ADORANDO A INDECÊNCIA
“Serão
envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem
sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu
os castigar, tropeçarão, diz o Senhor.” (Jeremias 6.15)
Por pura falta de criatividade ou,
pior ainda, pelo desejo de revelar seus valores, um forrozeiro pop, que caiu
nas graças de muitos brasileiros, acrescentou ao seu nome o título de safadão.
Para nossa tristeza, trata-se de mais um cearense que subiu os degraus da fama
e da fortuna, materializando com primor a futilidade dos ‘famosos’ desse mundo.
Ao jovem forrozeiro podem faltar talento e pudor, mas não falta dinheiro no
bolso. Com suas ‘safadezas’, o rapaz vem faturando alto. Em 2015, dois clipes
do ‘safado’ tiveram juntos mais de 120 milhões de visualizações. Simplesmente
incrível.
Em qualquer dicionário da língua
portuguesa, o adjetivo safado será explicado como o qualificativo de alguém que
é desonesto, incorreto, indecente ou obsceno. Apenas uma pitada de pudor teria
sido bastante para o cantor desistir do horrível título. Mas, como é praxe
entre os ‘famosos’, em lugar do pudor, força-se o humor. Assim, o rapaz não é
safado, mas safadão. O sufixo aumentativo confere ao termo chulo um ar de
jovialidade descontraída e uma conotação atraente à safadeza. A jogada é
imoral, mas o povo gostou. Um termo antes reprovável, agora é bonito e
rentável.
Curiosamente, parece que o Brasil se
tornou o país dos aumentativos indecentes: mensalão,
petrolão, safadão etc. A etimologia é diferente, mas o sentido é o mesmo.
Por trás de cada palavra está a inclinação à indecência, à desonestidade e à
obscenidade. Enquanto palavras como justiça, decência e honestidade desaparecem
do vocabulário nacional, seus antônimos tornam-se recorrentes e aceitos com
naturalidade. Na realidade, olhando atentamente, parece que o ‘safadão
cearense’ é apenas sintoma da imoralidade que corrói as entranhas do nosso
país. Por incrível que pareça, as palavras do profeta Jeremias, proferidas no sétimo
século antes de Cristo, descrevem perfeitamente a cena atual diante dos nossos
olhos: “... cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem
sabem que coisa é envergonhar-se.”
Infelizmente, nossos povo chegou ao
ponto sem volta, no qual tudo que interessa é ‘pão e circo.’ Essa é a receita
para se manter uma sociedade anestesiada. Dar ao povo o falso ‘pão’, levedado
pelo fermento da corrupção, e, em seguida, mandar as massas para o circo do
safadão. É obscenidade do começo ao fim.
A razão para essa calamidade?
Salomão explica em forma de pergunta: “Até quando, ó
néscios, amareis a necedade?E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E
vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?” (Provérbios 1.22) Movido pelo Espírito Santo, o sábio
Rei de Israel explica que os homens, em seu estado natural, amam a necedade e
desejam o escárnio. A iniquidade é agradável ao coração não-regenerado. Há uma
relação passional entre o pecado e o pecador. Como diz o profeta Isaías, “as
nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (64.6). O resultado é
antecipado também por Salomão: “Os néscios são mortos por seu
desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição.” (Provérbios 1.32). Não tem jeito:
o salário do pecado é sempre a morte (Romanos 6.23).
Com tristeza, há que se admitir que
a obscenidade faz parte da cena social brasileira. A falta de pudor e a
promoção do que é impuro e destrutivo se alastrou em todas as esferas sociais.
É desalentador reconhecer que nosso protesto será equivocado se focarmos apenas
no ‘cearense safadão’, porque, na realidade, nos próximos dias nos
confrontaremos com a confirmação de que vivemos em um ‘Brasil safadão’ - olha o carnaval aí, gente!!!
Deus tenha misericórdia de nós!
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.
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