terça-feira, 22 de outubro de 2013

FERNANDO HENRIQUE OU PILATOS?

Papel e tinta tem poder. A fala passa, mas a escrita tende a se perpetuar através dos séculos. Seus efeitos, bons ou maus continuarão, às vezes até contra a vontade do escritor, porque a escrita resiste ao tempo.
Dois homens são bons exemplos que provam efeito da palavra escrita: O ex-presidente Fernando Henrique e o governador romano Pilatos. Ambos passaram pela experiência de ter que responder pelo que tinham escrito.
As coisas não iam bem em Brasília (e isso não é novidade!) e o presidente estava tomando posições que muitos reprovavam.  Sabendo do seu passado como intelectual respeitado dentro e fora do Brasil, e notando que havia uma incongruência entre discurso e prática, um repórter fez a pergunta desconcertante:
            - Presidente, como essa sua atual posição combina com  o que o senhor escreveu nos seus livros?
             A resposta não podia ser mais inesperada...
- Esqueçam o que escrevi! Disse o ex-presidente.
            E quanto a Pilatos? Ele foi questionado por ter afixado sobre a cruz de Cristo quatro palavras: Jesus Nazareno Rei dos Judeus. Ele não escreveu um livro, mas essas poucas palavras estavam carregadas de sentido, tanto pelo que dizem quanto pelo que dão a entender. Os judeus entendiam o poder da escrita. Por isso os chefes do sinédrio, se sentindo ofendidos, pediram que Pilatos fizesse uma modificação na inscrição, a fim de deixar claro que o crucificado não era o rei dos judeus, apenas se chamava assim. Diferente do nosso ex-presidente, Pilatos respondeu: O que escrevi, escrevi. Em outras palavras: está escrito e continuará escrito.
            Qual dos dois homens agiu corretamente? A quem você seguiria com um bom exemplo se por acaso passasse por semelhante situação?
            Sem entrar no mérito dos motivos do governante de Brasília, acho que sua resposta nos dá uma boa lição: pense antes de falar, e principalmente antes de escrever. Não se omita de tomar uma posição, mas pondere diante de Deus se as suas palavras resistirão à prova dos fatos. Muitas vezes precisamos retroceder naquilo que pensamos, falamos ou escrevemos. A situação muda, outros fatos se esclarecem e chegamos à conclusão de que nossas palavras foram precipitadas e enganosas. Nestes casos, o melhor que podemos fazer é reconhecer o erro. Se terminamos ferindo alguém ou causando escândalo, devemos fazer o caminho inverso. Mas não basta pedir que a pessoa ofendida esqueça nosso erro. Isso pode ser que nunca vai acontecer. No entanto, podemos pedir que nos perdoe pelas palavras e atitudes desagradáveis.
            Pilatos não admitiu ser questionado na sua escrita. Ele estava sendo irônico e aproveitou a situação para fazer deboche tanto com o Senhor Jesus, quanto com o povo judeu. Nas suas poucas palavras ele estava dizendo: “Olhem só quem é o rei dos judeus. Vocês são uma raça inferior, pois que povo na história teve seu ‘rei’ crucificado entre dois ladrões?” Assim, com o coração dominado pelo orgulho, querendo mostrar que ele era homem de uma só palavra (nesse caso, leia-se ‘soberbo’) respondeu ‘o que escrevi, escrevi’.
            Você é capaz de retroceder nas suas palavras quando fica provada sua incoerência? Todos nós somos incoerentes em certos momentos da vida. Devido ao nosso coração enganoso, desequilibrado pelo pecado que habita em nós, podemos pensar o que não devíamos e expressar o que não é recomendável. Somente Deus pode dizer : “Minha palavra nunca voltará vazia”. Quanto a nós, inúmeras vezes precisamos repensar nossas idéias e corrigir nossas expressões. E quando nos questionarem sobre a mudança podemos dizer: “Não considere o que eu disse. Eu estava errado e nunca deveria ter falado aquilo. Se puder, esqueça o que escrevi”.
            Entre Fernando Henrique e Pilatos dois caminhos opostos se apresentam. Mas nesse caso, por incrível que pareça, é melhor seguir para Brasília do que para Jerusalém. Acha que estou equivocado? Pense um pouco, ore a respeito e leia de novo o texto. Tenho certeza que você chegar à conclusão de que “o que escrevi, escrevi”.

            A serviço do Mestre,


            Pr. Jenuan Lira.  

Nenhum comentário: