terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Arrependimento de Deus

            Nenhum ensino pode ser reputado como verdadeiro se não passar no teste da não-contradição. Por isso, os inimigos da Bíblia se apegam com unhas e dentes à acusação de que as Escrituras estão cheias de contradições. Seguindo o errôneo caminho de examinar textos à parte do seu respectivo contexto, deleitam-se em lançar no rosto dos crentes os inúmeros exemplos em que a Bíblia se trai em paradoxos inexplicáveis.
            Por outro lado, como diz Pedro na sua segunda epístola, existem, espalhados nos escritos inspirados, textos "difíceis de entender", que por isso mesmo, tornam-se "alvos fáceis" para as deturpações dos ignorantes e instáveis ( 2 Pedro.3:16). Entre os tais textos, certamente se encontram aquelas várias referências do Antigo Testamento onde se diz que "Deus se arrependeu".
Naturalmente não se pode ter a pretensão de chegar a plenos e totais esclarecimentos sobre todos os textos difíceis da Escritura. Afinal, entre o Autor da Bíblia e o seu estudante existe a distância intransponível do Infinito ao finito. Assim sendo, a humildade é sempre recomendável no estudo da Bíblia. Entretanto, com um pouco de pesquisa bem orientada, pode-se lançar bastante luz sobre os textos mais obscuros, como no caso dos que mencionam o "arrependimento de Deus”
No Antigo Testamento, sempre que o ato de arrepender-se é creditado a Deus, a mudança ocorre não na mente de Deus, mas no seu tratamento com o homem, e por causa de uma mudança sofrida por este. O homem é instável por natureza e está sujeito a alterações para melhor ou pior. Havendo, pois, alguma alteração nos caminhos do homem, tais alterações refletem na sua relação com Deus, ou seja, "Deus muda o seu caminho" quanto ao seu trato com o homem. Quando a santidade e justiça imutáveis de Deus interagem com a mutabilidade humana, os "caminhos de relacionamentos" entre Deus e o homem precisam sofrer alteração, sejam para bênção ou juízo divinos.
Imagine um velejador iniciante que despende enorme esforço para deslocar-se alguns poucos metros. Na sua imperícia, está indo contra o vento. De repente, num dado momento ele descobre o erro e passa a navegar a favor do vento. Com a mudança do navegante, aparece uma mudança no seu relacionamento com o vento. O que antes parecia uma relação hostil passa a figurar como uma "relação amistosa" e produtiva. Assim também acontece no andar do homem com Deus. Enquanto andamos 'a favor1 dos imutáveis caminhos do Senhor, recebemos todos os benefícios das suas "brisas" de bênçãos. Porém, no momento em que resolvemos mudar nosso curso, sofreremos a resistência do "sopro divino", o qual jamais pode alterar-se ao sabor dos "ventos" do nosso coração instável.
Além disso, para fazermos justiça à sadia interpretação do Arrependimento de Deus, devemos considerar I Samuel 15:29, onde se diz explicitamente que "...Deus não é homem para que se arrependa ". Logo, o "arrependimento de Deus" jamais pode ser entendido à semelhança do arrependimento humano.
Portanto, ao atribuir arrependimento a Deus, a Bíblia não está em contradição. Há uma explicação plausível para essa "expressão difícil" no texto sagrado. Quanto ao mais, é descansar no "texto fácil" e confortador que nos assegura: " Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre"(Hb. 13:8). 
A Ele, pois, a glória, eternamente!

A Serviço do Mestre

Pr. Jenuan Lira

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