sábado, 28 de dezembro de 2013

ANO NOVO… SOBREVIVEREMOS!

“De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” 
(Hb. 13:5)

            Quando recebemos um novo ano sempre há aquela sensação de que somos sobreviventes de uma batalha. Às vezes pouco ameaçadora, outras vezes desesperadoras, mas sempre uma batalha.
            Enquanto escrevo este artigo, espero no aeroporto de Los Angeles por vencer a última grande batalha em termos de uma longa viagem. Dentre os desafios do ano, certamente um dos mais simples.
            Atar as duas pontas desse ano não é difícil, já que parece que fomos do início ao fim num piscar. Ao mesmo tempo, com tudo que vivemos, parece que uma eternidade se passou nesse pequeno lapso de tempo.  As lutas que agora são vencidas em certos pontos do ano eram gigantes a nossa frente, que foram vencidos, mas em batalhas ferrenhas que deixaram suas marcas e suas lições para o resto da vida. Para nossa família, a batalha de tentar sobreviver em outro país, agravada pela saudade dos amados que deixamos nos parecia invencível. Tudo era diferente. As coisas mais simples e, digamos automática, pareciam desafiadoras. Lembro a primeira tentativa de abastecer o carro (sem o luxo do frentista que faz os serviço para nós no Brasil). Não observei a posição do tanque, e parei do lado errado. Depois de alguns minutos tentando entender o auto-pagamento, descobri que a bomba não alcançaria o tanque do carro, e a fila atrás de mim já era considerável, assim como era a admiração dos outros motoristas com a minha dificuldade, os quais já se mostravam pouco satisfeitos com minha demora. Depois de muito malabarismo, com ajuda do caixa, escapei da confusão... Entrei no carro com um pensamento: sobrevivi!
              Sem dar atenção à sabedoria dos antigos, resolvi desafiar o provérbio popular que diz: “papagaio velho não aprende a falar”. Pensei... “como não sou papagaio e estou na flor da idade, acho que dá”.  Deu, mas... Entender a outra língua e expressar o que queria (mesmo com ajuda da velha mímica, muitas vezes) foi razoável. Mas havia outro detalhe... escrever em nível acadêmico, conforme as justas exigências do curso. Cada matéria era apresentada com páginas e páginas que deveriam ser escritas. Mais de uma vez senti vontade de desistir, pois o desafio parecia muito além da minha capacidade... e era de fato (muitas vezes me veio à mente a história do ‘papagaio velho’). Mas quando já estava me dando por vencido, um professor lembrou na aula: “Deus nunca nos dá mais que podemos, pois Ele nos dá graça e poder para cumprir Sua vontade”. E assim foi. O Deus fiel não me deixou no meio do caminho, e foi glorificado na minha fraqueza.
            Aos poucos, à medida que o ano corria, ficava cada vez mais claro que uma vez mais o Senhor nos faria mais que vencedor. Em cada ansiedade, em cada cuidado, em cada notícia triste, em cada abatimento do coração, mais forte eu podia ouvir a voz do Senhor: “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso”.
            Dizer que foi um ano fácil seria uma exagerada simplificação. Mas dizer que chegamos ao final como perdedores seria uma terrível ingratidão. Lutamos e vencemos... Deus nos deu a vitória. Saiu tudo com queríamos? Certamente não, e nem poderia. Esse é um mundo caído em pecado, que se torna ainda mais complicado pelo nosso próprio pecado. Não adianta nutrir a ilusão de que neste mundo as coisas serão tão boas como poderiam ser. Mas, ao final de tudo, o balanço é mais do positivo, pois Deus nos sustentou e nos guardou por caminhos que somente a Sua providência poderia explicar.
            Sobrevivemos 2013 e sobreviveremos 2104, pois Deus é conosco e promete nunca nos deixar. Que venha o novo ano, e que a glória do Senhor se manifeste me nós mais uma vez.

            A Serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.

domingo, 22 de dezembro de 2013

A BELEZA DO NATAL

“…não tinha aparência nem formosura; 
olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (Is. 53:2)

O evento mais impressionante em toda história universal aconteceu sem ser notado pelo mundo. Quando chegou a plenitude dos tempos e o Messias prometido desde o Éden finalmente entrou no mundo, sua vinda aconteceu de maneira quieta, obscura e humilde.
            A jovem escolhida para dar à luz o Messias, com cerca de 13 anos de idade, não vinha de família nobre, nem morava em um lugar importante. Pelo contrário! Em João 1:46, Natanael pergunta: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”. Isso indica que ser um Nazareno não significava muito para os judeus da época.
            Quanto ao nascimento de Jesus, não poderia ter acontecido de maneira mais humilde. Em uma estrebaria na pequena vila de Belém Maria deu à luz seu filho. Na falta de um berço, o Criador e sustentador dos Céus e da terra, miraculosamente nascido em forma de um bebê indefeso, foi deitado numa manjedoura. As condições eram as mais precárias possíveis, e os primeiros visitantes foram humildes e desprezíveis pastores notificados por meio dos anjos.
            Mas enquanto a terra repousa quieta nas trevas da ignorância e pecado, os céus jubilavam. O eterno plano da redenção se cumpria, nascia a esperança para a humanidade em desespero. Um novo reino se introduzia, trazendo consigo liberdade e salvação. Por isso os anjos cantaram e uma nova estrela anunciou a chegada do Salvador.
            A história do nascimento de Jesus confirma que Deus não vê como vê o homem. O que para os homens é considerado importante, para Deus não tem o menor valor. Observando a cena humilde em que se deu o primeiro natal, somos forçados a concluir que os nossos valores são supérfluos, pois as maravilhas que Deus opera são medidas por padrões diferentes dos nossos. O que é grande aos olhos dos homens pode ser absolutamente insignificante aos olhos de Deus. Por o apóstolo Paulo afirmou: “Mas o que para mim era lucro, isso considerei perda por causa de Cristo”.
            O mundo não compreende o verdadeiro sentido do natal. Como aconteceu em Belém, Aquele que é a razão do natal continua sendo uma figura despercebida. Enquanto isso, os homens se apropriam do natal para esbanjamento e ostentação. Comemorado segundo o modelo de mundo, o natal perde completamente a beleza da simplicidade e humildade que marcaram a cena original na estrebaria.
Que este natal sirva para corrigir o nosso engano quanto ao que realmente vale à pena. Que voltemos as costas para o barulho do mundo e na quietude de um coração contrito voltemos os nossos olhos para aquele que “não tinha aparência nem formosura”, que chegou ao mundo sem ser notado, e nos identifiquemos com Ele, deixando de lado a ilusão de grandeza que o mundo oferece, enquanto nos comprometemos em buscar em primeiro lugar Seu reio e Sua justiça.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

