terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PERANTE OS OLHOS DO SENHOR


Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?” (Sl 139.7)

            Como abismo profundo, assim é alma do homem. Rastrear suas veredas seria inútil, pois, como popular e acertadamente se diz, “coração é terra que ninguém anda”.
            Por isso, poucas coisas neste mundo são mais secretas do que o pecado deliberado, visto que sua construção se dá nas partes mais obscuras do nosso ser. A iniciativa parte da mente, os propósitos se firmam na alma e os planos se desenham nas tábuas do coração. Assim, não há meios pelos quais podemos rastrear as sendas do pecado oculto, mas os olhos do Senhor o conhecem muito bem.
            O versículo acima, escrito por Davi, pode muito bem refletir sua experiência quando do pecado de adultério com Bate-Seba. Após a instalação da cobiça no coração do rei, a efetivação do ato foi uma natural consequência. A partir daí, Davi calculou bem cada passo a fim de manter o pecado em secreto. Por isso, quando soube que a mulher ‘casualmente’ tinha ficado grávida, Davi tramou um plano astucioso e aparentemente infalível. Primeiro, tentou ocultar o pecado oferecendo a Urias, o legítimo esposo de Bate-Seba, a oportunidade encontrar-se intimamente com sua mulher. Urias e os demais soldados de Davi estavam em guerra. Por isso, Urias recusou a oferta, pois lhe parecia como deserção do combate. Não podendo livrar-se da integridade de Urias, e vendo que logo o pecado seria descoberto e publicado, Davi deu um passo além, cometendo mais um pecado oculto: elaborou um plano para que Urias fosse morto em combate. E assim se fez, ficando Davi com a triste marca de ter cometido um dos atos de maior covardia de toda história humana.
            Salomão, filho de Davi, escreveu: “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los” (Pv 20.5). Se um homem inteligente pode discernir o que há oculto no coração, o que dizer do Senhor, cujos olhos observam todas as nossas veredas? (Pv 5.21). Dominado pela cegueira da paixão pecaminosa, Davi tornou-se irracional. Agindo como se Deus não existisse. Mas sua cegueira não muda a realidade. Deus continuava existindo e seguindo de perto os seus passos.
            Com a morte de Urias, Davi experimentou certo alívio. O medo da revelação do pecado deixou de existir. Urias fora morto “pelos inimigos” e o rei seria elogiado pelo seu ato beneficente “de cuidar da viúva”. Quando a criança nascesse não teria problema. Agora Bate-Seba era reconhecida com uma das mulheres de Davi, que tivera a “sorte” de ficar grávida logo no primeiro encontro. Tudo tinha saído como Davi planejara, exceto por um detalhe... “porém, isso que Davi fizera foi mal aos olhos do Senhor” (2Sm 11.27).
            Essa história nos traz uma grande lição: O prazer do pecado oculto se desfaz diante dos olhos santos do Senhor. Não há lugar secreto que nos oculte dos olhos de Deus. E no Salmo 139 Davi sabe disso muito bem, pois afirma que Deus de longe penetra os nossos pensamentos e conhece até a palavra que ainda não nos chegou à língua.
            Se em algum momento a paixão do pecado lhe seduzir por meio da falsa sensação do total ocultamento, lembre-se de “todas as coisas estão patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13).
            A serviço do Metre,
            Pr. Jenuan Lira 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

MUNDO DE FANTASIA

“Vaidades de vaidades, diz o Pregador; vaidades de vaidades, tudo é vaidade” (Ec. 1:2)

Era um e-mail igual aos outros. Era um e-mail diferente dos outros. Propaganda imobiliária, parte de uma campanha publicitária. Se dizia diferente, mesmo não tendo motivo para a alegada singularidade. Era porque era. E, se perguntâssemos ao pessoal do marketing qual era a diferença, as respostas seriam mais ou menos assim: “Bem, essa propaganda combina com o produto. É arrojada, arejada, interessante, atraente. É difícil de expressar em palavras, tem um ‘plus a mais’ (traduzindo: um mais a mais)... Traz um conceito ‘repaginado’, é isso..., sabe como é..., ‘tipo assim’... diferente, agradável aos olhos, sensacional. Pois é... entende? Como eu disse... É isso”. Honestamente, a resposta não pode ser entendida por niguém. É muita fala, mas nenhum sentido. Forma, sem essência. Ao final, a conversa teria que terminar de maneira vaga, e você seria forçado a dizer: “Então, tá!”.
No nosso mundo de fantasia tudo é nada, e nada é tudo. Tudo está em constante movimento e carece de estabilidade. Até as palavras precisam ser esticadas ao máximo, pois onde só há ilusão é difícil extrair significação. Não há clareza, não há razão. As coisas são porque são. Qualquer coisa serve para qualquer fim. À nossa volta vemos cores, brilho e odores, mais nada além. É um mundo encantador e deslumbrante na superfície, mas nos bastidores assustadoramente feio e frio. Neste caso, o melhor que fazemos é brincar de faz de conta.
Para termos certeza de quanto a fantasia domina o mundo, basta refletir sobre o crescimento estratosférico da economia chinesa. Impulsionada pelo vácuo da ilusão, o velho dragão se fortalece para dar o seu bote incendiário. Economistas, analistas internacionais e governantes estão em estado de alerta diante do crescimento supreendente da China. Mas quem poderá lutar contra as forças que dominam o coração? É difícil imaginar uma solução, pois a fantasia é a fonte de energia da indústria chinesa. Por isso seus tanques estão sempre abastecidos, e os motores a pleno vapor. É perigoso? É extremamente perigoso! Perigosíssimo, eu diria. Mas quem se importa com a ameaça vermelha? Sabemos (ou deveríamos saber, pelo menos) que os preços baixos da astronômica produção industrial chinesa é uma grande cilada para o mundo. Mas o entorpecimento da fantasia que nos domina impede que façamos uma análise responsável. Por que deveria me preocupar com a tristeza de um futuro amargo, se posso, a baixíssimo preço, saborear os benefícios de uma doce ilusão presente?
É estranha a cena do mundo. A ilusão coletiva domina a sociedade. Tudo que importa são as sensações, mesmo as venenosas. Para isso, só há uma explicação. Salomão diz em Provérbios 27:7: “... para o faminto, todo amargo é doce”. Os homens tem fome de algo que lhes sacie as carências da alma. E, como desconhecem a Deus, a fonte de toda satisfação real, encantam-se com toda promessa de alegria que o mundo oferece. A propaganda que recebi terminava com o atraente apelo: “Para quem quer tudo agora”. O mundo é agora, mas Deus é para sempre.
Deixemos, pois, o encanto do mundo. Apeguemo-nos a Deus. A ilusão vem da China. A realidade vem do céu.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira.






