quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MORRENDO PELA BOCA


No século XIV, onde hoje é a Bélgica, houve um duque cujo nome era Raynaldo III, conhecido pelo seu apelido latino, Crassus, que significa gordo.
            Em uma violenta disputa pelo governo, seu irmão mais novo Edward o capturou, mas não o matou. Edward simplesmente construiu um quarto em volta de Raynald no castelo Nieuwkerk e prometeu que ele poderia voltar à liberdade assim que pudesse sair do quarto, que estava cheio de janelas e tinha uma porta de dimensões normais, nenhuma delas trancas e ferrolhos. Quando Edward era acusado de crueldade sua resposta era simples: “meu irmão não um prisioneiro, ele pode sair quando quiser”. O problema era o tamanho de Raynald. Para ficar livre ele precisava perder peso. Mas Edward conhecia seu irmão. Assim, cada dia ele envia uma farta quantidade de comida para Raynaldo, que não se continha e ficava mais gordo cada dia. Após dez anos, Edward morreu em uma batalha, e o Raynald foi liberto, mas sua saúde estava tão frágil que morreu em seguida.
A medicina social fala de um mal que aflige parte da população mundial: a obesidade. Um nome bonito, para um feio pecado. De novo, a ‘ciência’ chama de compulsão, o que a Bíblia chama de transgressão. O termo obesidade tem uma sonoridade fofinha’, preferível aos pesados fonemas da palavra glutão, que nos remetem à cena de um peru empanturrado, incapaz de ingerir um só grão a mais.  
O que os médico e nutricionistas não conseguem perceber é que o problema da obesidade mórbida, em muitos casos, é apenas sintoma de uma enfermidade espiritual. Somos uma sociedade dominada pelas paixões sensoriais completamente avessa à reflexão racional. Morremos pela boca, simplesmente porque perdemos a capacidade de negar a nós mesmos, consumindo-nos à medida que nos entregamos ao desfrute suicida do prazer.
A falta de temor do Senhor se reflete no nosso corpo. Quando a alma se afasta de Deus, o corpo também padece. Parte do fruto do Espírito Santo é domínio próprio, inclusive à mesa. Vivendo em comunhão com Deus seremos escravo de Cristo, não do nosso apetite. O servo de Deus adora o Senhor e não o seu ventre (Fp. 3.19). A obesidade que domina a muitos é apenas mais uma variedade de idolatria.

Nenhum alimento contamina o homem, mas a alimentação, sim. O alimento é a provisão de Deus, mas o modo como dele nos utilizamos é responsabilidade nossa. Deus deseja ser honrado pelo testemunho do Seu quanto à alimentação. Quando lhe obedecemos, o Espírito Santo nos dá domínio próprio à mesa, e saúde para o nosso corpo. Muitas das leis dietéticas que o Senhor deu por meio de Moisés tinham como alvo o bem estar físico do povo.

A idolatria alimentar não pode ser considerada simples. Ao praticá-la, pecamos por desprezar a imagem de Deus em nós, visto que rebaixar ao nível dos seres irracionais, guiado apenas pela satisfação imediata, mesmo que mortífera. Além do mais, é bom que se diga, entre as feras não se ouve de obesidade mórbida, tal como nos domínios humanos.
            O pior de tudo é que não somos ignorantes. Sabemos que nossa prática alimentar nos faz mal e revela falta de domínio próprio. O copo padece, ficamos limitados em servir ao Senhor, entupimos as veias, desgastamos os joelhos pelo excesso de peso, forçamos o fígado e o pâncreas com o excesso de açúcar. Perdemos a vida, mas não largamos o que gostamos. Que diferença  há entre um peixe que morde a isca que encobre o anzol assassino, o ratinho que tem cabeça esmagada por cobiçar o queijo preso no gatilho da ratoeira e o homem que se intoxica com gorduras saturadas e açúcar? 
E então. Como um diagnóstico preocupante, no primeiro momento este texto pode lhe fazer pensar, mas infelizmente, pouco depois dessa leitura é bom vai suplantar o certo, e muitos, pouco depois vencerão o choque com um simples pedido: “garçom, mais uma coca, por favor!”.
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

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