NAS MÃOS DE DEUS

A mensagem breve postada pelo pr. Bruce Nichols anunciava o acidente do seu filho Calebe. O carro desceu um rampa alta, e o Calebe foi encontrado inconsciente devido a uma forte pancada na cabeça. Uma situação realmente difícil, desanimadora e cheia de incertezas.
            Dois dias depois do acidente, liguei para o pr. Bruce para informá-los de que estávamos sentindo com eles, e apresentando o Calebe a Deus em oração. Depois de relatar brevemente os fatos e o prognóstico um tanto desanimador, ele disse: “Sabemos que a vida do Calebe está nas mãos de Deus, e essas são as melhores mãos”. Fiquei confortado e edificado ao ver a confiança em Deus expressa pelo pr. Bruce e por sua esposa.
            O momento difícil pelo qual a família Nichols está atravessando seria simplesmente desesperador se não fosse sua confiança na soberania de Deus. A crença bíblica num Deus soberano sobre todas as coisas, e que tudo faz visando a Sua glória e o bem do Seu povo é mais do que um artigo de fé. Essa doutrina é uma rocha firme que nos mantém estáveis mesmo em meio às mais difíceis provas.
O Senhor Jesus nos antecipou que Seus discípulos seriam testados na sua fé. Mas precisamos reconhecer que o verdadeiro desafio da vida de fé nunca se realiza em tempos fáceis. Quando estamos navegando em águas tranquilas e tudo está sob controle a distração da bonança pode nos fazer esquecer que o “justo viverá pela fé”. No entanto, quando as ondas da aflição se levantam e os nossos recursos se mostram insuficientes para enfrentar o perigo, o teste da fé se torna real. Nesse momento alcançamos o ponto crítico no qual, ou somos vencidos pelo desespero ou mantemos firme a certeza de que o Senhor virá nos salvar, mesmo que para isso Ele precise vir andando por sobre as ondas.
            Nesse dias, meditando em Êxodo 33:14 observei as palavras do Senhor a Moisés, enquanto guiava o povo pelo deserto: "A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso".  Eis uma grande e preciosa promessa que nos grande traz alento. As provas e lutas esgotam as nossas forças, mas o Senhor nos dá descanso. Ele é fiel e cumprirá todo o bom propósito da Sua perfeita vontade.
            Certamente esse é o momento para intercedermos pelo Calebe e nos unirmos com a família em oração, ficando dispostos para dividir as cargas. Mas acima de tudo esse é o momento para olharmos para o Senhor e reforçarmos a nossa esperança nele. A situação é crítica e os médicos estão tentando tomar as melhores decisões conforme o quadro clínico. Calebe está bem assistido em um hospital moderno, cercado por profissionais competentes, mas limitados naquilo que podem fazer. Diante desse fato, mais ainda nos alegramos na certeza de que Calebe está nas mãos de Deus, e não existe mãos melhores.
            Que essa experiência difícil pela qual os nossos irmãos atravessam possa trazer glórias ao nome de Cristo e nos ajudar a esperar no Senhor, sem duvidar em nenhum momento que “Ele é bom e a Sua misericórdia dura para sempre”.
            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

UM PAÍS ASSOMBRADO

“Pois todo que pratica mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas suas obras” (Jo. 3.20)

            As trevas tomaram conta dos Estados Unidos nos últimos dias. Em outubro, muitas casas e jardins recebem uma decoração bizarra e tenebrosa. Aranhas asquerosas, gatos pretos, caveiras, bruxas e imitações de pedaços de corpos humanos são espalhados entre imitações lápides que alguns moradores colocam nos jardins. Caveiras em tamanho natural são penduradas pelo pescoço como se fossem restos mortais de pessoas enforcadas.  É como se nesse mês as criaturas das trevas encontrassem uma maneira de ressurgir das profundezas do mundo dos mortos,  encontrando espaço na casa dos vivos.
            A comparação entre as comemorações do dia das bruxas, e a páscoa do Senhor Jesus Cristo me provocou o pensamento. Se não tivéssemos ido à igreja no domingo da ressurreição, não teríamos idéia de que estávamos na Páscoa. A lembrança da morte e ressurreição de Cristo não recebe nem de longe a mesma atenção que o halloween. Para celebrar o halloween, o segundo feriado mais caro dos Estados Unidos, as pessoas se fantasiam e até algumas lojas reduzem seu expediente. É um evento que não passa despercebido. No entanto, a lembrança do sacrifício e ressurreição do Senhor Jesus passou em brancas nuvens perante a sociedade em geral.
            Na sua expressão cultural, muitos americanos deixam claro que abominam a Luz, mas se divertem com as trevas. Aquele que é a Luz do mundo vai sendo cada vez mais apagado da mente do povo, enquanto as bruxas, caveiras e gnomos continuam bem lembrados e celebrados.
            O que se percebe na sociedade americana é um reflexo exato do que acorre no coração de todos os homens. À medida que decidem tirar Deus da sua vida, os homens se entregam àquilo que alimenta sua rebelião. Não existe vácuo espiritual. Quando rejeitamos a luz, passamos a ser dominados pelas trevas.
            Voltando na história, percebemos que a América segue o triste caminho da Europa. Onde antes a Palavra de Deus era guia e fundamento da sociedade, hoje é um livro esquecido, que poucos levam a sério. Na verdade, a grande maioria da população adotou um estilo de vida materialista, esforçando-se para apagar os últimos vestígios da fé Cristã que aqui e ali se manifestam muito esparsamente. E os números comprovam a decadência espiritual americana. Em recente pesquisa entre alunos de várias universidades, pouquíssimos podiam lembrar o nome dos quatro evangelhos. Num pais com história pagã como o Brasil tal resultado seria esperado. Mas nos Estados Unidos, a nação que se ergueu sobre os pilares da fé e se tornou uma tocha missionária para o mundo todo, tal situação é tristemente surpreendente.
            Mas as nações são feitas de indivíduos. O fruto da coletividade brota da semente plantada no coração das pessoas. O colapso espiritual da América espelha a rebeldia no coração dos seus cidadãos que decidiram virar as costas para a verdade de Deus. Com isso, o país se tornou um símbolo do humanismo moderno. Externamente parece que as coisas continuam indo muito bem, mas aos olhos de Deus a nação deixou de uma árvore plantada junto ao ribeiro de águas, tornando um arbusto seco no deserto, conforme descrição do profeta Jeremias (Jeremias 17).
            Longe do Senhor, poderemos experimentar uma aparente prosperidade, até o dia em que teremos que enfrentar o vale da sombra da morte. Nesse momento procuraremos em vão uma saída, mas nada poderá nos socorrer, pois desprezamos o Bom Pastor, que dá a vida pelas ovelhas.
            Onde antes brilhava intensa luz, hoje reina a negridão das trevas.
            Deus salve a América!

