se processam dentro de no simples ato de um ciclo respiratório. Uma vez que tais bênçãos são rotineiras, passamos a considerá-las insignificantes.  Mas a verdade é que não são. Poder abrir e fechar as mãos sem dor e segurar a colher que nos alimenta é uma grande e maravilhosa bênção que Deus nos concede. Em um só dedo existem músculos, ossos, articulações, pele, vasos, sangue, células e gordura. Compare, por exemplo, o movimento de um dedo humano, com os movimentos de um dedo mecânico acoplado ao mais avançado robô. Nossos dedos têm leveza, destreza, agilidade e infinitas possibilidades de movimentos. O dedo mecânico é duro, lento, predeterminado e destituído de beleza. 
Atos corriqueiros transcorrem de maneira tão automática que chegamos a esquecer o quanto fazem diferença na vida. Estamos esperando coisas espetaculares para ficar certos de que Deus está agindo em nós, mas o grande espetáculo está em poder passar um único dia que seja dentro dos limites da normalidade. É bom lembrar que a normalidade da rotina, fonte de frustração para muitos, pode ser uma prova especial do quanto Deus nos tem abençoado. 
            Está faltando motivação para louvar a Deus? Não precisa ir longe, basta olhar para os seus dedos. Se acha que isso é muito pouco, espere até que você precise imobilizar apenas um deles.
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.

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