sexta-feira, 30 de setembro de 2016

ABALADOS PELA VIOLÊNCIA

E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança.” (Salmo 39.7)
           
            Ainda doe nos ouvidos as notícias do assassinato da garotinha Rakelly, por quem oramos ao saber do seu desaparecimento.  À medida que a polícia desvenda os detalhes sórdidos do crime, ficamos todos comovidos e desnorteados. Uma linda garotinha de 8 anos, foi assassinada, abusada e teve seu corpo ocultado em uma cacimba... Como digerir tamanha maldade? Quem pode imaginar a dor dos pais e familiares?

            De cara, esse tipo de crime nos abala ao desvendar o potencial de crueldade que se abriga no coração humano. Que o homem é mal por natureza, contaminado pelo pecado e predisposto à rebelião contra Deus, desde o ventre materno, não é nenhuma novidade. O otimismo de alguns pensadores utópicos e as explicações sociológicas para a barbárie, não acham correspondência no mundo real. Mas, quando mapeamos a natureza humana à luz da antropologia bíblica, temos que admitir, mesmo com profundo desgosto, que esse tipo de crime não está fora de cogitação em nenhuma comunidade de pecadores. Ou seja, é possível em qualquer lugar onde haja seres humanos. Ainda assim, como não pode deixar de ser, ficamos aterrados e indignados, pois nos agride saber que um homem foi capaz de dar vazão a todo seu ímpeto perverso, não refreando seu instinto maligno sequer ante a doçura e inocência de uma criança.

            Também, nos espanta constatar que tais ocorrências são frutos amargos da certeza da impunidade que hoje caracteriza a sociedade. Por causa da maldade do coração humano, que tende a produzir anarquia, caos e crimes, Deus instituiu o governo humano, dando-lhe poder, inclusive, para ser Seu representante em decidir quando é necessário ‘trazer a espada’, aplicando a pena máxima sobre aqueles que cometeram o crime máximo. Paulo é claro e inequívoco ao afirmar, sob inspiração do Espírito Santo, que as autoridades  são ministros de Deus, para recompensar os que fazem o bem, e punir os que fazem o mal, sendo, no segundo caso, autorizado a agir como ‘vingador legal’ do mal que, em muitas ocasiões, precisa ser detido pela espada (Rm. 13:1-7). Paulo afirma que um dos motivos para pagarmos impostos é manter os magistrados, isto é o sistema jurídico, a fim de que possam desempenhar seu ‘ministério.’
   
            A certeza da impunidade não apenas estimula o crime, mas cria o ambiente para mais confusão na hora de punir o crime. Conforme os jornais tem mostrado, a casa do criminoso foi destruída pela população. Com certeza o próprio criminoso teria sido morto, caso tivessem colocado as mãos nele. Como não há justiça legal, muitos se sentem justificados em praticar ‘justiça ilegal.’ Esse é mais um sinal espantoso de que caminhamos para o caos. A justiça feita pela população é um ato gerado pela comoção relacionada ao tipo de delito, normalmente efetivada de maneira desordenada, por pessoas despreparadas para conter o mal e promover o bem social. Tudo é feito ao sabor da emoção, que, em outros momentos, pode ser despertada indevidamente e contra as pessoas erradas. Por exemplo, imagine a situação em que, por causa da manipulação popular de um político corrupto, companheiros de crimes conseguem mover uma turba insana contra os magistrados que o colocaram na cadeia. Seria, verdadeiramente, fazer ‘injustiça com as próprias mãos!’ Impossível? Sérgio Moro e outros magistrados da Lava Jato que o digam!

             Mas, tem outra coisa que me espanta: a propaganda do crime pela mídia. Em um mundo de seres predispostos ao mal, a cobertura exibicionista, ao vivo e à cores, nunca trará bom resultado. Sem querer ser anacrônico, pois não havia televisão na época do profeta Isaías, creio que faríamos bem em observar o seguinte versículo, no qual o profeta descreve o tipo de pessoa que desfrutará as bênçãos eternas:  “O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho de opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal,” (Isaías 33.15). A divulgação do mal desperta o prazer mórbido de muitos, simplesmente pela curiosidade degenerada de conhecer o mal. Isso é muito sério. Foi o desejo pelo conhecimento do ‘bem e do mal’ que fez Eva morder a isca da Serpente. Que conheçam os detalhes aqueles que são competentes para julgar o crime. O resto de nós pode não saber o que fazer com as informações. Ou, pior ainda, alguns podem querer duplicar o que ouviram!

            Casos assim me trazem à memória a situação de Ló, o servo de Deus que se achou vivendo em Sodoma e Gomorra, o qual era “... afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados” (2 Pedro 2.7). Infelizmente, à medida que os dias avançam, as aflições causadas pela libertinagem dos insubordinados só tende a avançar. Por isso, nossa esperança só pode estar em Deus. Por isso clamamos:
            “SENHOR, tem misericórdia dos pais da Rakelly,
SENHOR, tem misericórdia de nós!

            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.
           




           

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

MORTE DO ATOR DA GLOBO: A VIDA IMITA A ARTE?

Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira.” (Provérbios 26.18–19)

            A morte súbita do ator global Domingos Montagner comoveu o Brasil. Protagonista aparentemente importante da novela das nove, o ator se afogou no rio, que lhe servia de palco.
            Como minha lembrança novelística mais recente é de 1977, quando acompanhei A Escrava Isaura, que tinha no elenco Rubens de Falco e Lucélia Santos (‘é o novo...!’), não conhecia o ator, nem sua personagem. Mas fui informado sobre algumas curiosas coincidências entre a ficção de Velho Chico e o desfecho triste do último capítulo da vida do ator. Segundo consta, houve uma cena na qual Santo, personagem de Domingos Montagner, desaparece no rio, sendo dado como morto, muito semelhante ao que ocorreu na última quinta-feira. A diferença é que na ficção, ele foi salvo, mas na realidade a cena não teve um final feliz.
            Em casos assim,  surge a pergunta: a vida imita a arte? Seria a arte uma precursora da realidade, capaz de antecipar o destino das pessoas, especialmente em ‘episódios’ trágicos? A resposta simples é não! A arte não tem domínio sobre a vida de ninguém. O roteirista de uma novela não é Deus, portanto não pode determinar o capítulo final da vida de um ator. É fato que alguns produtores de arte apresentam-se como se fossem Deus, mas não são. Fiquemos tranquilos! A história está nas mãos de Autor da vida, não nas mãos dos autores das novelas.
            Por outro lado, por acreditar que Deus tem controle soberano sobre a vida de todas as pessoas, que o SENHOR controla até a queda de um insignificante pardal, não vejo espaço na verdadeira concepção cristã para acasos ou coincidências. Deus pode ter permitido e inclinado o roteirista para elaborar uma cena semelhante ao que iria ocorrer? Certamente, sim. Deus pode tudo! Mas, nesse ponto, o melhor que fazemos é ficar no campo da possiblidade, e com uma importante ressalva: ainda que certas ficções pareçam antecipações da realidade, isso não deveria nos fazer obcecados em tentar achar combinações entre o suposto côncavo da arte e o convexo da realidade. Caso contrário, em pouco tempo estaremos lendo literatura como quem lê horóscopo, que, aliás, é mais um esforço banal e profano de tentar antecipar e determinar o destino humano.
            Deixando de lado o Velho Chico, acerca do qual apenas li notas sobre a influência mística e as ‘práticas’ de magia negra na trama, o fato é que o mundo da arte, notadamente o da arte moderna, vive em animosidade com o Criador. Já faz algum tempo que artistas de renome se acham abaixo da chamada ‘linha do desespero’, como tão magistralmente declarou Francis Schaeffer. O que isso significa? É uma longa história, mas resumindo em poucas (será que consigo??), o que aconteceu foi que o homem moderno, resolveu se declarar independente de Deus. Algo à semelhança de Faraó dizendo a Moisés... ‘Quem é o SENHOR para que o tema?’. Mais recentemente o raciocínio era que Deus não tinha espaço no mundo onde da avançada ‘moderna ciência moderna.’  Contudo, apesar do avanço da ciência, o homem continuava o mesmo, e sendo ainda pior do que antes das incríveis descobertas científicas. Ao reconhecer essa triste realidade, os homens ficaram sem chão. Tinham pulado do barco do Criador, somente para descobrir que não iam atingir a margem, e a correnteza ia ficando cada vez mais forte. Se tivessem humildade, teriam pedido ajuda ao Salvador, mas preferiam continuar nadando, cansando e se afogando. Com sua sensibilidade, os artistas logo perceberam o problema. Mas não quiseram retornar à Fonte. Escolheram fazer de conta que eram Deus, caíram no desespero e até hoje continuam assim.
            Em meio a toda essa rebelião, vez por outra ficamos chocados com a ‘coragem’ de certos artistas. Muitas vezes brincam com a realidade do mundo espiritual, achando que não há nada do outro lado. Abrem suas bocas contra os céus e tentam fazer um jogo de faz-de-conta com as forças espirituais do mal. As histórias se repetem sobre fenômenos estanhos nos sets de gravação e na vida de atores de filmes diabólicos como o Exorcista, o Bebê de Rosemary, etc. Não posso dizer nada acerca da atual ficção global, embora não me surpreenderia se fossem reveladas coisas estranhas nos bastidores da novela. Sabemos que a Globo zomba de Deus e do Seu Filho, Jesus Cristo, sem a menor cerimônia. As verdades cristãs são sempre alvo de chacota, enquanto as doutrinas místicas e diabólicas são propagadas com fervor, respeito e paixão.
            Minha impressão é que o mundo virtual da arte, da tecnologia e do coração duro e contaminado dos homens está levando a humanidade a um ponto tal de delírio, que não se consegue mais separar a ‘realidade virtual’ da ‘realidade real.’ Das minhas observações no livro de Apocalipse, parece-me que essa tendência faz parte das estratégias malignas para dominar o mundo nos últimos dias. 
Há um mundo de obscuridade quando procuramos encontrar um ponto de intercessão entre a arte e a vida. Mas de uma coisa podemos ter certeza: de Deus não se zomba, nem que seja ‘de brincadeira’.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira