terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PERANTE OS OLHOS DO SENHOR


Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?” (Sl 139.7)

            Como abismo profundo, assim é alma do homem. Rastrear suas veredas seria inútil, pois, como popular e acertadamente se diz, “coração é terra que ninguém anda”.
            Por isso, poucas coisas neste mundo são mais secretas do que o pecado deliberado, visto que sua construção se dá nas partes mais obscuras do nosso ser. A iniciativa parte da mente, os propósitos se firmam na alma e os planos se desenham nas tábuas do coração. Assim, não há meios pelos quais podemos rastrear as sendas do pecado oculto, mas os olhos do Senhor o conhecem muito bem.
            O versículo acima, escrito por Davi, pode muito bem refletir sua experiência quando do pecado de adultério com Bate-Seba. Após a instalação da cobiça no coração do rei, a efetivação do ato foi uma natural consequência. A partir daí, Davi calculou bem cada passo a fim de manter o pecado em secreto. Por isso, quando soube que a mulher ‘casualmente’ tinha ficado grávida, Davi tramou um plano astucioso e aparentemente infalível. Primeiro, tentou ocultar o pecado oferecendo a Urias, o legítimo esposo de Bate-Seba, a oportunidade encontrar-se intimamente com sua mulher. Urias e os demais soldados de Davi estavam em guerra. Por isso, Urias recusou a oferta, pois lhe parecia como deserção do combate. Não podendo livrar-se da integridade de Urias, e vendo que logo o pecado seria descoberto e publicado, Davi deu um passo além, cometendo mais um pecado oculto: elaborou um plano para que Urias fosse morto em combate. E assim se fez, ficando Davi com a triste marca de ter cometido um dos atos de maior covardia de toda história humana.
            Salomão, filho de Davi, escreveu: “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los” (Pv 20.5). Se um homem inteligente pode discernir o que há oculto no coração, o que dizer do Senhor, cujos olhos observam todas as nossas veredas? (Pv 5.21). Dominado pela cegueira da paixão pecaminosa, Davi tornou-se irracional. Agindo como se Deus não existisse. Mas sua cegueira não muda a realidade. Deus continuava existindo e seguindo de perto os seus passos.
            Com a morte de Urias, Davi experimentou certo alívio. O medo da revelação do pecado deixou de existir. Urias fora morto “pelos inimigos” e o rei seria elogiado pelo seu ato beneficente “de cuidar da viúva”. Quando a criança nascesse não teria problema. Agora Bate-Seba era reconhecida com uma das mulheres de Davi, que tivera a “sorte” de ficar grávida logo no primeiro encontro. Tudo tinha saído como Davi planejara, exceto por um detalhe... “porém, isso que Davi fizera foi mal aos olhos do Senhor” (2Sm 11.27).
            Essa história nos traz uma grande lição: O prazer do pecado oculto se desfaz diante dos olhos santos do Senhor. Não há lugar secreto que nos oculte dos olhos de Deus. E no Salmo 139 Davi sabe disso muito bem, pois afirma que Deus de longe penetra os nossos pensamentos e conhece até a palavra que ainda não nos chegou à língua.
            Se em algum momento a paixão do pecado lhe seduzir por meio da falsa sensação do total ocultamento, lembre-se de “todas as coisas estão patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13).
            A serviço do Metre,
            Pr. Jenuan Lira 

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