sábado, 25 de junho de 2016

O MELHOR DESCANSO

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei.” (Mateus 11.28)

            Cheguei em casa por volta das 23:00, depois de um longo dia. A oportunidade de pregar naquela conferência missionária foi um prazer, mas o corpo e a mente estavam cobrando seu preço. Enquanto já me preparava para deitar, não resisti à tentação e resolvi ler os últimos e-mails do dia. Para minha ‘surpresa’, o diretor do mestrado educadamente me fez lembrar de algumas tarefas atrasadas (‘ele nunca esquece...’) e as penalidades previstas para os atrasados. A princípio, vem aquele pensamento perigoso de autocomiseração... ‘Isso não é justo. Ele pensa que eu atraso sem motivo? Será que ele não sabe que tenho muitas responsabilidades?’ Depois, vem a sensatez... ‘estou reclamando de quê...?’ Não tinha o que reclamar. Decidi fazer esse curso por entender tratar-se de uma excelente ferramenta para o ministério. Ninguém me obrigou a tal. Então, só me restava uma opção: sentar até às 2 da manhã, a fim de colocar algumas tarefas em dia. Ainda tinha o que fazer, mas não dava para ir além. Logo cedo deveria estar de pé para recepcionar os pastores que vinham para uma reunião de dia inteiro, sem esquecer que a noite a ‘luta’, isto é a conferência, continuava.

Desde que Adão tornou nosso trabalho árduo, cumprir nossas responsabilidades em meio ao ‘suor do rosto’ é uma condição inescapável. Ou seja, precisamos estar prontos para o e cansaço e aprender logo a lidar com o esse fato da vida de uma maneira bíblica.   

Indo direto ao ponto, minha tese é a saída para o cansaço da vida é Cristo. Sabendo bem o que significa trabalhar duro ‘antes que chegue a noite, quando ninguém pode trabalhar’, o SENHOR Jesus nos chama para o Seu descanso, pois Ele conhece a nossa estrutura e ‘sabe que somos’. É gratificante saber que o nosso SENHOR se preocupa em nos dar descanso integral, quando os fardos da vida estão além das nossas forças. Ele fez isso com Seus discípulos nos dias do Seu ministério terreno: “E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham.” (Marcos 6.31)

Não há dúvidas de que o descanso oferecido por Jesus a pecadores cansados e sobrecarregados, embora se dirija em primeiro lugar ao coração, terá reflexos no corpo. Somos seres integrais, indivisíveis. Um corpo exausto, tende a carregar um coração também exausto, abatido e sem esperança. Mas o inverso é também verdadeiro, afinal,  “O coração alegre aformoseia o rosto...” (Provérbios 15.13). A alma alegre em Cristo, vence o desânimo que pode nascer do cansaço físico.

Correr para o descanso de Cristo é necessário sempre, mas se torna urgentíssimo quando estamos sufocados pelo excesso de trabalho. Trabalhar é uma bênção e um dever bíblico, mas quando, por algum motivo, precisamos trabalhar além do que normalmente somos capazes, colocamo-nos em situação de perigo espiritual. A razão é que, quando estamos fisicamente cansados, o que não é raro nesses dias de vida agitada, ficamos mais susceptíveis ao pecado. Não raro, nesses momentos, nosso coração enganoso nos diz: “Você trabalhou muito. Não seja tão exigente agora. Você merece relaxar um pouco.” Com certeza, não é pecado relaxar um pouco, a fim de refazer as forças. O problema é relaxar demais, descuidar da vigilância espiritual, baixar a guarda quanto aos perigos do pecado. O corpo pode até relaxar, mas a carne, o mundo e o diabo nunca relaxam. Por isso o conselho do apóstolo Paulo é tão propício: “Depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef. 6.13)

            Um grande benefício de corrermos para Cristo na hora da exaustão física é o refrigério que nos vem por causa da incomparável paz do SENHOR, que guarda nossa ‘mente e coração’ em Cristo Jesus. O cansaço excessivo perturba nossa mente e, não raro, nos traz impaciência, ansiedade, medo e preocupação. Cria-se um situação delicada, pois a mente perturbada aproveita o corpo exausto e nos aprisiona. De repente, estamos num labirinto espiritual, sem perspectiva e sem futuro. Nossos olhos não conseguem enxergar um amanhã diferente e o desespero bate à porta. Um dos efeitos da mente perturbada, por exemplo, é a dificuldade em conciliar o sono. Mesmo quando conseguimos pregar o olho, o sono não é suave. Mas quando descansamos em Cristo, lançando sobre Ele todas as nossas ansiedades, nossa alma se liberta, o sono será sempre revigorante, pois... “Quando te deitares, não temerás; deitar-te-ás, e o teu sono será suave” (Provérbios 3.24)

            Cada vez mais a ciência médica nos ensina que devemos reconhecer a relação entre o corpo e a alma. As doenças psíquicas oriundas das dores emocionais e perturbações do coração ferido, terminam manifestando-se na pele, nos músculos e no sangue. Portanto, se aprendermos a correr para nosso Amigo Perfeito, sentiremos alívio no coração e no corpo...“O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos.” (Provérbios 15.30)

            Minha impressão é que as coisas não tendem a melhorar. Vamos continuar correndo e vendo muito suor escorrendo do rosto. A vida nesse mundo caído vai continuar impondo sobre nós longas jornadas de trabalho. Portanto, aprendamos de uma ver por todas a correr para Aquele que nos leva para juntos ‘das águas de descanso.’ O peso da vida poderá curvar o nosso corpo, mas nunca poderá secar o nosso Espírito, pois conhecemos a Fonte de Água viva, onde nos refrescamos e renovamos nossas forças.