O Chamado


Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob minhas vistas, te darei conselho” 
(Sl. 32.8)
            Muitos procuram sinais extraordinários para conhecer a vontade de Deus. Para mim, nada se compara ao rumo dado a Palavra de Deus. Se constantemente estou sendo guiado pela luz da Palavra, Deus não vai me mostrar todo o caminho da Sua vontade de Deus, mas vai me fazer me dar segurança para o próximo passo. E assim, de passo em passo, chegarei onde Ele sempre quis que eu chegasse. Na minha experiência, a vontade de Deus se experimenta no caminho da obediência no dia a dia, pois são na sucessão dos dias que se faz uma vida.
            Desde cedo, tinha certeza de que Deus tinha um plano para minha vida, e orava para que a Sua vontade se cumprisse.Os detalhes exatos Deus nunca me mostrou de antemão. Mas o contato com a Palavra de Deus me indicava se estava andando ou não no rumo certo. O hábito de ler a Bíblia diariamente foi uma herança bendita que recebi dos meus pais, que me incentivavam com as palavras e com o exemplo. Assim, guiado pela Palavra de Deus, minha decisão pelo ministério foi mais um ato de obediência do que um chamado propriamente dito. Isso porque aos doze anos minha mãe me desafiou a ler toda a Bíblia. Aceitei o desafio e não parei desde então.
            O processo da minha vocação foi lento, gradual e definitivo. Motivado pelas lições bíblicas que tinha semanalmente na igreja e pelos desafios e testemunhos de muitos obreiros que visitavam minha igreja e minha casa, bem cedo me senti atraído para o ministério. Mas era ainda criança e não tinha como levar aquela inclinação muito a sério.
Desde cedo, me envolvi na igreja, servindo em tudo para o que era solicitado.  Até que chegou o tempo de definir melhor o rumo profissional. Minhas inclinações infantis estavam meio apagadas na minha mente, e assim iniciei meu o curso universitário aos dezoito anos. Logo descobri que tinha acertado. Eu amava o curso e me desenvolvia na área já vislumbrando um futuro promissor.
Nesse tempo, eu estudava em Fortaleza e minha irmã, Joadan, no seminário do Cariri. Nossos caminhos e nossas conversas se cruzavam nas férias. As nossas experiências, ambiente de vida intelectual e matérias estudadas eram absolutamente diferentes. Suas aulas ministradas por servos de Deus, baseadas na Palavra de Deus eram muito mais interessantes. As minhas, eram na maioria das vezes dadas por ateus escarnecedores e arrogantes. Uma “inveja santa” brotava no meu coração, com uma ponta de preocupação, pois percebia que, devido a minha pouca maturidade espiritual, o ambiente universitário estava fazendo mal a minha alma. Os testemunhos da minha irmã causavam impacto e me faziam balançar quanto ao caminho a seguir. Mas não decidi de pronto. Estava ainda intoxicado com a atmosfera intelectual da universidade.
Perto da metade do curso, nas férias, mais uma vez fui para o retiro de jovens no acampamento batista em Iguatu. Pensava que seria um retiro como tantos outros. Mas não foi. O preletor, um missionário, estava falando sobre o chamado para servir ao Senhor, e no último dia nos contou seu próprio testemunho. Ele também, por longo tempo tinha no coração o desejo de servir integralmente no ministério, mas na juventude procurou esquecer aquele desejo.  Um dia, enquanto assistia a um jogo de futebol no estádio do Castelão, de repente se viu no meio de uma briga de torcidas. As torcidas se agrediam com pedras e pedaços de madeira. Muitos já lutavam sangrando, e a polícia não conseguia impedir o confronto. Com medo de ser esmagado pela multidão, ele procurou refugiar-se debaixo das cadeiras do estádio. E ali, vendo a morte bem de perto, pensou: Que estou fazendo aqui?Que estou fazendo da minha vida? Quem se aproxima da morte, geralmente reflete sobre o valor da vida.  Se eu morrer no meio dessa multidão, o que realmente fiz de valor com a vida que Deus me deu? E decidiu que, se saísse dali vivo, iria iniciar seu preparo para servir no ministério.
O testemunho do missionário foi a peça que faltava. Eu estava convencido de que servir a Deus era um caminho excelente. A Palavra de Deus tinha me ensinado isso. Meus pais tinham seguido por esse caminho, muitos dos meus tios e tias também haviam dedicado sua vida ao ministério. Nenhum deles estava arrependido. E fiquei pensando porque eu estava adiando a minha decisão. E se eu não tivesse tanto tempo como pensava, será que teria feito o melhor da minha vida? Foi assim que, naquela noite, Deus me arrastou para o ministério. E quando o pregador perguntou: “alguém deseja dedicar sua vida ao ministério?” em lágrimas eu respondi: “eu quero”.
Vinte e seis anos já se passaram desde aquela noite, e, pela graça de Deus, continuo afirmando: eu quero! Eu continuo querendo! Nem sempre tem sido fácil. As lutas e desafios fazem parte desse caminho, e algumas são tão intensas que parecem insuportáveis. Mas não resta a menor dúvida: servir a Cristo até agora foi o melhor que pude fazer na vida. Não posso vislumbrar outro caminho que me teria dado mais realização. Dificuldades, angústias e perseguições não significam nada ante o grande prazer de ser cooperador na expansão do reino de Cristo neste mundo. Se apenas mais um adorador de Cristo tiver sido acrescido ao Seu Corpo por meio do meu ministério, terá valido a pena todo esforço. Por isso, eu quero, e peço a Deus que mantenha esse querer até o meu último dia neste mundo. Até aqui Deus tem feito muito mais do que eu podia imaginar quando entrei nesse caminho, mas estou certo de que muito mais está por vir! A Palavra me orientou, Deus me convocou e aqui eu estou!
Esse é o meu chamado... pode me contar o seu?
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

As Escrituras


Nenhum livro tem sido tão perseguido como a Bíblia. Este livro sobreviveu aos mais ferrenhos ataques promovidos por reis, papas, imperadores, intelectuais, etc. Foi pela preservação divina que a Bíblia chegou até nós. Mas para que isso fosse possível, muitos tiveram que perder a própria vida.

Entre os mártires da Bíblia, encontramos  Tyndale (1494 - 1536). Tyndale foi desperto  para os desvios do "cristianismo" graças aos escritos de Lutero que circulavam na Inglaterra, apesar da condenação e queima pública dos livros de Lutero, ordenada pelo rei Henrique VIII em 1521. O desejo de Tyndale, portanto, era promover uma reforma na igreja inglesa por meio da tradução da Bíblia na língua do povo. Assim, começou a traduzir os textos a partir dos línguas originais, hebraico e grego.

Ao ouvirem acerca dessa tradução, os clérigos romanos iniciaram uma intensa perseguição a Tyndale. Por isso ele teve de fugir para Colônia, na Alemanha, onde se preparava para imprimir seus textos. Sendo descoberto por um padre alemão, Tyndale fugiu para Worms onde a reforma de Lutero progredia. Ali conseguiu completar seu trabalho e publicou duas edições de três mil exemplares cada, do seu Novo Testamento Inglês, em 1525. Os exemplares foram enviados à Inglaterra escondidos em peças de fazenda, sacos de farinha de trigo,etc.

Ao perceber que a tradução do Novo Testamento estava na mão do povo, o Bispo ficou irado e começou uma campanha para comprar todos os exemplares que eram encontrados, e queimava-os a cada domingo em praça pública, mas a fogueira era maior a cada semana. Um fato curioso é que o comerciante contratado pelo Bispo para comprar os Novos Testamentos era amigo de Tyndale e com o próprio dinheiro do Bispo foram impressos milhares de exemplares do Novo Testamento (Is 40:8).