            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira  


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O perigo que vem de dentro

Dentro de alguns aparelhos eletrônicos, certas partes trazem um adesivo com o sinal de perigo indicando risco de choque elétrico. O que está em volta pode ser manuseado, desde que respeite o ‘perigo’ que se esconde dentro dos componentes assinalados. Assim são alguns conteúdos dentro do nosso coração. Estão lá meio dormentes, mas farão um grande estrago se forem tocados.
            É o Senhor Jesus quem nos fala sobre isso em Mateus 15.18-20, quando ele foi abordado sobre ‘’o que contamina o homem’’. Diferente dos fariseus, Jesus afirma que a contaminação não se dá pelo que entra, mas pelo que sai da boca do homem.
            O ponto interessante aqui é a declaração de que o homem se contamina quando sua boca profere o que está no coração. Por que somente quando sai? Não seria mais lógico pensar que, uma vez que o ‘material contaminado’ encontra-se no interior do homem, então, a expressão verbal seria apenas a demonstração externa da contaminação que já é real internamente? Como é que o coração está cheio de ‘material contaminado’, mas o homem só se contamina quando a boca fala?
            Uma possível explicação seria a seguinte: a expressão externa por meio da boca pressupõe que interiormente foram feitos os processos que levam à comunicação. ‘’A boca não fala’’ por si. Ela é instrumento da mente. Ou seja, para fazer a boca falar, seria preciso a mente tocar naquele setor do coração onde se encontra a lista de pecados mencionados por Jesus. As palavras más são fruto de pensamentos direcionados para o mau.
            Jesus está ensinando que dentro do coração de cada pessoa se encontra um compartimento com material altamente perigoso, capaz de contaminar a alma e espalhar destruição no ambiente. A chave que destranca esse compartimento está em nossas mãos. Por descuido, ou por decisão, às vezes abrimos a porta, liberando o odor tóxico do pecado.
            Tudo isso mostra o quanto precisamos da ajuda de Deus para vivermos de um modo que Lhe agrade. Entregues a nós mesmos, seremos contaminados pelo nosso próprio pecado e seremos agentes de contaminação.
            Graças a Deus por Jesus Cristo e pelo Seu Espírito.

A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira.       

domingo, 27 de outubro de 2013

APRENDENDO A RECICLAR

“Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, tem as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”  Hb. 5.1

   No nosso condomínio cada família tem um serviço comunitário. Desse modo podemos abençoar uns aos outros, mantendo uma atitude de servos, e ainda poupamos despesas com serviços, que são sempre caras nos Estados Unidos.
            Nós somos responsáveis por cuidar de parte do lixo reciclável: plástico, alumínio e vidro. Temos recipientes para cada tipo de lixo. Quando estão cheios, colocamos em sacos grandes, e levamos para a estação de reciclagem. O pagamento é feito em forma de um cupom que pode ser usado para compra de materiais necessários para o próprio condomínio. 
            Mas não é somente por ser plástico ou alumínio, por exemplo, que um material é considerado reciclável. É preciso ter a indicação expressa, abaixo do código de barras, de que tal material é considerado reciclável no estado da Califórnia. No começo a gente tinha dificuldade em separar o lixo, e precisávamos olhar quase cada item para ter certeza de que estávamos levando somente o aceitável. Com o passar do tempo ficamos peritos em lixo reciclável na Califórnia. Devido a prática repetida muitas e muitas vezes, o tempo que gastamos separando o lixo é muito menor do que antes. Esta semana me senti um lixeiro de primeira.  Em poucos minutos, esvaziei dois tambores, ensacando somente o que interessava. Na maioria dos casos basta olhar para a garrafa e imediatamente sei se devo levar para a reciclagem.  A prática me ajudou a discernir o que serve e o que não serve em termos de reciclagem.
            Minha habilidade com reciclagem por causa da prática fez-me lembrar a epístola aos cristãos Hebreus. Eles tinham conhecimento da verdade, sabiam que Cristo era superior a tudo de mais excelente que podia ser encontrado no judaísmo, mas estavam vacilando na fé. As circunstâncias adversas e as novas doutrinas estavam contaminando aquele grupo de cristãos, apesar do tempo de fé. O tempo passara, mas eles ainda eram meninos espirituais. Havia um descompasso entre a cronologia e a maturidade.
Como explicar tal situação? Hb. 5.14 dá o motivo: eles não praticavam o que sabiam. Eis o nosso grande problema. Sem obediência perdemos o discernimento. A informação da verdade não significa que estamos sendo guiados pela verdade. É preciso praticar a Escritura a fim de ficarmos peritos em discernir entre o bem e o mal. À medida que engajamos a nossa mente e coração na prática da obediência, ficamos mais aptos para separar entre o que é puro, e o que é contaminado, entre o que agrada a Deus e o que alimenta a nossa carne pecaminosa.
Por onde começar? Tenho duas dicas simples. Primeiro, faça uma avaliação pessoal:  “Existe algo na minha vida, externa ou interna, que é contrário à verdade da Escritura que eu já conheço?” Se for o caso, tome providência imediata. Segundo, na sua próxima pregação ou lição bíblica, tenha caneta e papel para anotar uma lição que você vai praticar durante a semana. Mantenha esse papel em local visível e leia cada dia várias vezes o desafio prático da semana.
No meio do lixo desse mundo somente a prática das Escrituras nos ajudam a perceber o que é proveitoso.
A serviço do Mestre,

Pr. Jenuan Lira.  

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A GLÓRIA DE EDNEY

“Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória” (Sl. 73. 24-25)

                        Seria trágico, se não fosse o Senhor. Edney, um jovem ministro do evangelho, pai de três filhos pequenos,  morre em tempo breve, depois de lutar bravamente contra um violento câncer.
            Quando nos caminhos da vida cruzamos com a morte, ficamos perturbados, especialmente se tal encontro nos parece absolutamente prematuro. Tinha que ser dessa maneira? Não havia uma esperança por meio de um novo medicamento? Por que não foi aplicado? E assim seguem as muitas interrogações para as quais só Deus tem a resposta.
            Enquanto  tentamos encontrar um sentido entre a vida e a morte, o primeiro passo nunca deve ser a razão, mas a fé, que brota da afirmações das Escrituras.  No Salmo 73 Asafe se lançou numa desafiadora empreitada: solucionar os dilemas da existência humana partindo do seu próprio raciocínio. Não conseguiu ir muito longe até chegar ao ponto de  reconhecer que “só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim” (v. 16). Mas se o crer nas Escrituras preceder o pensar, todas as nossas perguntas serão feitas sobre as bases firme da soberania e da bondade de Deus. O Deus Eterno age soberanamente em todas as coisas e prepara um final glorioso para aqueles que o amam. Na luta da vida o que os nossos olhos vêem e o nosso corpo experimenta pode não fazer o menor sentido, mas Deus está no controle e tem o melhor para os Seus.
             É fato que os últimos momentos do Edney entre nós foram difíceis. As fotos e o vídeo que ele postou dias atrás revelavam a decadência e a fragilidade causadas pela doença. Aparentemente ele estava numa luta desleal contra um inimigo muito mais poderoso. Mas se a situação for considerada através da ótica bíblica, o cenário é outro. Por trás da triste imagem da decadência material, ergue-se a sombra da cruz de Cristo. A luta do Edney foi enfrentada por Cristo na cruz do calvário e vencida ao terceiro dia conforme o verdadeiro testemunho do anjo que disse às mulheres: “Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está, mas ressuscitou” (Lucas 24.5-6). Sendo um salvo por Cristo, Edney estava destinado à vitória sobre a morte física e eterna. O combate final foi traumático, mas a glória foi alcançada, em Cristo Jesus.
            A vida do Edney pode até ficar fora dos registros oficiais da história humana, mas o que interessa é que o seu nome estava escrito no livro da vida, pois quando chega o nosso dia, não importa o que fomos, nem o que fizemos, mas apenas se a nossa vida estava oculta em Cristo. Afinal, que proveito há em ganhar o mundo e perder-se eternamente?
            Para o nosso irmão, a luta findou. Tudo está consumado. Viver e morrer são verbos que mudam de sentido quando Cristo faz parte da nossa vida.  A morte perdeu mais uma vez,  pois nada nos separa do amor de Cristo.
            “Ainda que a minha carne e a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl. 73.26).

            A Serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.      

PAULO ANDERSON E GABRIEL

“Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Lc. 18.17)


                        Em meio às conversas pesadas dos adultos, senti a aproximação leve de uma criança. “Meu amigo Gabriel, cadê o Paulo Anderson?”, falei enquanto o abraçava. Ele não respondeu minha pergunta, porque não lhe interessava, e porque era realmente uma pergunta difícil. Quando o culto termina e eles saem da salinha, ninguém tem idéia de onde os dois poderão estar no próximo minuto. Como um traque de salão enlouquecido depois que o fósforo se encontra com a pólvora e percorre as trilhas mais incertas possíveis, ou como o antigo carrinho de brinquedo  “bate-e-volta” que seguia sua rota como a mais plena ilustração do que poderíamos chamar de imprevisibilidade, Paulo Anderson e Gabriel saem “batendo e voltando” até que a mãe resolve que está na hora de ir embora. Enquanto não, eles podem ser encontrados em qualquer lugar, desde o armário que guarda os instrumentos até a nossa pequena cozinha, onde numa ocasião tiveram a brilhante idéia de brincar com os botões do fogão, divertindo-se enquanto o gás butano era liberado por meio de um “interessante” barulhinho.
            Por isso, sem dar atenção à minha estupidez de adulto, Gabriel, com grande espontaneidade e poucos dentes, foi direto ao ponto:
- “Ti (entenda-se: tio), tu leva eu e Paulo Anderson para tua casa de novo?”.
- Claro, Gabriel, mas agora o ti não pode porque está morando bem longe. Mas quando voltar eu te levo de novo para minha casa. 
            As crianças são presentes de Deus para nos ensinar profundas verdades espirituais. Embora pecadoras, eles retém as qualidades essênciais para os que irão herdar o reino dos céus. Elas nos ensinam com sua simplicidade e espontaneidade. A humildade é uma marca divina que particulariza as crianças, até que o soberba dos seus pais lhes aprisiona, por herança e por exemplo. Por isso o Senhor as usou para resolver uma crise de meninice maliciosa no meio dos discípulos (Mt. 18.1-5). Não é isso que aprendemos com as nossas crianças, particularmente com os nossos dois amiguinhos aqui mencionados?
Quando penso nesses meninos fico comparando a espontaneidade e leveza deles quando estão entre nós. Se fossem adultos, o orgulho invertido da auto-depreciação já os teria arrancado do nosso convívio. Mas eles são crianças e não se deixam intimidar porque moram onde moram e vivem como vivem. Se você os chamar para sua casa, ele não vai ficar acanhado com as “riquezas” da sua família e os brinquedos sofisticados dos seus filhos. Eles vão se maravilhar, mostrar um para o outro cada nova descoberta e vão brincar com seus filhos.  Isto é, se vocês adultos deixarem, e não forem 'seletivos' demais para abrir suas portas para esses meninos.
Uma prova do que Jesus fala no seu elogio às crianças está no sorriso do Paulo Anderson. Sua vida é difícil, mas o sorriso é fácil. Faça você mesmo o teste. Basta um simples oi, e o sorriso flui simples, puro, autêntico e inocente. As privações do dia-a-dia, que com certeza nos fariam adultos amargos, não conseguem amargurar seu pequeno coração. Como os pássaros que recebem a ração diária do Pai Celeste, e amanhecem louvando o Criador, mesmo sem saber de onde virá o alimento para mais um dia,  Paulo Anderson louva a Deus com seu sorriso gracioso, expressando a 'fé inocente' de que Cristo falou a verdade quando disse que o mesmo Deus que cuida dos pássaros e faz nascer os lírios, cuidará das suas necessidades e da sua família (Mt. 6.31-32).
            Deus tem dado a nossa Igreja a bênção de ter esses meninos entre nós.  O que vamos fazer com eles? Tenho uma sugestão...

“Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava” (Mc. 10.16)

            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.

Removendo os marcos

“Os príncipes de Judá são como os que mudam os marcos; derramarei, 
pois, o meu furor sobre eles como água” (Oséias 5.10)

                     Um dos mais conhecidos seminários evangélicos do mundo fica perto da nossa casa em Pasadena. Conta com mais de 4.000 estudantes, vindos de cerca de 100 diferentes denominações, de diversas partes do mundo. A biblioteca, dividida em 4 andares, contém cerca de 50.000 volumes e excelentes salas de leituras abertas ao público. Por isso, muitas vezes pego meus materiais e passo horas na biblioteca fazendo minhas tarefas e pesquisas.
                   Infelizmente, esse seminário hoje é um símbolo do liberalismo teológico no meio evangélico. Seus marcos doutrinários e práticos foram removidos de modo tal, que a autoridade das Escrituras foi anulada em prol da relevância e contextualização. Há poucos dias, por exemplo, havia uma exposição católica de imagens de Maria no hall de entrada. Eram quadros e poesias enaltecendo Maria no seu papel de “mãe de Deus e medianeira dos pecadores“.  Se as ações revelam o coração, podemos dizer que o coração desse seminário está tomado pelo ecumenismo religioso, uma posição que fere terrivelmente o ensino bíblico.
                   Outro dia, saindo da biblioteca, notei uma nova exposição nos murais da biblioteca. Era sobre a história do seminário. Para minha surpresa, entre os fundadores encontrei nomes de vários conhecidos estudiosos das Escrituras, cujos livros se tornaram referência em vários campos de estudo. Eu os conhecia por ter usado suas obras durante meu tempo de seminário. Foram homens que lutaram contra o liberalismo teológico do século passado, levantando a bandeira em defesa da autoridade, inspiração e inerrância das Escrituras. Foram esses valores que moveram os fundadores nos primórdios da escola em 1947.  
                 Retornando para casa fiquei pensando sobre as mudanças negativas que podem ocorrer na vida de uma instituição e de uma pessoa. A história antiga e recente está repleta de exemplos. São casos tristes de organizações e indivíduos que hoje negam os marcos antigos que orientavam seus pensamentos e ações. 
                  A Bíblia relata sobre as mudanças negativa que ocorreram ao longo da história da nação de Israel. O povo facilmente esquecia seu compromisso com Deus. Esse tópico foi enfatizado grandemente nas repreensões proféticas. O profeta Oséias denunciou o pecado da mudança dos marcos antigos, praticado pelos líderes de Judá na vida espiritual do povo. Fazendo assim, eles agiam como quem se apropria de terras que não lhe pertencem, roubando a propriedade dos seus vizinhos, pois os marcos eram pedras usadas como balizas para delimitar a extensão de uma propriedade.
Quando penso na minha própria vida, e nas muitas vezes em que tenho removido os marcos delimitadores que a Palavra de Deus me impõe, compreendo mais claramente a seriedade do meu pecado. A Bíblia diz que eu não pertenço a mim mesmo (Rm. 14.7-8; I Cor. 6.20). Eu tenho um Dono e Senhor, cujos marcos delimitadores se estendem a tudo que tenho e sou. Mas, movido pelo rebelde desejo da liberdade pecaminosa, eu vou forçando as fronteiras do senhorio de Cristo, deixando parte do terreno do meu coração fora do Seu controle. Então, me aproprio da “terra sem dono”, e sinto-me livre para fazer o que bem desejo.  O que aconteceu? Removi os limites, neguei ao Senhor o direito de propriedade sobre a minha vida, e tornei-me presa do meu próprio pecado.
      Mudar os marcos do compromisso com Deus parece algo muito simples. Fazemos isso ao longo da vida e aparentemente, nada de mal acontece e a gente ainda fica ainda com a sensação de que está gozando a vida.  Essa é mais uma doce ilusão do pecado. O único problema é que “do Senhor não se zomba”. Os príncipes de Judá pensaram que estavam no controle da situação, mas quando menos esperavam sobreveio-lhes repentina destruição. O Senhor cumpriu a Sua Palavra e o Seu julgamento desabou sobre a nação como uma inundação de muitas águas.
      Você reconhece os limites do Senhor sobre a Sua vida? Não tente cruzar a linha. A grama que perece mais verde além dos limites de Deus é apenas ilusão de ótica. Do lado de cá está a bênção e a vida para sempre.

                   A serviço do Mestre,

                   Pr. Jenuan Lira.

O Arrependimento de Deus

            Nenhum ensino pode ser reputado como verdadeiro se não passar no teste da não-contradição. Por isso, os inimigos da Bíblia se apegam com unhas e dentes à acusação de que as Escrituras estão cheias de contradições. Seguindo o errôneo caminho de examinar textos à parte do seu respectivo contexto, deleitam-se em lançar no rosto dos crentes os inúmeros exemplos em que a Bíblia se trai em paradoxos inexplicáveis.
            Por outro lado, como diz Pedro na sua segunda epístola, existem, espalhados nos escritos inspirados, textos "difíceis de entender", que por isso mesmo, tornam-se "alvos fáceis" para as deturpações dos ignorantes e instáveis ( 2 Pedro.3:16). Entre os tais textos, certamente se encontram aquelas várias referências do Antigo Testamento onde se diz que "Deus se arrependeu".
Naturalmente não se pode ter a pretensão de chegar a plenos e totais esclarecimentos sobre todos os textos difíceis da Escritura. Afinal, entre o Autor da Bíblia e o seu estudante existe a distância intransponível do Infinito ao finito. Assim sendo, a humildade é sempre recomendável no estudo da Bíblia. Entretanto, com um pouco de pesquisa bem orientada, pode-se lançar bastante luz sobre os textos mais obscuros, como no caso dos que mencionam o "arrependimento de Deus”
No Antigo Testamento, sempre que o ato de arrepender-se é creditado a Deus, a mudança ocorre não na mente de Deus, mas no seu tratamento com o homem, e por causa de uma mudança sofrida por este. O homem é instável por natureza e está sujeito a alterações para melhor ou pior. Havendo, pois, alguma alteração nos caminhos do homem, tais alterações refletem na sua relação com Deus, ou seja, "Deus muda o seu caminho" quanto ao seu trato com o homem. Quando a santidade e justiça imutáveis de Deus interagem com a mutabilidade humana, os "caminhos de relacionamentos" entre Deus e o homem precisam sofrer alteração, sejam para bênção ou juízo divinos.
Imagine um velejador iniciante que despende enorme esforço para deslocar-se alguns poucos metros. Na sua imperícia, está indo contra o vento. De repente, num dado momento ele descobre o erro e passa a navegar a favor do vento. Com a mudança do navegante, aparece uma mudança no seu relacionamento com o vento. O que antes parecia uma relação hostil passa a figurar como uma "relação amistosa" e produtiva. Assim também acontece no andar do homem com Deus. Enquanto andamos 'a favor1 dos imutáveis caminhos do Senhor, recebemos todos os benefícios das suas "brisas" de bênçãos. Porém, no momento em que resolvemos mudar nosso curso, sofreremos a resistência do "sopro divino", o qual jamais pode alterar-se ao sabor dos "ventos" do nosso coração instável.
Além disso, para fazermos justiça à sadia interpretação do Arrependimento de Deus, devemos considerar I Samuel 15:29, onde se diz explicitamente que "...Deus não é homem para que se arrependa ". Logo, o "arrependimento de Deus" jamais pode ser entendido à semelhança do arrependimento humano.
Portanto, ao atribuir arrependimento a Deus, a Bíblia não está em contradição. Há uma explicação plausível para essa "expressão difícil" no texto sagrado. Quanto ao mais, é descansar no "texto fácil" e confortador que nos assegura: " Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre"(Hb. 13:8). 
A Ele, pois, a glória, eternamente!