            Nada neste mundo pode nos ajudar a vencer completamente o cansaço da vida. Os entretenimentos trazem apenas paliativos, mas nunca serão uma fonte renovável de força e esperança. A descanso está em Cristo, e Ele pode ser encontrado na Sagrada Escritura. Basta não sermos rebeldes, como foi Israel... “Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos.” (Jeremias 6.16)

Como é bom saber que em Cristo posso ter até descanso para o meu corpo. Assim, quem sabe,  conseguirei terminar meu curso!

A serviço de Mestre,


Pr. Jenuan Lira.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

NÃO PODEREIS SERVIR AO SENHOR

Então, Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor, porquanto é Deus santo, Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados.” (Josué 24.19)

            A abordagem de Josué pareceu muito estranha. Dizer que o povo não poderia servir ao SENHOR? Como? Logo Josué, o grande líder espiritual do povo, sair com uma proposta dessa...?   

            - ‘Mas vocês não estão entendendo...’, falou Josué com ênfase. – ‘Vocês não podem servir ao SENHOR. Isso não é brincadeira... é muitíssimo sério. Eu e minha casa já temos uma posição. Sabemos bem o que queremos, e vamos pagar o preço, mas vocês...’ concluiu Josué, deixando o suspense como resposta.

              - ‘Mas como não? Por favor, Josué...’, falou um líder do povo, apoiado pelos demais a sua volta - ‘...é isso que queremos...’.

Josué, então, foi mais claro: ‘Gente, não estamos falando de um deus qualquer. A Pessoa com Quem vocês estão querendo se comprometer é o Deus verdadeiro, santo e zeloso. Ele não se deixar escarnecer... Ele é fogo consumidor. Não há meio de servi-lo com coração dividido. É muito mais sério que vocês pensam.

- ‘Tudo bem...’, disse o povo,  ‘estamos entendendo a seriedade do compromisso. Mas é isso que queremos.’

O diálogo acima, baseado em Josué 24, parece uma contradição. Enquanto o Salmista diz ‘servi ao SENHOR’ com alegria, Josué taxativamente declara: “Não podeis servir ao SENHOR.” Ele, mais do que ninguém, deveria estar interessado em que o povo se comprometesse com Deus.  Por que age como se quisesse dissuadir a nação desse intento? 

Na realidade, Josué está usando uma expressão forte para que o povo entenda a grandeza do seu compromisso espiritual.... ‘De Deus não se zomba.’ De todas as lutas em que Josué anteriormente estivera engajado, nenhuma foi tão severa como a luta contra a falsa espiritualidade, pois essa é uma luta da alma. Tinha sido mais fácil  conquistar as fortalezas dos Cananeus, do que vencer a resistência de corações endurecidos (Pv. 18.19).

            Josué, um homem de Deus, notável por sua liderança política e espiritual, tem bastante discernimento espiritual. Por isso, a aparente reação favorável do povo não lhe empolga. Com sua longa experiência, Josué percebe que, novamente, o povo está tratando levianamente seu compromisso espiritual, fazendo um voto precipitado, esquecendo o a verdade ensinada por Salomão ...“Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras.” (Eclesiastes 5.2) 

            A história de Israel no Antigo Testamento está cheia de compromissos falsos. No momento do perigo, depois de um livramento grandioso ou mediante o apelo de um líder espiritual, o povo tinha a tendência de entrar em aliança com Deus, por pura empolgação. Não levavam em conta os termos do seu compromisso. Reagiam emocionalmente, lidando com Deus irresponsavelmente, como faziam uns com os outros... “Então, disse o profeta: Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus?” (Isaías 7.13). Temos a tendência de confundir o Deus santo, com os homens impuros. Tal confusão revela quão pouco conhecemos o SENHOR. Enganamos os homens e a nós próprios, criamos escapes para disfarçar nossa infidelidade e por algum tempo parece que estamos conseguindo, pois nada acontece. Não devemos jamais esquecer o que está escrito no Salmo 50.21: “Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista.
           
Quando o nosso coração não é reto para com Deus, é melhor não fazer de conta que queremos servir ao SENHOR, pois está escrito: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6.7)

 Nesse mundo de pessoas ‘amantes de si mesmo’ muitos querem levar a vida tocando flauta, como diz um antigo ditado popular.  O problema é que, quando estamos falando do relacionamento com Deus, a flauta vai ter mais buraco do que dedo. Com certeza a nota vai sair desafinada.

A serviço do Mestre,


Pr. Jenuan Lira