quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

ADORANDO A INDECÊNCIA

Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o Senhor.” (Jeremias 6.15)

            Por pura falta de criatividade ou, pior ainda, pelo desejo de revelar seus valores, um forrozeiro pop, que caiu nas graças de muitos brasileiros, acrescentou ao seu nome o título de safadão. Para nossa tristeza, trata-se de mais um cearense que subiu os degraus da fama e da fortuna, materializando com primor a futilidade dos ‘famosos’ desse mundo. Ao jovem forrozeiro podem faltar talento e pudor, mas não falta dinheiro no bolso. Com suas ‘safadezas’, o rapaz vem faturando alto. Em 2015, dois clipes do ‘safado’ tiveram juntos mais de 120 milhões de visualizações. Simplesmente incrível.

            Em qualquer dicionário da língua portuguesa, o adjetivo safado será explicado como o qualificativo de alguém que é desonesto, incorreto, indecente ou obsceno. Apenas uma pitada de pudor teria sido bastante para o cantor desistir do horrível título. Mas, como é praxe entre os ‘famosos’, em lugar do pudor, força-se o humor. Assim, o rapaz não é safado, mas safadão. O sufixo aumentativo confere ao termo chulo um ar de jovialidade descontraída e uma conotação atraente à safadeza. A jogada é imoral, mas o povo gostou. Um termo antes reprovável, agora é bonito e rentável.

            Curiosamente, parece que o Brasil se tornou o país dos aumentativos indecentes: mensalão, petrolão, safadão etc. A etimologia é diferente, mas o sentido é o mesmo. Por trás de cada palavra está a inclinação à indecência, à desonestidade e à obscenidade. Enquanto palavras como justiça, decência e honestidade desaparecem do vocabulário nacional, seus antônimos tornam-se recorrentes e aceitos com naturalidade. Na realidade, olhando atentamente, parece que o ‘safadão cearense’ é apenas sintoma da imoralidade que corrói as entranhas do nosso país. Por incrível que pareça, as palavras do profeta Jeremias, proferidas no sétimo século antes de Cristo, descrevem perfeitamente a cena atual diante dos nossos olhos: “... cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se.”

            Infelizmente, nossos povo chegou ao ponto sem volta, no qual tudo que interessa é ‘pão e circo.’ Essa é a receita para se manter uma sociedade anestesiada. Dar ao povo o falso ‘pão’, levedado pelo fermento da corrupção, e, em seguida, mandar as massas para o circo do safadão. É obscenidade do começo ao fim. 

            A razão para essa calamidade? Salomão explica em forma de pergunta: “Até quando, ó néscios, amareis a necedade?E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?” (Provérbios 1.22) Movido pelo Espírito Santo, o sábio Rei de Israel explica que os homens, em seu estado natural, amam a necedade e desejam o escárnio. A iniquidade é agradável ao coração não-regenerado. Há uma relação passional entre o pecado e o pecador. Como diz o profeta Isaías, “as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (64.6). O resultado é antecipado também por Salomão: “Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição.” (Provérbios 1.32). Não tem jeito: o salário do pecado é sempre a morte (Romanos 6.23).

            Com tristeza, há que se admitir que a obscenidade faz parte da cena social brasileira. A falta de pudor e a promoção do que é impuro e destrutivo se alastrou em todas as esferas sociais. É desalentador reconhecer que nosso protesto será equivocado se focarmos apenas no ‘cearense safadão’, porque, na realidade, nos próximos dias nos confrontaremos com a confirmação de que vivemos em um ‘Brasil safadão’ - olha o carnaval aí, gente!!!

            Deus tenha misericórdia de nós!

            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.
           


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