A Serviço do Mestre

Pr. Jenuan Lira

PLANOS FRUSTRADOS

O homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor
 (Provérbios 16.1)

            Eu estava orgulhoso de mim mesmo. Em pleno feriado, decidi dedicar uma manhã inteira para organizar minha vida e encarar o novo semestre. Listei os principais compromissos, tentei seguir uma ordem de prioridade e tomei cuidado para não esquecer nada que fosse realmente importante. Foi cansativo, mas finalmente cheguei a um planejamento perfeito.  Como não sou uma pessoa das mais organizadas, o esforço empregado trouxe um duplo prazer, pois mostrava um significativo progresso.  Fiquei feliz porque tudo tinha se encaixado nos seus devidos lugares e até tinha encontrado espaço para atividades que estavam sendo esquecidas. Relaxei, aproveitei o resto do feriado e me preparei para iniciar uma semana extremamente produtiva. Por todos os ângulos que pensava, esse planejamento me a solução para os meus problemas. Era seguir o mapa e desfrutar o prazer do dever cumprido.

            Enquanto lutava com minha agenda, comecei a sentir um leve incômodo na articulação do cotovelo esquerdo... “Não deve ser nada.”  Minha esposa consultou o dr. Google, e descobriu que estudantes tendem a enfrentar esse tipo de situação por apoiar excessivamente o cotovelo no birô. Legal! Como tinha pensado, não deve ser nada. O diagnóstico era o que eu queria ouvir, mas os fatos mostraram que a situação não era bem assim. De fato, por causa de um pequeno ferimento, um bando de estafilocos delinquentes, se alojaram perto da articulação, causando uma severa infecção. O resultado? três dias febril, indisposição e incapacidade de cumprir minhas obrigações como planejado.

            Aprendi que Deus usa bactérias para no relembrar fatos que facilmente a gente esquece. Reforçou-se em minha mente o fato de sou incapaz de determinar o meu caminho, e os meus planos podem ser frustrados até por uma bactéria.  Com isso, recordei as sábias palavras do profeta Jeremias: “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos” (Jeremias 10.23). Por mais organizado, cauteloso e precavido que um homem seja, o imprevisível pode estar lhe esperando na próxima esquina. E se ele acha que tem o poder de determinar os seus passos, quando a realidade da vida não confirmar tal expectativa, frustração e amargura tomarão conta do seu coração.

            Então, não vamos mais planejar e deixar que o acaso determine nossa vida? Absolutamente. Acaso não existe. Tudo acontece dentro do Plano de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus está no controle de todas as coisas, até mesmo dos vírus e bactérias. Os agentes infecciosos que me derrubaram, não entraram no meu corpo num momento em que Deus se descuidou. Deus nunca se descuida. Ele não se cansa, não se distrai, nem cochila (Salmo 121.4). Tudo que há nesse universo deve sua existência à ação preservadora de Cristo (Colossenses 1.17). Por isso, quando meus planos se  frustram, ao invés de permitir que a amargura domine o meu coração, deve me parar e reconhecer que Deus tinha outro plano, o qual é sempre melhor. Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o ama. Com o Seu perfeito amor, Ele deseja o melhor; com Seu eterno poder Ele é capaz de fazer o melhor.

            Continuo achando que fiz bem em planejar, mas errei por não deixar margem para as mudanças que Deus queria fazer por meio dos seus ‘agentes invisíveis’. Vou ter que correr agora para recuperar o tempo perdido, mas não vou alimentar a ilusão de que tudo depende de mim. Com o que aprendi nessa situação, cada vez que olhar para o meu calendário, vou lembrar claramente: Eu sou homem, Ele é Deus. Por isso, antes de iniciar o dia devo reconhecer um fator determinante: “Se o Senhor quiser” (Tiago 4.15). 

            A serviço do Mestre,
           

            Pr. Jenuan Lira.

FERNANDO HENRIQUE OU PILATOS?

Papel e tinta tem poder. A fala passa, mas a escrita tende a se perpetuar através dos séculos. Seus efeitos, bons ou maus continuarão, às vezes até contra a vontade do escritor, porque a escrita resiste ao tempo.
Dois homens são bons exemplos que provam efeito da palavra escrita: O ex-presidente Fernando Henrique e o governador romano Pilatos. Ambos passaram pela experiência de ter que responder pelo que tinham escrito.
As coisas não iam bem em Brasília (e isso não é novidade!) e o presidente estava tomando posições que muitos reprovavam.  Sabendo do seu passado como intelectual respeitado dentro e fora do Brasil, e notando que havia uma incongruência entre discurso e prática, um repórter fez a pergunta desconcertante:
            - Presidente, como essa sua atual posição combina com  o que o senhor escreveu nos seus livros?
             A resposta não podia ser mais inesperada...
- Esqueçam o que escrevi! Disse o ex-presidente.
            E quanto a Pilatos? Ele foi questionado por ter afixado sobre a cruz de Cristo quatro palavras: Jesus Nazareno Rei dos Judeus. Ele não escreveu um livro, mas essas poucas palavras estavam carregadas de sentido, tanto pelo que dizem quanto pelo que dão a entender. Os judeus entendiam o poder da escrita. Por isso os chefes do sinédrio, se sentindo ofendidos, pediram que Pilatos fizesse uma modificação na inscrição, a fim de deixar claro que o crucificado não era o rei dos judeus, apenas se chamava assim. Diferente do nosso ex-presidente, Pilatos respondeu: O que escrevi, escrevi. Em outras palavras: está escrito e continuará escrito.
            Qual dos dois homens agiu corretamente? A quem você seguiria com um bom exemplo se por acaso passasse por semelhante situação?
            Sem entrar no mérito dos motivos do governante de Brasília, acho que sua resposta nos dá uma boa lição: pense antes de falar, e principalmente antes de escrever. Não se omita de tomar uma posição, mas pondere diante de Deus se as suas palavras resistirão à prova dos fatos. Muitas vezes precisamos retroceder naquilo que pensamos, falamos ou escrevemos. A situação muda, outros fatos se esclarecem e chegamos à conclusão de que nossas palavras foram precipitadas e enganosas. Nestes casos, o melhor que podemos fazer é reconhecer o erro. Se terminamos ferindo alguém ou causando escândalo, devemos fazer o caminho inverso. Mas não basta pedir que a pessoa ofendida esqueça nosso erro. Isso pode ser que nunca vai acontecer. No entanto, podemos pedir que nos perdoe pelas palavras e atitudes desagradáveis.
            Pilatos não admitiu ser questionado na sua escrita. Ele estava sendo irônico e aproveitou a situação para fazer deboche tanto com o Senhor Jesus, quanto com o povo judeu. Nas suas poucas palavras ele estava dizendo: “Olhem só quem é o rei dos judeus. Vocês são uma raça inferior, pois que povo na história teve seu ‘rei’ crucificado entre dois ladrões?” Assim, com o coração dominado pelo orgulho, querendo mostrar que ele era homem de uma só palavra (nesse caso, leia-se ‘soberbo’) respondeu ‘o que escrevi, escrevi’.
            Você é capaz de retroceder nas suas palavras quando fica provada sua incoerência? Todos nós somos incoerentes em certos momentos da vida. Devido ao nosso coração enganoso, desequilibrado pelo pecado que habita em nós, podemos pensar o que não devíamos e expressar o que não é recomendável. Somente Deus pode dizer : “Minha palavra nunca voltará vazia”. Quanto a nós, inúmeras vezes precisamos repensar nossas idéias e corrigir nossas expressões. E quando nos questionarem sobre a mudança podemos dizer: “Não considere o que eu disse. Eu estava errado e nunca deveria ter falado aquilo. Se puder, esqueça o que escrevi”.
            Entre Fernando Henrique e Pilatos dois caminhos opostos se apresentam. Mas nesse caso, por incrível que pareça, é melhor seguir para Brasília do que para Jerusalém. Acha que estou equivocado? Pense um pouco, ore a respeito e leia de novo o texto. Tenho certeza que você chegar à conclusão de que “o que escrevi, escrevi”.

