terça-feira, 20 de agosto de 2013

DEUS, DILÚVIO E DETALHES

         Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas; troveja o Deus da glória;
O Senhor está sobre as muitas águas (Sl. 29:3)

         Temos a tendência de achar que os detalhes produzem segurança. E se o desafio for grande e arriscado, mais ainda queremos ter certeza de que entendemos cada detalhe. Só tem um problema: Deus reserva para Ele os detalhes, e nos revela apenas o que precisamos para iniciar a caminhada. Os desafios da estrada só saberemos quando nos defrontarmos com eles.

 Pense em Noé. Não deveria Deus ter sido mais específico? Noé recebeu a orientação específica para preparar o instrumento que o faria navegar em meio à chuva torrencial, mas além disso... Quantos dias de chuva, Senhor? Vai ser só chuva? vai ter ventos, trovões e relâmpagos? Evidentemente o barco não vai ficar parado... como e onde será o desembarque? Vai ser muito longe de casa? Poderia me antecipar alguns detalhes, Senhor? posso ter mais informação...?. Se tais perguntas foram feitas, a única resposta foi um misterioso silêncio. As informações foram: As comportas do céu serão abertas, vai desabar uma tremenda chuva e todos os homens vão perecer. Prepare a arca como estou mandando, entre nela e espere a chuva passar. O resto Eu cuido. E assim foi. Por quarenta dias, a copiosa chuva devastou toda terra. Terminada a chuva, Noé, sua família e a bicharada seguem vagando ao sabor das ondas por mais de 6 meses, sem ter a menor noção de onde iriam aportar.

            Gostamos de detalhes, especialmente quando vislumbramos um dilúvio. Tenho certeza que Noé também teria ficado feliz em tê-los, mas Deus não os quis dar. E se o Senhor não entra em detalhes é porque é melhor... Mas, Senhor, não estamos falando de uma neblina...é um dilúvio. Só isso? O Senhor não poderia me dar mais informação? Eu sei que o Senhor sabe o que é isso, mas eu não sei... Estou confuso... Pode me dar mais detalhes... 

            Dá para entender os dilemas resultantes da pouca informação, mas pensando bem, qual, afinal, seria o benefício dos mínimos detalhes? A informação detalhada não iria diminuir a chuva, só aumentaria a ansiedade. Ter toda informação demanda capacidade para lidar com elas sem entrar em parafuso.  Detalhes satisfazem nossa curiosidade e dão uma aparente segurança, mas não são bons para quem deseja crescer na vida de fé. O mapa completo diminui a doce alegria da surpresa, quando, de repente, a provisão de Deus nos alcança multiplicando a bênção nossa de cada dia

            Seguir sem noção do futuro, enquanto as águas da provação nos ameaçam  não é fácil, mas às vezes é assim que Deus deseja, para que o controle do barco da vida passe totalmente às Suas mãos. Sem leme, sem bússola, sem norte, nada mais nos resta senão confiar em Deus. É nesse momento que o nosso conhecimento de Deus passa do ouvir para o contemplar. E quando as águas se avolumam querendo nos tragar, descobrimos as ondas atendem ao Seu mandar. Não estamos abandonados à deriva seguindo para lugar nenhum. Se o Senhor não já estiver no barco, Ele virá andando sobre as águas e nos dirá: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais (Mt. 14.27).
             
            E quanto a Noé? A chuva parou, águas secaram e todos desembarcaram em terra firme. Era um novo mundo, mas o mesmo Deus fiel. E para selar Seu controle eterno, o Senhor fez uma aliança manifestada a todos os moradores da terra por meio do arco-íris, que revela o controle de Deus sobre as muitas águas.

 Não sabemos onde nosso barco vai aportar, nem quanto tempo vai durar o dilúvio. Mas uma coisa é certa: Deus sabe muito bem e nos conduzirá à terra firme onde poderemos ver o arco da sua fidelidade em novo tempo de paz, alegria e segurança. 

O Senhor preside aos dilúvios; como rei, o Senhor presidirá para sempre.
O Senhor dá força ao Seu povo, o Senhor abençoa com paz ao Seu povo(Sl. 29:10-11)

A serviço do Mestre,


Pr. Jenuan Lira.

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