Em outubro de 1536, Tyndale foi traído, preso e estrangulado, sendo depois queimado na estaca a mando dos clérigos romanos. Antes do último suspiro ele ainda conseguiu orar dizendo: "Deus, abre os olhos do rei da Inglaterra. Deus respondeu oração anos depois quando o próprio rei declarou oficialmente:" Em nome de Deus deixo a Bíblia ser espalhada entre o povo". Além disso, 50 anos depois o rei inglês financiou a impressão de milhares de Bíblias - a conhecida versão do Rei Tiago.

Os inimigos da Bíblia se foram, mas ela permanece triunfante. Isto nos faz lembrar as palavras do salmista:
"PARA  SEMPRE, Ó SENHOR,  ESTÁ FIRMADA  A TUA PALAVRA NO CÉU"  
(Salmo 119:89)

            A Serviço do Mestre
           
            Pr. Jenuan Lira.
"Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de Deus permanece eternamente" (Is40:8)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

CRUELDADE FRANCISCANA



“Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros,
vede não sejais mutuamente destruídos” (Gl. 5.15)

 Nada poderia ser mais estranho e fora de propósito do que o duelo mortal entre dois santos. No entanto, a chamada “guerra santa” não é um privilégio oriental. No interior do Ceará, neste momento, dois santos estão se degladiando.  
Trata-se da briga entre São Francisco de Canindé e Santo Antônio de Caridade. São Francisco, quem diria, sentiu-se ferido em seu orgulho ao notar que os devotos de Santo Antônio estavam lhe edificando uma estátua de admirável tamanho. Vendo-se, assim, sob o perigo iminente de perder espaço no mercado da fé, São Francisco, sem a menor caridade, mobilizou seus súditos a fim de desferirem um golpe humilhante no desprevenido Santo Antônio. Foi assim que, quando a estátua de Santo Antônio estava no ponto de receber a cabeça, São Francisco interditou a obra. Sem piedade. Por isso, o desejo dos devotos de Santo Antônio redundou em severa humilhação ao santo, uma vez que sua estátua se reduziu a um mero tronco decapitado.  Claro que essa não é uma atitude muito santa, mas foi assim que tudo ocorreu e os restos de Santo Antônio continuam na cidade como prova da fúria de São Francisco. Pobre Antônio! Se com todas as partes afixadas não passaria de mero ídolo inerte, imagine agora, sem a cabeça, que se encontra largada no chão, servindo de abrigo para formigueiros. Além da vergonha de não ter podido iniciar seu reduto de fiéis, Santo Antônio ainda poderá ser conhecido nas gerações vindouras como uma figura folclórica, fazendo dupla com a famosa mula-sem-cabeça. 
É interessante que à primeira vista, os santos brigões têm muitas semelhanças. Suas  respectivas cidades começam com a mesma letra. Têm estatura parecida (causa do ressentimento de franciscano), e deveriam ter o mesmo olhar sem vida, congelado na contemplação do horizonte. Se há tanto em comum, por que não resolveram seus dilemas de uma maneira mais santa, sem precisar lançar mão de medidas violentas? Deixar o pobre Santo Antônio sem cabeça é humilhante demais? Onde foi parar a caridade para com o santo de Caridade?  Afinal, o amor, a compreensão, a humildade e a paz não são lemas da oração franciscana? Não foi São Francisco que pediu... “Senhor, fazei-me um instrumento da vossa paz”?
            A triste briga dos ditos santos do interior do Ceará nos ensina que quando o orgulho domina o coração, até os santos são capazes de cometer atrocidades. Perdem a compaixão, se esquecem da misericórdia, desprezam a caridade e se acham no direito de desferir golpes mortais contra aqueles que lhes tenham ofendido. 
            Essa história nos remete aos santos segundo a Bíblia. Conforme as Escrituras os santos não são mortos canonizados pelos oportunistas decretos humanos, mas são todos os que confessam a Jesus como seu Senhor e Salvador, recebem o Espírito Santo como selo da sua redenção e são chamados a viver uma vida separada do pecado, buscando a paz e esforçando-se por alcançá-la. Mas infelizmente os santos nem sempre agem de maneira santa. Como Paulo advertiu aos gálatas, mesmo uma comunidade de santos pode se tornar um ambiente selvagem e hostil, onde seus habitantes procuram morder e devorar uns aos outros.
Por isso, se em alguma comunidade de santos reais, salvos por Cristo, a crueldade franciscana se manifestar, sem a menor piedade, infelizmente não terá sido mera coincidência... Essa história se repete constantemente...  Infelizmente.
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

MINHA MÃE, EU E A BÍBLIA

Foi um grande desafio para um menino de 12 anos. Mas minha mãe não hesitou em fazê-lo. Não sei até que ponto ela cria que daria certo, mas deu... E como deu! Naquele ano foi lançada uma semente eterna na minha alma infantil, que definitivamente mudou determinou os caminhos da minha vida.

Sou um privilegiado. Pela graça de Deus, nasci em um lar cristão. E mais do que isso, aprendi com meus pais a ler, memorizar e respeitar a Bíblia. A princípio a consideração pela Palavra era mais por mera imitação. Depois, por forte convicção de coração.

Meu pai não era um homem de grande leitura, mas era um leitor da Bíblia.... Mesmo não sendo letrado, aprendeu a apreciar as ‘sagradas letras’. Não tenho dúvida de que foi pela Bíblia que ele desenvolveu sua capacidade de leitura e interpretação, tornando-se apto a ser um pregador de Evangelho. Lia diariamente e por longo tempo, deixando-nos um bom exemplo. Mas foi minha mãe que um dia me desafiou a ler a Bíblia toda em um ano.
A idade era pouca, e o livro era muito. Mas a convicção do valor das Escrituras superou a aparente impossibilidade. Fez a proposta e ficou observando. Vendo que eu mordera a isca, tratou logo de me conseguir um calendário para o controle da leitura.
O começo foi empolgante, mas lá pelo mês de abril, eu estava pronto para abrir... Por vezes os últimos versículos do dia eram lidos em pé, para não me atrasar para o primeiro time no futebol da tarde. Mas não desisti porque o exemplo e as palavras da minha mãe renovavam o propósito de prosseguir.
Esse desafio era o que eu precisava para nunca mais deixar de ler a Bíblia através dos anos. Recordo com carinho de muitos presentes que minha mãe me deu, mas nada se compara ao seu incentivo para que eu me tornasse um amante das Escrituras. A Bíblia tornou-se minha companhia e cada vez mais me impressiono com seu valor. Agradeço a Deus e a minha mãe por me despertar o coração para amar as Escrituras.
O tempo passou, e nós fomos juntos. A tríade, minha mãe, eu e Bíblia pouco se encontra. Mas quando não somos três, pelo menos somos dois, pois se estamos longe um do outro, nunca nos acontece de ficarmos sem a doce companhia da Palavra de Deus. E assim vamos, por enquanto, entre lembranças, encontros e saudades andando no caminho eterno, esperando o dia em que nossos caminhos se cruzarão de uma vez por todas. Só então poderemos perceber em plenitude o quanto foi valioso o desafio da minha mãe. Pois a Palavra que nos uniu, um dia vai nos re-unir, para glorificar a Deus e se deleitar nos Seus ensinos.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira

A DESTRUIÇÃO EM 21 DE DEZEMBRO DE 2012


Segundo o calendário maia, ilusão consoladora de muitos místicos, o fim do mundo deverá ocorrer no dia 21 de dezembro de 2012. Na contagem da antiga civilização pré-colombiana, este foi o último diz assinalado. A conclusão é “óbvia”: se os Maias pararam aí é porque o mundo não passará dessa data. Foi por isso que estreou em todo mundo o filme 2012, uma superprodução de Hollywood, contando a saga dos que tentam sobreviver à catástrofe.