            A serviço do Mestre,


            Pr. Jenuan Lira.  

A MULHER DE PILATOS

“Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (27.19)

           
            Havia uma tensão no ar. Desde o domingo anterior, com a entrada triunfal de Cristo, um misto de expectativa a grande interrogação pairava sobre a cidade de Jerusalém, indicando que aquela páscoa seria diferente de todas as outras. E assim foi, pois na quinta-feira Jesus foi preso, e toda as peças rapidamente se encaixavam para um trágico final.   

            Uma vez nas mãos do sinédrio, Jesus foi abandonado pelo povo e até por Seus próprios discípulos. Dali para frente, embora muitos discordassem com a injustiça que estava para acontecer, ninguém ousava se pronunciar em favor da verdade. Fazer isso seria ir contra a expectativa de todos.
 
            É nesse contexto que somos apresentado à mulher de Pilatos. Mais uma ‘mulher sem nome na Bíblia’, mas uma pessoa importante dentro do plano de Deus. A tradição diz que ela se chamava Cláudia, e a igreja grega a tem entre os seus santos. Mas a Bíblia não menciona seu nome, e apenas Mateus relata sobre a sua participação no julgamento de Cristo. No enredo geral ela aparece  como uma simples figurante, mas aos olhos de Deus ela era uma peça chave na confirmação da Sua Palavra. Além disso, ela era a única pessoa que tinha acesso ao coração de Pilatos, o homem que daria a palavra final acerca do destino de Jesus.

            Ao notar que seu marido estava para cometer a maior de todas as injustiças pronto para assumir o primeiro lugar no rol de todos os covardes da história humana, ela fez o que pode para detê-lo. Ela recebera a mensagem de Deus acerca da Pessoa de Cristo, ficando convencida de que Ele era justo. A pressão da multidão não a intimidou. Ela sabia a verdade e não iria guardar silêncio.  O efeito da sua mensagem poderia ser  insignificante, mas ela pelo menos fez a sua parte e zelou pela sua consciência diante de Deus. Seu marido seguiu o mal caminho, mas não o fez por falta de um bom testemunho.   

            A voz da mulher de Pilatos foi abafada pela multidão em Jerusalém, mas Deus quis que Suas palavras continuam ecoando através dos séculos. Muitos tem dúvidas sobre quem é Jesus, outros se acovardam e decidem não segui-lo. Para esses, a mulher de Pilatos continuam afirmando: “Ele é o Justo. Quem o rejeita para atender aos apelos do mundo sofrerá grande perda”. 

            A mulher de Pilatos no anonimato do seu lar se tornou uma poderosa testemunho de Cristo, sendo a única voz a Seu favor no momento em que Ele não tinha quem falasse por Ele.

            Você pode até passar despercebido e anônimo aos olhos do mundo, mas aos olhos de Deus você pode ser uma peça importante na realização do Seu plano e na manifestação da Sua glória.  Se o mundo esquecer seu nome, não se preocupe, Deus se lembra de você e a recompensa você receberá das Suas mãos. E se seu testemunho não fizer diferença? Não se preocupe com isso também, pois o caminho da verdade de ser trilhado independente dos resultado. Sigamo a verdade pois Ele é a verdade.

A serviço do Mestre,


Pr. Jenuan Lira

DESAFIO DA LUTA ESPIRITUAL

Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens ” (Mt. 16.23)


            Nossa falta de fé se explica em uma palavra: materialismo. No domingo fazemos um pequeno esforço para negar o fato, mas no resto da semana a realidade vem à tona. Por essa razão não nos impressionamos com a declaração de Paulo no sentido de que: “A nossa luta não é contra sangue e carne, e sim contra principados e potestades, contra os dominadores desse mundo tenebroso, contra forças espirituais do mal nas regiões celestes ...”. Enquanto a Bíblia fala de luta espiritual intensa, levamos a vida cristã relaxadamente, sem a menor atenção ao fato de que estamos em guerra e o Inimigo é poderoso.

            A luta espiritual divide os evangélicos em dois extremos, geralmente. Há aqueles que são paranoicos em termos da presença de Satanás e seus anjos, enquanto  outros não ao menos pensam no fato de que Satanás tenta nos “peneirar como trigo” (Lc. 22.31) e nunca se cansa na sua terrível obra de tentar “perverter os retos caminhos do Senhor (At. 13.12). Infelizmente, esse é o extremo em que muitos de nós caímos. Esse é o nosso ponto cego no retrovisor espiritual e por isso estamos sempre correndo perigo, pois nos tornamos presa fácil do “leão que ruge procurando alguém para devorar” (I Pe. 5. 8). Sem perceber a ação insidiosa do Maligno, nunca chegamos ao ponto de convicção que nos leva a dizer: “arreda, Satanás”.

            Cristo, nosso Amado e Divino Mestre, sofreu terríveis ataques do Inimigo, em situações completamente inesperadas. Não seria exagero dizer que o Diabo seguia os passos de Cristo, procurando uma brecha para agir. Às vezes, Satanás agia dissimuladamente, outras vezes era ousado e partia para o ataque frontal. Ele conhecia e temia a Cristo. Em Mc. 1:24, o demônio admite francamente: “Bem sei quem és: O Santo de Deus!” Satanás sabia que quando se defrontava com Cristo estava diante do Criador dos céus e da terra. Ele sabia que, em parte, devia sua própria existência ao poder do Senhor Jesus. Ele sabia ainda mais que Jesus, sendo Deus, nunca iria pecar e  seria capaz de passar por toda e qualquer tentação, sem ceder a nenhuma delas (Hb. 4.15). Mas nem por isso deixou de preparar suas armadilhas e insistir contra o impossível. Isso nos ensina que uma das características do Diabo é a ousadia.

            Além de ousado, Satanás é criativo e insistente. Em Mateus 16.23, vemos o Diabo cercando a Cristo e Seus discípulos. Pouco depois de Pedro ter feito uma maravilhosa confissão acerca da identidade divina de Cristo, Satanás se apropria da boca desse discípulo como meio de fazer o Senhor Jesus se desviar do plano do Pai. Jesus notou imediatamente a estratégia do inimigo e ordenou: “Arreda, Satanás!” Entre outras coisas, a batalha espiritual explica por que Jesus orava tanto e tão prolongadamente. Ele sabia bem do que Satanás era capaz e por isso não baixava a guarda.

            Precisamos entender a importância desse assunto para nossa vida cristã. Se para nós a batalha espiritual é uma mera idéia ou uma brincadeira, para Satanás não é.  O Inimigo é astuto, ousado, poderoso e nunca dorme. Se ele tentou o impossível com Cristo, o que ele não será capaz de tentar conosco?

            Portanto, “vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt. 26.41). “orando em todo tempo no Espírito e para isso vigiando com toda perseverança e súplica” (Ef. 6.18).

            A realidade é muito maior do que aquilo que os nossos olhos veem. O mundo espiritual é a pare invisível da realidade que nos cerca, portanto, à batalha, sabendo que “maior é o que está em nós do que o que está no mundo” (I Jo. 4.4).

            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

DEUS, DILÚVIO E DETALHES

         Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas; troveja o Deus da glória;
O Senhor está sobre as muitas águas (Sl. 29:3)

         Temos a tendência de achar que os detalhes produzem segurança. E se o desafio for grande e arriscado, mais ainda queremos ter certeza de que entendemos cada detalhe. Só tem um problema: Deus reserva para Ele os detalhes, e nos revela apenas o que precisamos para iniciar a caminhada. Os desafios da estrada só saberemos quando nos defrontarmos com eles.

 Pense em Noé. Não deveria Deus ter sido mais específico? Noé recebeu a orientação específica para preparar o instrumento que o faria navegar em meio à chuva torrencial, mas além disso... Quantos dias de chuva, Senhor? Vai ser só chuva? vai ter ventos, trovões e relâmpagos? Evidentemente o barco não vai ficar parado... como e onde será o desembarque? Vai ser muito longe de casa? Poderia me antecipar alguns detalhes, Senhor? posso ter mais informação...?. Se tais perguntas foram feitas, a única resposta foi um misterioso silêncio. As informações foram: As comportas do céu serão abertas, vai desabar uma tremenda chuva e todos os homens vão perecer. Prepare a arca como estou mandando, entre nela e espere a chuva passar. O resto Eu cuido. E assim foi. Por quarenta dias, a copiosa chuva devastou toda terra. Terminada a chuva, Noé, sua família e a bicharada seguem vagando ao sabor das ondas por mais de 6 meses, sem ter a menor noção de onde iriam aportar.

            Gostamos de detalhes, especialmente quando vislumbramos um dilúvio. Tenho certeza que Noé também teria ficado feliz em tê-los, mas Deus não os quis dar. E se o Senhor não entra em detalhes é porque é melhor... Mas, Senhor, não estamos falando de uma neblina...é um dilúvio. Só isso? O Senhor não poderia me dar mais informação? Eu sei que o Senhor sabe o que é isso, mas eu não sei... Estou confuso... Pode me dar mais detalhes... 

            Dá para entender os dilemas resultantes da pouca informação, mas pensando bem, qual, afinal, seria o benefício dos mínimos detalhes? A informação detalhada não iria diminuir a chuva, só aumentaria a ansiedade. Ter toda informação demanda capacidade para lidar com elas sem entrar em parafuso.  Detalhes satisfazem nossa curiosidade e dão uma aparente segurança, mas não são bons para quem deseja crescer na vida de fé. O mapa completo diminui a doce alegria da surpresa, quando, de repente, a provisão de Deus nos alcança multiplicando a bênção nossa de cada dia

            Seguir sem noção do futuro, enquanto as águas da provação nos ameaçam  não é fácil, mas às vezes é assim que Deus deseja, para que o controle do barco da vida passe totalmente às Suas mãos. Sem leme, sem bússola, sem norte, nada mais nos resta senão confiar em Deus. É nesse momento que o nosso conhecimento de Deus passa do ouvir para o contemplar. E quando as águas se avolumam querendo nos tragar, descobrimos as ondas atendem ao Seu mandar. Não estamos abandonados à deriva seguindo para lugar nenhum. Se o Senhor não já estiver no barco, Ele virá andando sobre as águas e nos dirá: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais (Mt. 14.27).
             
            E quanto a Noé? A chuva parou, águas secaram e todos desembarcaram em terra firme. Era um novo mundo, mas o mesmo Deus fiel. E para selar Seu controle eterno, o Senhor fez uma aliança manifestada a todos os moradores da terra por meio do arco-íris, que revela o controle de Deus sobre as muitas águas.

 Não sabemos onde nosso barco vai aportar, nem quanto tempo vai durar o dilúvio. Mas uma coisa é certa: Deus sabe muito bem e nos conduzirá à terra firme onde poderemos ver o arco da sua fidelidade em novo tempo de paz, alegria e segurança. 

O Senhor preside aos dilúvios; como rei, o Senhor presidirá para sempre.
O Senhor dá força ao Seu povo, o Senhor abençoa com paz ao Seu povo(Sl. 29:10-11)

A serviço do Mestre,


Pr. Jenuan Lira.