“Os príncipes de Judá são
como os que mudam os marcos; derramarei,
pois, o meu furor sobre eles como
água” (Oséias 5.10)
Um dos mais conhecidos seminários
evangélicos do mundo fica perto da nossa casa em Pasadena. Conta com mais de
4.000 estudantes, vindos de cerca de 100 diferentes denominações, de diversas
partes do mundo. A biblioteca, dividida em 4 andares, contém cerca de 50.000
volumes e excelentes salas de leituras abertas ao público. Por isso, muitas
vezes pego meus materiais e passo horas na biblioteca fazendo minhas tarefas e
pesquisas.
Infelizmente, esse seminário hoje é um símbolo do liberalismo teológico
no meio evangélico. Seus marcos doutrinários e práticos foram removidos de modo
tal, que a autoridade das Escrituras foi anulada em prol da relevância e
contextualização. Há poucos dias, por exemplo, havia uma exposição católica de
imagens de Maria no hall de entrada. Eram quadros e poesias enaltecendo Maria
no seu papel de “mãe de Deus e medianeira dos pecadores“. Se as ações revelam o coração, podemos dizer
que o coração desse seminário está tomado pelo ecumenismo religioso, uma
posição que fere terrivelmente o ensino bíblico.
Outro dia,
saindo da biblioteca, notei uma nova exposição nos murais da biblioteca. Era
sobre a história do seminário. Para minha surpresa, entre os fundadores
encontrei nomes de vários conhecidos estudiosos das Escrituras, cujos livros se
tornaram referência em vários campos de estudo. Eu os conhecia por ter usado
suas obras durante meu tempo de seminário. Foram homens que lutaram contra o
liberalismo teológico do século passado, levantando a bandeira em defesa da
autoridade, inspiração e inerrância das Escrituras. Foram esses valores que
moveram os fundadores nos primórdios da escola em 1947.
Retornando
para casa fiquei pensando sobre as mudanças negativas que podem ocorrer na vida
de uma instituição e de uma pessoa. A história antiga e recente está repleta de
exemplos. São casos tristes de organizações e indivíduos que hoje negam os
marcos antigos que orientavam seus pensamentos e ações.
A Bíblia
relata sobre as mudanças negativa que ocorreram ao longo da história da nação
de Israel. O povo facilmente esquecia seu compromisso com Deus. Esse tópico foi
enfatizado grandemente nas repreensões proféticas. O profeta Oséias denunciou o
pecado da mudança dos marcos antigos, praticado pelos líderes de Judá na vida
espiritual do povo. Fazendo assim, eles agiam como quem se apropria de terras
que não lhe pertencem, roubando a propriedade dos seus vizinhos, pois os marcos
eram pedras usadas como balizas para delimitar a extensão de uma propriedade.
Quando
penso na minha própria vida, e nas muitas vezes em que tenho removido os marcos
delimitadores que a Palavra de Deus me impõe, compreendo mais claramente a
seriedade do meu pecado. A Bíblia diz que eu não pertenço a mim mesmo (Rm.
14.7-8; I Cor. 6.20). Eu tenho um Dono e Senhor, cujos marcos delimitadores se
estendem a tudo que tenho e sou. Mas, movido pelo rebelde desejo da liberdade
pecaminosa, eu vou forçando as fronteiras do senhorio de Cristo, deixando parte
do terreno do meu coração fora do Seu controle. Então, me aproprio da “terra
sem dono”, e sinto-me livre para fazer o que bem desejo. O que aconteceu? Removi os limites, neguei ao
Senhor o direito de propriedade sobre a minha vida, e tornei-me presa do meu
próprio pecado.
Mudar os marcos do compromisso com Deus
parece algo muito simples. Fazemos isso ao longo da vida e aparentemente, nada
de mal acontece e a gente ainda fica ainda com a sensação de que está gozando a
vida. Essa é mais uma doce ilusão do
pecado. O único problema é que “do Senhor não se zomba”. Os príncipes de Judá
pensaram que estavam no controle da situação, mas quando menos esperavam
sobreveio-lhes repentina destruição. O Senhor cumpriu a Sua Palavra e o Seu
julgamento desabou sobre a nação como uma inundação de muitas águas.
Você reconhece os limites do Senhor sobre
a Sua vida? Não tente cruzar a linha. A grama que perece mais verde além dos
limites de Deus é apenas ilusão de ótica. Do lado de cá está a bênção e a vida
para sempre.
A serviço do
Mestre,
Pr. Jenuan
Lira.
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