Não é a primeira vez que marcam o fim do mundo. William Miller, fundador do Adventismo anunciou o apocalipse para 3 de abril, depois 7 de julho, depois 21 de março de 1844. Finalmente mudou a data para 22 de outubro. As Testemunhas de Jeová esperaram o fim em 1914, mas já tinham fracassado na previsão anterior, que indicara 1874. O mesmo aconteceu com a previsão de 1975.
Jesus disse que ninguém, exceto Deus, pode marcar “os tempos e estações da Sua volta”. Isso não significa que Ele não vai voltar, mas que essa data Deus reservou à Sua exclusiva autoridade. E cada vez que os profetas modernos falham (e vão continuar), o efeito é descrença na verdadeira profecia bíblica.
Podemos ver isso já com a profecia apocalíptica dos Maias. A revista Veja e outras publicações já estão aproveitando o engano dos falsos profetas para desacreditar toda profecia. A matéria publicada na edição de 4 de novembro trata as profecias bíblicas com deboche e ironia. Os editores não podem separar o joio do trigo, pois lhes falta discernimento para tanto. Assim colocam tudo no mesmo saco, desferindo golpes gratuitos e severos contra a Palavra de Deus.
O mundo não vai acabar em 2012, pois, mesmo que considerássemos o derramamento do juízo divino anunciado por João como o fim do mundo, esse fim no mínimo deveria ser precedido por sete anos. Certamente o mundo vai sobreviver à data maia, mas o respeito pela verdade profética das Escrituras será ainda mais diminuído. Essa será a verdadeira destruição no dia 21 de dezembro de 2012.
Provavelmente, a profecia frustrada renderá à Veja mais uma capa sensacionalista. Os analistas e editores zombarão das Escrituras e tentarão, mesmo contra as evidências, nos convencer de que o esse mundo está melhorando a cada dia. E assim vão prosseguir até que se cumpra a Palavra do Senhor que diz “pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão” (I ts. 5:3).



A serviço do Mestre,




Pr. Jenuan Lira

terça-feira, 6 de novembro de 2012

EM BUSCA DE SOMBRA

Era um tempo mais simples. As coisas eram mais difíceis e cada um assumia suas responsabilidades como podiam. Não havia muitos botões para apertar. Mais do que os dedos, as pessoas usavam os músculos. Tudo era muito diferente, e até o sol parecia mais quente do que hoje.

Nesse tempo simples e escasso, meu pai iniciou seu primeiro ministério no interior do nosso estado. Muitos irmãos moravam em sítios distantes, e mostravam-se felizes quando recebiam a visita pastoral. Por isso, muitas vezes meu pai se propunha a enfrentar de bicicleta a longa estrada. Minha mãe sempre ficava apreensiva e temerosa, mas meu pai não via muitas alternativas. Assim, no dia marcado, a jornada tinha que iniciar bem cedo, antes do sol despertar, pois quando ele abria seus olhos, seu calor se tornava um obstáculo a mais. Muitas vezes eu o acompanhava, sempre na dúvida se conseguiria chegar ao fim. Minha mãe não tinha tanta certeza, mas meu pai estava certo de que eu era capaz de vencer o desafio. E era mesmo.

Até às 9:00 horas a viagem não era tão dura, mas daí em diante, era como se  cada um de nós tivesse um sol só para si, brilhando sobre a cabeça. Das paisagens cinzentas margeando a estrada, aqui e ali soprava uma leve brisa, mas já vinha temperado com o calor, trazendo pouco ou nenhum alívio. Olhando ao longe através do brilho solar, montanhas e rochas tremiam no horizonte, e no meio dessa dança térmica, às vezes aparecia a imagem de um riacho cortando a estrada... cruel ilusão de ótica.

Mas nem tudo era brilho e calor. Muitas vezes, quando já parecia que todas as forças tinham evaporado no calor, surgia a nossa frente um juazeiro verdinho.  Um abençoado oásis de sombra desafiando a aridez do sertão. Era um certo ponto de parada.  Bicicletas ao lado, sentávamos um pouco para tomar um gole de água e recuperar as forças. A sombra do juazeiro não marcava o fim da jornada, mas nos ajudava a recuperar as forças necessárias para seguir mais alguns quilômetros. Era tudo que precisávamos para não desistir.

Na estrada da vida não é diferente. Por vezes nos vemos forçados a encarar uma longa estrada onde o calor da provação faz a cena tremer na vista. Prosseguindo com esforço, enxergamos um manancial de águas tranquilas, que nada mais é do que a ilusão nascido no coração sofrido. Nessas circunstâncias, muitas vezes nosso ímpeto diz que devemos desistir, mas quando olhamos para o Senhor, eis que surge diante de nós uma sombra restauradora. Davi viveu um tempo de intensa provação, tendo que se esconder no árido deserto de Judá. Mas quando meditava na graça do Senhor, que é melhor que a vida, afirmava... “Porque tu me tens sido auxílio, à sombra das tuas asas eu canto jubiloso” (Sl. 63.7). No Salmo 90, mais uma vez somos lembrados da “sombra” que o Senhor providencia em nossa peregrinação neste mundo de aflição. No verso 1, o salmista inicia sua declaração e confiança falando daquele “que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente”.

Quando as lutas e provas dessa vida caírem sobre nós como terríveis e abrasadoras ondas de calor, lembremos que Deus é o nosso refúgio, Ele nos guarda e será a nossa sombra à direita, para que de dia não nos moleste o sol, nem de noite a lua (Sl. 121.5-6).

