
Por outro lado, como diz Pedro na sua segunda epístola,
existem, espalhados nos escritos inspirados, textos "difíceis de
entender", que por isso mesmo, tornam-se "alvos fáceis" para as
deturpações dos ignorantes e instáveis ( 2 Pedro.3:16). Entre os tais textos,
certamente se encontram aquelas várias referências do Antigo Testamento onde se
diz que "Deus se arrependeu".
Naturalmente não se pode
ter a pretensão de chegar a plenos e totais esclarecimentos sobre todos os
textos difíceis da Escritura. Afinal, entre o Autor da Bíblia e o seu estudante
existe a distância intransponível do Infinito ao finito. Assim sendo, a
humildade é sempre recomendável no estudo da Bíblia. Entretanto, com um pouco
de pesquisa bem orientada, pode-se lançar bastante luz sobre os textos mais
obscuros, como no caso dos que mencionam o "arrependimento de Deus”
No Antigo Testamento,
sempre que o ato de arrepender-se é creditado a Deus, a mudança ocorre não na
mente de Deus, mas no seu tratamento com o homem, e por causa de uma mudança
sofrida por este. O homem é instável por natureza e está sujeito a alterações
para melhor ou pior. Havendo, pois, alguma alteração nos caminhos do homem,
tais alterações refletem na sua relação com Deus, ou seja, "Deus muda o
seu caminho" quanto ao seu trato com o homem. Quando a santidade e justiça
imutáveis de Deus interagem com a mutabilidade humana, os "caminhos de
relacionamentos" entre Deus e o homem precisam sofrer alteração, sejam
para bênção ou juízo divinos.
Imagine um velejador
iniciante que despende enorme esforço para deslocar-se alguns poucos metros. Na
sua imperícia, está indo contra o vento. De repente, num dado momento ele
descobre o erro e passa a navegar a favor do vento. Com a mudança do navegante,
aparece uma mudança no seu relacionamento com o vento. O que antes parecia uma
relação hostil passa a figurar como uma "relação amistosa" e
produtiva. Assim também acontece no andar do homem com Deus. Enquanto andamos
'a favor1 dos imutáveis caminhos do Senhor, recebemos todos os benefícios das
suas "brisas" de bênçãos. Porém, no momento em que resolvemos mudar
nosso curso, sofreremos a resistência do "sopro divino", o qual
jamais pode alterar-se ao sabor dos "ventos" do nosso coração
instável.
Além disso, para fazermos
justiça à sadia interpretação do Arrependimento de Deus, devemos considerar I
Samuel 15:29, onde se diz explicitamente que "...Deus não é homem para que
se arrependa ". Logo, o "arrependimento de Deus" jamais pode ser
entendido à semelhança do arrependimento humano.
Portanto, ao atribuir
arrependimento a Deus, a Bíblia não está em contradição. Há uma explicação
plausível para essa "expressão difícil" no texto sagrado. Quanto ao
mais, é descansar no "texto fácil" e confortador que nos assegura:
" Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre"(Hb.
13:8).
A Ele, pois, a glória,
eternamente!
A Serviço do Mestre
Pr. Jenuan Lira
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