quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Chamado


Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob minhas vistas, te darei conselho” 
(Sl. 32.8)
            Muitos procuram sinais extraordinários para conhecer a vontade de Deus. Para mim, nada se compara ao rumo dado a Palavra de Deus. Se constantemente estou sendo guiado pela luz da Palavra, Deus não vai me mostrar todo o caminho da Sua vontade de Deus, mas vai me fazer me dar segurança para o próximo passo. E assim, de passo em passo, chegarei onde Ele sempre quis que eu chegasse. Na minha experiência, a vontade de Deus se experimenta no caminho da obediência no dia a dia, pois são na sucessão dos dias que se faz uma vida.
            Desde cedo, tinha certeza de que Deus tinha um plano para minha vida, e orava para que a Sua vontade se cumprisse.Os detalhes exatos Deus nunca me mostrou de antemão. Mas o contato com a Palavra de Deus me indicava se estava andando ou não no rumo certo. O hábito de ler a Bíblia diariamente foi uma herança bendita que recebi dos meus pais, que me incentivavam com as palavras e com o exemplo. Assim, guiado pela Palavra de Deus, minha decisão pelo ministério foi mais um ato de obediência do que um chamado propriamente dito. Isso porque aos doze anos minha mãe me desafiou a ler toda a Bíblia. Aceitei o desafio e não parei desde então.
            O processo da minha vocação foi lento, gradual e definitivo. Motivado pelas lições bíblicas que tinha semanalmente na igreja e pelos desafios e testemunhos de muitos obreiros que visitavam minha igreja e minha casa, bem cedo me senti atraído para o ministério. Mas era ainda criança e não tinha como levar aquela inclinação muito a sério.
Desde cedo, me envolvi na igreja, servindo em tudo para o que era solicitado.  Até que chegou o tempo de definir melhor o rumo profissional. Minhas inclinações infantis estavam meio apagadas na minha mente, e assim iniciei meu o curso universitário aos dezoito anos. Logo descobri que tinha acertado. Eu amava o curso e me desenvolvia na área já vislumbrando um futuro promissor.
Nesse tempo, eu estudava em Fortaleza e minha irmã, Joadan, no seminário do Cariri. Nossos caminhos e nossas conversas se cruzavam nas férias. As nossas experiências, ambiente de vida intelectual e matérias estudadas eram absolutamente diferentes. Suas aulas ministradas por servos de Deus, baseadas na Palavra de Deus eram muito mais interessantes. As minhas, eram na maioria das vezes dadas por ateus escarnecedores e arrogantes. Uma “inveja santa” brotava no meu coração, com uma ponta de preocupação, pois percebia que, devido a minha pouca maturidade espiritual, o ambiente universitário estava fazendo mal a minha alma. Os testemunhos da minha irmã causavam impacto e me faziam balançar quanto ao caminho a seguir. Mas não decidi de pronto. Estava ainda intoxicado com a atmosfera intelectual da universidade.
Perto da metade do curso, nas férias, mais uma vez fui para o retiro de jovens no acampamento batista em Iguatu. Pensava que seria um retiro como tantos outros. Mas não foi. O preletor, um missionário, estava falando sobre o chamado para servir ao Senhor, e no último dia nos contou seu próprio testemunho. Ele também, por longo tempo tinha no coração o desejo de servir integralmente no ministério, mas na juventude procurou esquecer aquele desejo.  Um dia, enquanto assistia a um jogo de futebol no estádio do Castelão, de repente se viu no meio de uma briga de torcidas. As torcidas se agrediam com pedras e pedaços de madeira. Muitos já lutavam sangrando, e a polícia não conseguia impedir o confronto. Com medo de ser esmagado pela multidão, ele procurou refugiar-se debaixo das cadeiras do estádio. E ali, vendo a morte bem de perto, pensou: Que estou fazendo aqui?Que estou fazendo da minha vida? Quem se aproxima da morte, geralmente reflete sobre o valor da vida.  Se eu morrer no meio dessa multidão, o que realmente fiz de valor com a vida que Deus me deu? E decidiu que, se saísse dali vivo, iria iniciar seu preparo para servir no ministério.
O testemunho do missionário foi a peça que faltava. Eu estava convencido de que servir a Deus era um caminho excelente. A Palavra de Deus tinha me ensinado isso. Meus pais tinham seguido por esse caminho, muitos dos meus tios e tias também haviam dedicado sua vida ao ministério. Nenhum deles estava arrependido. E fiquei pensando porque eu estava adiando a minha decisão. E se eu não tivesse tanto tempo como pensava, será que teria feito o melhor da minha vida? Foi assim que, naquela noite, Deus me arrastou para o ministério. E quando o pregador perguntou: “alguém deseja dedicar sua vida ao ministério?” em lágrimas eu respondi: “eu quero”.
Vinte e seis anos já se passaram desde aquela noite, e, pela graça de Deus, continuo afirmando: eu quero! Eu continuo querendo! Nem sempre tem sido fácil. As lutas e desafios fazem parte desse caminho, e algumas são tão intensas que parecem insuportáveis. Mas não resta a menor dúvida: servir a Cristo até agora foi o melhor que pude fazer na vida. Não posso vislumbrar outro caminho que me teria dado mais realização. Dificuldades, angústias e perseguições não significam nada ante o grande prazer de ser cooperador na expansão do reino de Cristo neste mundo. Se apenas mais um adorador de Cristo tiver sido acrescido ao Seu Corpo por meio do meu ministério, terá valido a pena todo esforço. Por isso, eu quero, e peço a Deus que mantenha esse querer até o meu último dia neste mundo. Até aqui Deus tem feito muito mais do que eu podia imaginar quando entrei nesse caminho, mas estou certo de que muito mais está por vir! A Palavra me orientou, Deus me convocou e aqui eu estou!
Esse é o meu chamado... pode me contar o seu?
A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

Um comentário:

Germano Ribeiro disse...

Muito edificante, Pr. Jenuan. Obrigado.

Eu tbm tenho o meu chamado, conforme conversamos um dia. E espero em Deus o momento de começar.

Que o Senhor que chama nos capacite a servi-lo mais e mais!