A sombra presente do Senhor pode não ser a demarcação do fim da jornada, mas será um indispensável alento para continuarmos até aquele dia  em que estaremos para sempre com o Senhor.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

UMA VIDA DIGNA


Alexandre, o grande, conquistador macedônio do oriente, era um homem admirado. Por causa da sua fama, muitas crianças nascidas no seu império recebiam seu nome, fato corrente até hoje. Conta-se que certa vez Alexandre tomou conhecimento de um soldado que tinha maus procedimentos. Aos olhos do general isso era grave, pois ele achava que  seus soldados deveriam ser  homens honrados, representantes dignos do seu exército. Mas além do problema moral, outro fato alarmou Alexandre – o soldado tinha seu nome, era seu xará. Alexandre convocou o mau soldado para uma prestação de contas, que recebeu severa repreensão. Mas neste caso específico, o soldado recebeu uma exortação especial. Com firmeza o general Alexandre lhe disse –  Soldado, ou muda de vida, ou muda de nome.
            Vejo aqui um perfeito retrato da nossa relação com Cristo, nosso General. Quando nos apresentamos para compor o exército do nosso Mestre, trazemos sobre nós a marca do seu nome. E foi precisamente por isso que em Antioquia os primeiros convertidos foram chamados cristãos, que significa pequenos Cristos. Embora a palavra tenha sido usada inicialmente num tom pejorativo, não havia termo melhor para representar os discípulos de Cristo. Tanto que palavra passou a ser usada orgulhosamente por todos que desejavam se identificar com Jesus.
Entende-se, portanto, o apelo de Paulo aos filipenses:“ Vivei, acima de tudo, de modo digno do evangelho de Cristo” . Os moradores de Filipos  orgulhavam-se por ser cidadãos romanos, desde que a cidade tinha sido elevada à categoria de colônia, seus moradores tinham a dignidade inerente aos cidadãos livres do Império Romano. Aproveitando-se desse fato, Paulo exorta os crentes a que portem--se com dignidade no contexto social, não por causa da cidadania romana, mas por serem embaixadores de Cristo, cidadãos da pátria celestial (Fp.3:20).
            Pesa sobre nós a indelével e permanente identificação do nome de Cristo. Estamos marcados por Seu selo (Ef.4:30). Somos suas ovelhas, propriedade exclusiva do Senhor
( Jo.10:14-15; I Pe.2:9). Mas jamais devemos nos esquecer de que este privilégio acarreta enorme responsabilidade. Nós somos a manifestação visível de Cristo ao mundo. Devido as trevas do pecado, a presença de Cristo fica diminuída, quase imperceptível aos olhos humanos. Para que esta geração pervertida possa enxergar a Cristo, faz-se necessário a atuação daqueles que foram chamados para “resplandecer como luzeiros no mundo” ( Fp. 2:15). Assim, por nosso intermédio, aquele Cristo pequeno e opaco aos olhos deficientes do mundo torna-se engrandecido ( Fp.1:20). Além de luz, somos as lentes de ampliação da presença de Cristo diante dos homens.
            Tiago diz que sobre nós foi invocado um bom nome(Tg.2:17). Estamos arrolados no exército de Cristo, levando sobre nós a dignidade do Nome que está acima de todo nome, inclusive o do grande Alexandre. Resta saber se estamos fazendo jus à dignidade do Seu Nome. O Senhor não permitirá que Seu Nome seja permanentemente blasfemado pelo mau comportamento dos seus soldados. Se não estamos vivendo de modo digno do evangelho, envergonhamos nosso General. Se foi triste para um soldado de Alexandre, muito mais o será para um soldado de Cristo ouvir sua voz dizendo: “ou muda de vida, ou muda de nome”.

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira

VOCÊ ESTÁ PREPARADO?


A jovem senhora estava visitando a nossa igreja pela primeira vez. Estava satisfeita no culto até que veio uma surpresa desagradável: o tema da pregação naquela noite lhe incomodou bastante. Minhas primeiras palavras foram: “Hoje quero falar sobre sua vida...”. E continuei: “você já considerou que pode estar a apenas um passo da eternidade?... Você está pronto para enfrentar o Juiz de toda terra?... As estatísticas indicam que dez entre dez pessoas morrem...”. Por pouco a mulher não se levantou e saiu da igreja. Talvez não tenha feito por consideração a sua irmã que a havia convidado.
Ao final do culto, tive oportunidade de falar um pouco com ela. Estava mais calma, e passado o choque inicial seguira toda pregação com atenção. Mas compartilhou como se sentiu no início e explicou o motivo: “Tenho muito medo da morte. Não gosto nem de ouvir essa palavra. Esse trauma trago comigo há tempos, mas foi intensificado recentemente quando meu esposo foi diagnosticado com câncer”.
            É difícil a nossa situação. Fugimos da morte, mesmo sabemos não há abrigo que nos livre dela. Salomão, em profunda reflexão sobre a existência humana, declarou: “Nenhum homem tem poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja...” (Eclesiastes 8.8). Gostando ou não essa é a realidade e fugir não é o melhor caminho. Isto equivaleria a tentar escapar do inescapável.
O que fazer, então? Naturalmente, não devemos fazer da morte o centro da nossa vida, mas tê-la no horizonte é aconselhável. Dizem que Filipe de Macedônia, pai de Alexandre, o grande, tinha um servo cuja tarefa diária era entrar na sua presença e dizer: “Filipe, você vai morrer”. Foi a maneira que Filipe encontrou para reconhecer quem ele era. Isso o livraria da soberba. Visualizar a linha final da vida nos dará uma melhor perspectiva da nossa identidade e nos ajuda a definir o que melhor podemos fazer da vida, enquanto ela não se vai. 
            Seguindo a direção da Palavra de Deus, o melhor caminho é conhecer e aceitar a obra de Cristo realizada em favor dos pecadores. Por Sua morte e ressurreição, Jesus conquistou a morte, podendo oferecer vida eterna a todo que O receber como Único Senhor e Salvador. A Bíblia diz que o salário do pecado é a morte. Essa é a razão pela qual a morte um dia cruzará o caminho de todos os homens, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm. 3.23). Mas Deus enviou Seu Filho como nosso mediador. Sendo Deus, Jesus tem poder para nos salvar. E não há salvação em nenhum outro (At. 4.12), “porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3.16).  Jesus é o único remédio proposto por Deus para o problema da morte.
            Meu conselho para a senhora que veio a nossa igreja foi o seguinte: “Ao invés de temer, a senhora deveria se preparar, confiando em Cristo como Seu único e suficiente Senhor e Salvador”.
            E você, está fugindo ou está preparado?
            A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

CATEDRAL DE MANÁGUA: MONUMENTO TRISTE DO PODER DOS TERREMOTOS


“Se enfraqueces no dia da angústia, a tua força é pequena” Pv. 24:10.

