terça-feira, 28 de agosto de 2012

APRENDENDO COM JOSÉ ALENCAR


Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8.28)
           
Era a tarde do dia 29 de março de 2011 quando o repórter José Roberto Burnier entrou no ar numa chamada do plantão jornalístico da Rede Globo. Visivelmente emocionado, anunciou: “... o coração do ex-vice-presidente José Alencar parou de bater. Termina assim uma agonia de mais de treze anos de luta contra os tumores... É uma luta. José Alencar foi um guerreiro, todo mundo sabe, ele sempre disse que iria continuar lutando, mas, infelizmente, essa doença, o sarcoma, acabou vencendo”.
            Tendo sido designado para acompanhar a evolução do quadro de saúde de José Alencar, o repórter terminou como amigo pessoal do vice-presidente.  Impressionado com a história de José Alencar resolveu escrever um livro biográfico: Os Últimos Passos de Um Vencedor. Nessa obra está documentada a saga de José Alencar, sua batalha feroz entre a vida e a morte.
            Disposição e saúde nunca faltaram a José Alencar, e por isso cresceu na vida. Embora filho de uma família muito humilde, tornou-se um dos homens mais ricos do Brasil. Como se dizia, José Alencar era um “touro” para trabalhar, por isso, a doença foi uma desagradável surpresa na vida desse homem forte. Até aos 66 anos, Alencar gozara de uma saúde de ferro, passando em hospitais apenas para visitar parentes e amigos. Mas de repente tudo mudou a partir de um leve desconforto no estômago. Uma bateria de exames constatou um tumor no rim e um no estômago. Com isso, Alencar perdeu o rim direito e três quartos do estômago de uma só vez. Pouco depois, em avaliação médica de rotina, descobriu um problema cardíaco: uma isquemia que impedia a irrigação sanguínea na parede lateral do ventrículo esquerdo do coração. Até aí, embora graves, os problemas de saúde vinham sendo bem administrados sob os olhares dos melhores médicos do Brasil e dos Estados Unidos.  Porém, passado mais um ano, veio a pior notícia: o vice-presidente fora acometido por um inimigo imbatível, um histiosarcoma, tumor maligno alojado na membrana que envolve o abdômen. Por causa de todos esses problemas, Alencar se submeteu a dezoito cirurgias de alto risco. Em uma dessas cirurgias, ficou com o abdômen aberto por dezoito horas seguidas, para a retida de dezessete tumores. Era o tipo de cirurgia que os médicos chamam “arrasa quarteirão”.
            A coragem com que José Alencar enfrentou a luta contra o câncer emocionou o Brasil. Quando os próprios médicos mostravam-se desanimados, Alencar dizia: “Alguém aqui está com medo? Não é hora para recuar, não vamos jogar a toalha”. A perícia cirúrgica era dos médicos, mas o ânimo e motivação vinham do paciente.
Isso não significa que José Alencar nunca tenha passado por momentos de desânimo. Depois de ser desenganado nos Estados Unidos, tendo sido erguido por um elevador de carga por não ter disposição para subir a escada de embarque do seu próprio avião, José Alencar fez a longa viagem de volta em completo silêncio, talvez meditando sobre o pouco tempo que lhe restava, especialmente pensando acerca do seu netinho, acerca de quem  declarava ter o sonho de vê-lo crescer.
            A pergunta que todos faziam era: de onde vem tanta coragem para esse homem a ponto de ser capaz de lutar contra as adversidades com tanto heroísmo? Muito poderia ser dito em resposta a essa pergunta, mas ninguém pode negar que Alencar entendia que Deus estava no controle da vida e da morte, pois afirmava: “... Você vai viver o tempo que Deus quiser que você viva. Eu não posso pensar que vai acontecer alguma coisa comigo sem que Deus queira... Deus não me deve, e nem eu quero que Ele me dê um dia a mais de vida de que eu não possa me orgulhar... A minha vida, como a de todos, está nas mãos de Deus. Não adianta pensar diferente”.
            Obsevando a história de José Alencar, a única coisa lamentável é sua falta de conhecimento bíblico. Ele tem fé e uma noção clara da soberania de Deus, mas poderia ter tido mais de Deus se tivesse conhecido a revelação de Deus nas Escrituras. No entanto, mesmo tateando quanto às verdades espirituais, José Alencar termina nos desafiando. Na verdade, podemos afirmar que esse homem com tão pouco conhecimento específico de Deus, termina sendo um exemplo para os filhos de Deus. 
Não é estranho que um homem com sua fé difusa mantenha a esperança quando considera o controle de Deus sobre a vida humana, enquanto nós, servos de Deus, entramos em desespero diante de provações muito menores? O que de pior poderia acontecer a um crente em Cristo? A morte? O que é a morte, senão a porta de entrada para a glória de Cristo, que é incomparavelmente melhor? O que o homem natural conhece de ouvir falar, o crente em Cristo tem a possibilidade de experimentar. Afinal, “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”. Note bem: socorro bem presente.  Na bonança Deus está presente, na provação Ele está bem presente. 
            Se José Alencar, sem conhecimento bíblico afirmava o controle soberano de Deus, nós, os servos de Cristo, podemos com muito mais propriedade e convicção declarar: “Deus está presente realizando seu  plano  que há de se cumprir. Está tudo sob controle. Louvado seja o nome do Senhor”.
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.

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