Construída durante o período colonial, conforme projeto de um famoso arquiteto belga, a velha Catedral de Santiago se destacou na cidade de Manágua como um tesouro arquitetônico das Américas. Desde a data do início da sua construção em 1928, ostentou beleza e imponência aos olhos de quem a visitava.
Mas um fato não foi levado em conta no tempo da construção: A Nicarágua sofre em média 1500 abalos sísmicos por ano. Se alguém pretende construir nesse país, deve fazer precauções para que a construção resista aos frequentes tremores de terra. No caso da Catedral de Santiago, os construtores até que tentaram, fazendo a obra toda de concreto sobre uma estrutura de metal. O único problema foi a magnitude de alguns terremotos, cuja força foi superior ao que a estrutura suportava.  Em 1931 o país sofreu um grande terremoto cujo epicentro foi o centro de Manágua. A obra não estava acabada, mas resistiu bem. Porém, em 1972 ocorreu outro grande abalo sísmico, e dessa vez a catedral não resistiu. Não veio ao chão, mas a estrutura ficou de tal modo danificada, que hoje não se pode usar suas dependências.
Infelizmente a história da catedral de Manágua lembra a história de muitas vidas, as quais um dia foram símbolo exuberante de expressividade, força e beleza, mas os abalos da vida lhes fizeram inúteis. Mesmo sabendo que a construção da nossa vida se dá uma superfície instável, alguns não foram prudentes nas suas construções. Por isso, quando chegaram as provas, perderam toda estabilidade, tornando-se mais um monumento triste de uma vida derrotada.
Não é por falta de aviso que muitos se vêem destruídos diante dos embates da vida. O próprio Senhor Jesus avisou com clareza... “no mundo tereis aflição”. Assim é a vida, pois na própria estrutura da realidade que nos cerca há importantes “falhas geológicas”. Um dia ou outro nossa construção será posta em prova. Se não estiver bem firmada, cairá, sendo grande a suas ruína.
Entretanto, não temos que esperar a queda, mas nos precavermos para resistir no dia mal. Para isso, nada melhor do que observar o ensino do Senhor Jesus ao final do Sermão do Monte. Em Mt. 7.24-27, o Ele nos fala de dois homens, ambos empenhados em suas respectivas construções. Ao final, cada edificação passou pelos mesmos testes: rios e ventos se abateram sobre elas. O que fez toda diferença foram os alicerces. Somente aquele que edificou sobre a rocha logrou êxito.  A lição da parábola é clara: se você deseja construir sua vida de maneira que seja capaz de resistir às tempestades, faça-a sobre a verdade da Palavra do Senhor. É dessa forma que construiremos uma história de resistência, força e beleza permanentes.
A nossa vida será sempre um monumento. Mas podemos ser monumentos vivos da resistência vinda Palavra de Deus, ou podemos ser monumentos de uma vida cuja construção frágil se tornou inútil diante das provas. Com que sua vida realmente se parece?  
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

A DIVINA ESTUFA MISSIONÁRIA


Em Marcos 4:28, o Senhor Jesus compara o reino de Deus ao trabalho de um homem que lança a semente à terra, e continua sua vida normal, dormindo e acordando, até que, em certo dai, ele percebe que a semente está brotando, despontando na superfície da terra as primeiras folhas. Seu trabalho foi apenas lançar a semente e “descansar”, afinal a “a terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga”.
            O Senhor Jesus está acertadamente descrevendo o processo normal pelo qual uma semente cresce, à medida que damos tempo à terra para que produza o fruto esperado. No entanto, sabemos que muitas vezes o germinar de uma semente pode acontecer em tempo mais breve. Por meios “antinaturais” é possível que se façam alterações genéticas que reduz  o tempo de produtividade de uma semente. No reino dos homens chamamos isso de intervenção artificial, no reino de Deus o nome seria intervenção sobrenatural ou, em uma palavra, um milagre.
            Deus mantém Seus planos usando os meios naturais, mas muitas vezes Ele introduz uma lei superior e inexplicável que faz acontecer em tempo curto aquilo que em geral iria levar muitos anos. Ou seja, em certas ocasiões, o Senhor pega algumas das sementes que lançamos ao solo e as coloca na “estufa divina”, passando a usar catalizadores poderosos conhecidos somente por Ele próprio para apressar a colheita que tanto almejamos.
            A Missão Maranata é uma semente que foi colocada na estufa divina. E o Senhor tem aplicado nesse projeto missionário “fertilizantes” tão eficazes que causa admiração a todos que o acompanham. Arrisco-me a dizer que nesta parte do Brasil provavelmente nunca antes foi visto algo semelhante. O que o Senhor está fazendo vai ficar para história como um monumento e troféu da Sua graça e glória. Uma geração contará a outra geração dizendo: “Foi o Senhor Quem fez”.
            O que estamos vendo e aprendendo é como o Senhor faz uso da sua Divina Estufa Missionária. Lançamos as sementes, mas antes mesmo que dormíssemos e acordássemos, contra todas as expectativas naturais, o germinar aconteceu, as primeiras folhas brotaram na superfície da terra e folhas, frutos e sombra se espalham entre as nações. Eis o segredo do crescimento da Maranata. Não há outra explicação. A Ele toda glória.
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.

SONHAR É PRECISO


Nada é digno de fazer parte da minha vida se não for maior que a própria vida. Creio nisso firmemente, e me apego a esta verdade. Se todos os meus alvos forem delimitados pela extensão da minha vida, meus projetos vão durar pouco e fazer pouca diferença no mundo. Mas isso não parece algo de um sonhador? Sim, com certeza assim pensam os sonhadores, e eu sou um deles. Já cheguei à conclusão de que sonhar é preciso, pois de que maneira poderíamos almejar realmente significante, tendo uma vida tão curta? Sonho porque vejo essa vida como um breve cochilo que acaba quando despertamos. Por isso, enquanto não cruzamos a linha final, devemos almejar por algo que ultrapasse os nossos limites, deixando um legado de bênçãos para os que virão atrás de nós.
            Seria tolo e desonesto negar que aqui sou devedor ao grande poeta lusitano, Fernando Pessoa. Ele por sua vez, pegou sua inspiração dos navegadores antigos da época gloriosa da nação portuguesa. No seu afã de cruzar os mares na busca de encontrar um novo mundo, os navegadores diziam: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. O poeta entendeu a mensagem e se apropriou do espírito dessa frase para afirmar:
“Viver não é necessário; o que é necessário é criar.           
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
            Mas não é Fernando Pessoa que mais me inspira no caminho dos sonhos. Muito mais significante e instrutivo é o exemplo de Neemias, um sonhador tão ousado que foi capaz de reconstruir os muros de uma cidade. A diferença entre Pessoa e Neemias é que aquele almeja algo que fosse grande aos olhos humanos, enquanto Neemias almeja algo grande aos olhos de Deus.
A visão de Neemias lhe dava forças para prosseguir, mesmo sob o risco de morte, porque quando estamos vivendo em função de um projeto realmente digno a vida não é tão preciosa quando a realização daquele projeto. Neemias se permitiu ser dominado pelo medo, por isso não aceitou a sugestão de para a obra e se esconder no templo para não morto pelos inimigos (Ne. 6.11). Quando pensamento lhe foi proposto, a resposta dele foi simples: “Um homem como eu fugiria?”. O risco era rela, mas a coragem desse homem era forte suficiente para enfrentar qualquer perigo.
Isaías 26:3 resume bem o segredo da determinação de Neemias: “Tu [Senhor] conservarás em paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti”. Não havia nada mais firme no caráter de Neemias do que a sua confiança no Senhor. Neemias nunca alimentou a ilusão de que ele poderia fazer aquela grande obra por si mesmo. Por isso, repetidamente encontramos Neemias em oração, clamando ao Senhor por Suas bênçãos. Não era o seu projeto, mas o projeto de Deus que se delineava no horizonte dos seus sonhos.

            Parafraseando Fernando Pessoa podemos dizer que ele declara... “Viver não deve ser o meu alvo, nem devo perder meu tempo tentando gozar a vida, pois viver não tem a menor graça se não por algo maior do que a própria vida”. Foi isso que Neemias fez. Resolveu correr todos os riscos, mas sonhar com algo grande. E Deus o abençoou para executar o plano.
Quais são seus sonhos? São maiores do que a sua vida? Em que esse mundo será pelo fato de você ter siso um habitante dele?  Não sei qual é o seu grande projeto, mas se não for para o progresso do reino de Deus neste mundo seu esforço será inútil. Se projeto é pequeno demais.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Que é nossa vida?


O que parecia uma infecção simples começou a complicar. O contra-ataque dos antibióticos via oral não conseguiu barrar a ação bacteriana. Ao perceber que o surgimento de grandes áreas vermelhas e duras em diferentes partes do corpo, os médicos não tiveram dúvida: o risco de choque séptico era altíssimo, portanto a internação era urgente. Foi tudo tão de repente que, quando soubemos, já havia dias que a irmã estava no hospital. Depois de vinte e um dias recebendo doses intravenosas de potentes antibióticos a cada quatro horas, a irmã já se mostrava bem mais disposta. “Pastor, eu não estava sentindo nada, quando notei esse vermelhidão na coxa. Foi preciso uma cirurgia para a retirada da secreção. Os médicos ficaram assustados e se empenharam para achar o primeiro hospital onde houvesse vaga. Agora está muito melhor, mas a minha coxa direita ficou dura como um pedaço de madeira ”.
                O que aconteceu com a nossa irmã, não era algo incomum. Ela fora acometida por um tipo de bactérias que todos nós, em geral, as conduzimos no corpo. O estafilococos aureus está presente na pele, boca e intestino de quase todas as pessoas, às vezes formando colônias. Em geral não causam doenças enquanto permanecem nesses locais, mas quando encontram uma brecha por meio de ferimentos, podem ter acesso à corrente sanguínea espalhando infecções pelo organismo. Se isso ocorrer quando nossa imunidade estiver baixa, a invasão bacteriana pode levar a um fim catastrófico. No meio da conversa, além da explanação genérica sobre microbiologia, a irmã parou pensativa... “Pastor, nós não somos nada. Num instante a gente fica doente. A maior tolice é pensar que somos alguma coisa”.
                Na sábia reflexão da irmã, reportei-me mentalmente ao livro recentemente lido acerca de José Alencar. Uma das palavras que sempre aparecia nas suas entrevistas ao repórter que registrou sua luta ao longo de cinco anos foi: humildade. Não sei se ao longo dos anos, quando se tornou um dos homens ricos do Brasil, Alencar pensou muito nisso. Mas agora, caminhando no limiar entre a vida e a morte, tendo tudo que alguém podia desejar nessa vida, mas sem recursos para modificar o seu quadro crítico, ele podia ver seu real tamanho... “...chego à conclusão que, à medida que vai passando o tempo, a gente vai se engajando cada vez mais com o compromisso de pedir a Deus humildade. Eu tenho pedido humildade...”. 
                Principalmente em tempos de enfermidades, fica ressaltada a fragilidade humana. Caem as suposições e a realidade mostra sua face. Nessas horas, a velha pergunta, que tanto preocupou os pensadores, volta com toda força: Quem somos nós? E a resposta é sempre humilhante, pois a enfermidade que afeta o nosso corpo indica quão insegura é a nossa vida. A debilidade do nosso corpo elimina qualquer resquício de autossuficiência. Desse modo, embora às vezes sem querer, terminamos concordando com Abraão “somos pó e cinza”.
                Se por meio da enfermidade aprendermos que nada somos e dependemos totalmente do Senhor, podemos afirmar que a ferida no corpo é cura para a alma. E nisso, Deus há de ser glorificado. 
                Diante da realidade da nossa inescapável fragilidade, muitos preferem viver de aparências, enganando a si mesmos. Investem grandes somas de tempo e dinheiro a fim de embelezar o corpo passageiro, deixando de lado o espírito eterno. E assim seguem uma doce e perigosa ilusão, sem considerar a verdade de que “todo homem, por mais firme que esteja é pura vaidade ”(Sl. 39.5).
                Na saúde Deus nos mantém, na doença Ele nos sustenta. Sadios ou doentes somos dependentes dEle, e o melhor é aquilo que O glorifica. Nada somos, Deus é tudo.

                A serviço do Mestre,
                Pr. Jenuan Lira.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

PERFEIÇÃO SEM PERFECCIONISMO


Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?Ec. 7:16.

            Embora levando uma vida normal aos olhos das pessoas, o casal tinha uns sérios dilemas. No gabinete pastoral, enquanto falávamos de várias coisas importantes, mas periféricas, a esposa tomou a palavra e com lágrimas foi direto ao ponto: “Pastor, o problema é que por mais que me esforce, nunca consigo agradar meu esposo. Minha sensação é que jamais vou atingir suas expectativas. Estou sempre em falta, e por mais que tente mudar, ele não reconhece porque ele não aceita menos de cem por cento”. A avaliação era exata: Seu marido era um perfeccionista assumido.
            O pior pecado é aquele que tem as vestes da virtude. O perfeccionismo é exatamente assim. É um pecado tão “perfeito” que é difícil percebermos seu lado negro. Por isso, muitos passam a vida sofrendo suas consequências e nunca se dão conta de quão destrutivo é o perfeccionismo.
Para se ter uma ideia de quão sério é esse pecado, basta notar que  o perfeccionismo é uma carga tão pesada que esmaga seu ‘hospedeiro’ e os que estão a sua volta. Todo perfeccionista vive um dilema insolúvel: ele deseja atingir a perfeição, em um mundo imperfeito. Seu padrão elevado demais é irreal e inatingível. Por mais esforço que seja empreendido, sua medida nunca se enche. Tanto para si mesmo, quanto para os outros, há sempre algo faltando. Por essa razão, o perfeccionista tem grande dificuldade em relaxar e ficar satisfeito. Ele não descansa até que o mínimo detalhe se resolva completamente. Ele quer tudo bem definido, até o indefinível. Se não atingir cem por cento, ele não se satisfaz com noventa e nove. O efeito disso ele sente no corpo e na alma, e seu desequilíbrio resvala para quem está nas imediações.
Na base de todo perfeccionismo há um problema crucial: idolatria disfarçada de excelência. Quem luta com esse pecado tem seus olhos não em Deus, mas no resultado acabado do seu esforço. Ele ama a perfeição como um fim em si mesma. Não que Deus não possa ser adorado com nosso zelo em tudo que fazemos. Pode, sim, e deve. Decência e ordem agradam a Deus. Mas o perfeccionista não tem a glória de Deus como seu primeiro alvo. Antes, ele se deleita na beleza, harmonia, pontualidade e precisão porque tais coisas são fruto do seu esmero e afirmam sua boa reputação. No final, é o seu nome que está em jogo. Quando os planos não se cumprem, os acordos não são honrados e os horários atrasados, a pessoa que adora a perfeição sente-se tremendamente frustrada. Como se diz na fala popular: o mundo se acaba. Um pequeno problema ganha dimensões inimagináveis, e o perfeccionista se abate não pela desonra ao Nome de Deus, mas pelo desgaste do seu próprio nome. No final das contas, o perfeccionista exalta a si mesmo, pois como Deus fizera no princípio da criação, ele também avalia sua obra e declara: “Eis que o que eu fiz é muito bom”.


            Em termo de relacionamentos pessoais, a pessoa perfeccionista está sempre em alguma dificuldade. Seu zelo e senso de retidão é exagerado demais e por isso ele tem grande dificuldade em ser misericordioso. Para ele o que deve ser feito tem que ser feito. Caso contrário, o transgressor deve receber a justa punição. Perfeccionismo e legalismo são parentes muito aproximados.
Relendo a história bíblica do rei Ezequias cheguei à seguinte conclusão: Deus é perfeito, mas não é perfeccionista. Deus zela por Sua lei, mas ele não é legalista. Foi o que notei no relato da celebração da páscoa promovida pelo rei.  Em II Cr. 30. 18 lemos que uma multidão de várias tribos de Israel comeu a páscoa, não como estava prescrito por Deus. Ezequias estava promovendo reformas espirituais em uma nação que há muito tinha se desviado de Deus. Ao sentirem novamente a vibração da possibilidade de renovar sua comunhão com Deus, o povo atropelou alguns preceitos que Deus havia dado a Moisés, quanto ao cerimonial da páscoa. Vendo isso, Ezequias orou pelo povo, e pediu misericórdia para que todos que tinham disposto o coração para buscar ao Senhor, embora não seguindo o ritual de purificação. Ezequias notou que o povo não tinha seguido cuidadosamente o que Deus havia ordenado por meio de Moisés. O rei não fez de conta que não era nada, mas suplicou misericórdia ao Senhor. E o Senhor ouviu a oração e sarou a alma do povo (v.20). Um Deus perfeccionista não teria a abertura misericordiosa que leva em conta o coração, mais do que a ação. Foi por isso que Ele não matou Davi por ter comido o pão que era exclusivo dos sacerdotes (I Sm. 21.1-6).
Mesmo que vivamos em um mundo que recompensa o que bate as metas e viver estimulado por alta performance, devemos lembrar que somos imperfeitos e vivemos  entre pessoas imperfeitas. E para que não sejamos carrascos de nós mesmo e dos que nos rodeiam faremos bem em lembrar que “não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque” Ec. 7:20. Façamos o nosso melhor e deixemos o resultado com Deus e para a glória de Deus.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

APRENDENDO COM JOSÉ ALENCAR


Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8.28)
           
Era a tarde do dia 29 de março de 2011 quando o repórter José Roberto Burnier entrou no ar numa chamada do plantão jornalístico da Rede Globo. Visivelmente emocionado, anunciou: “... o coração do ex-vice-presidente José Alencar parou de bater. Termina assim uma agonia de mais de treze anos de luta contra os tumores... É uma luta. José Alencar foi um guerreiro, todo mundo sabe, ele sempre disse que iria continuar lutando, mas, infelizmente, essa doença, o sarcoma, acabou vencendo”.
            Tendo sido designado para acompanhar a evolução do quadro de saúde de José Alencar, o repórter terminou como amigo pessoal do vice-presidente.  Impressionado com a história de José Alencar resolveu escrever um livro biográfico: Os Últimos Passos de Um Vencedor. Nessa obra está documentada a saga de José Alencar, sua batalha feroz entre a vida e a morte.
            Disposição e saúde nunca faltaram a José Alencar, e por isso cresceu na vida. Embora filho de uma família muito humilde, tornou-se um dos homens mais ricos do Brasil. Como se dizia, José Alencar era um “touro” para trabalhar, por isso, a doença foi uma desagradável surpresa na vida desse homem forte. Até aos 66 anos, Alencar gozara de uma saúde de ferro, passando em hospitais apenas para visitar parentes e amigos. Mas de repente tudo mudou a partir de um leve desconforto no estômago. Uma bateria de exames constatou um tumor no rim e um no estômago. Com isso, Alencar perdeu o rim direito e três quartos do estômago de uma só vez. Pouco depois, em avaliação médica de rotina, descobriu um problema cardíaco: uma isquemia que impedia a irrigação sanguínea na parede lateral do ventrículo esquerdo do coração. Até aí, embora graves, os problemas de saúde vinham sendo bem administrados sob os olhares dos melhores médicos do Brasil e dos Estados Unidos.  Porém, passado mais um ano, veio a pior notícia: o vice-presidente fora acometido por um inimigo imbatível, um histiosarcoma, tumor maligno alojado na membrana que envolve o abdômen. Por causa de todos esses problemas, Alencar se submeteu a dezoito cirurgias de alto risco. Em uma dessas cirurgias, ficou com o abdômen aberto por dezoito horas seguidas, para a retida de dezessete tumores. Era o tipo de cirurgia que os médicos chamam “arrasa quarteirão”.
            A coragem com que José Alencar enfrentou a luta contra o câncer emocionou o Brasil. Quando os próprios médicos mostravam-se desanimados, Alencar dizia: “Alguém aqui está com medo? Não é hora para recuar, não vamos jogar a toalha”. A perícia cirúrgica era dos médicos, mas o ânimo e motivação vinham do paciente.
Isso não significa que José Alencar nunca tenha passado por momentos de desânimo. Depois de ser desenganado nos Estados Unidos, tendo sido erguido por um elevador de carga por não ter disposição para subir a escada de embarque do seu próprio avião, José Alencar fez a longa viagem de volta em completo silêncio, talvez meditando sobre o pouco tempo que lhe restava, especialmente pensando acerca do seu netinho, acerca de quem  declarava ter o sonho de vê-lo crescer.
            A pergunta que todos faziam era: de onde vem tanta coragem para esse homem a ponto de ser capaz de lutar contra as adversidades com tanto heroísmo? Muito poderia ser dito em resposta a essa pergunta, mas ninguém pode negar que Alencar entendia que Deus estava no controle da vida e da morte, pois afirmava: “... Você vai viver o tempo que Deus quiser que você viva. Eu não posso pensar que vai acontecer alguma coisa comigo sem que Deus queira... Deus não me deve, e nem eu quero que Ele me dê um dia a mais de vida de que eu não possa me orgulhar... A minha vida, como a de todos, está nas mãos de Deus. Não adianta pensar diferente”.
            Obsevando a história de José Alencar, a única coisa lamentável é sua falta de conhecimento bíblico. Ele tem fé e uma noção clara da soberania de Deus, mas poderia ter tido mais de Deus se tivesse conhecido a revelação de Deus nas Escrituras. No entanto, mesmo tateando quanto às verdades espirituais, José Alencar termina nos desafiando. Na verdade, podemos afirmar que esse homem com tão pouco conhecimento específico de Deus, termina sendo um exemplo para os filhos de Deus. 
Não é estranho que um homem com sua fé difusa mantenha a esperança quando considera o controle de Deus sobre a vida humana, enquanto nós, servos de Deus, entramos em desespero diante de provações muito menores? O que de pior poderia acontecer a um crente em Cristo? A morte? O que é a morte, senão a porta de entrada para a glória de Cristo, que é incomparavelmente melhor? O que o homem natural conhece de ouvir falar, o crente em Cristo tem a possibilidade de experimentar. Afinal, “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”. Note bem: socorro bem presente.  Na bonança Deus está presente, na provação Ele está bem presente. 
            Se José Alencar, sem conhecimento bíblico afirmava o controle soberano de Deus, nós, os servos de Cristo, podemos com muito mais propriedade e convicção declarar: “Deus está presente realizando seu  plano  que há de se cumprir. Está tudo sob controle. Louvado seja o nome do Senhor”.
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.