terça-feira, 19 de junho de 2012

LUTANDO ATÉ O FIM


Calebe tinha todos os melhores motivos para desistir. Quando a terra está sendo dividida, ele já está com oitenta e cinco anos. Estava dando as últimas voltas na carreira da vida, e o desafio que se apresentava iria demandar muita disposição. Não seria melhor se aquietar e esquecer a possibilidade de um novo começo? Já tinha lutado muito, por que se envolver em mais uma guerra?






            Mesmo respaldado pelas “melhores” desculpas, Calebe não desistiu de lutar. Quando Josué, seu antigo e fiel companheiro de espionagem, está distribuindo o quinhão de cada tribo, Calebe reivindica a concessão da parte que lhe fora prometida. Ele sabia que essa não era uma terra desabitada. A ocupação não seria pacífica e os inimigos estavam bem preparados para defender sua possessão. Mesmo assim Calebe segue firme com seu plano. Suas palavras a Josué são convincentes: “Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar” (Js. 14.11).
            Ninguém vai imaginar que fisicamente Calebe tinha o mesmo vigor de 45 anos atrás. Mas se o corpo estava era mais frágil, o espírito era mais forte. E este revigorava aquele. Calebe não olhava as circunstâncias, mas confiava na promessa de Deus. Ele conhecia o Senhor bastante para saber que Sua Palavra não cairia por terra. Por isso, não podemos dizer que Calebe era um homem impetuoso e inconsequente, que não media o preço requerido para uma empreitada. Sua experiência de 40 anos no deserto, vivendo no limite e na dependência de Deus fora bastante para torná-lo um homem maduro. Calebe não é um homem intempestivo, mas um herói da fé. Ele podia projetar seu futuro não pelo que via, mas pela sua confiança em Deus.
            Gosto da história da batalha de Leônidas e os 300 de Esparta contra Xerxes, o general persa. O combate se deu no ano 480 a.C. Xerxes vinha furioso com o desejo de eliminar Atenas, limpando o caminho para maior expansão do seu já grandioso império. Seguia-lhe um colossal exército de 80.000 na cavalaria e 200.000 na infantaria. Nas pressas, Leônidas só conseguiu ajuntar um contingente de 7.000 soldados, mas entre esses havia um grupo seleto de 300 homens que foram treinados para jamais desistir. Nos primeiros dias, postados em pontos estratégicos, Leônidas e seu exércitos conseguiram deter o avanço dos persas, matando dezenas de soldados. O plano teria funcionado bem, se não fosse pela traição de um dos soldados de Leônidas, que ensinou o caminho para atacar os gregos pela retaguarda. Cercado, Leônidas sabia que seu fim era certo. Numa última tentativa de resistir, ele conduziu seus 300 a um pequeno morro onde lutariam até a morte do último homem. Quando não tinham mais espadas, eles lutaram com as mãos e com os dentes. Mas antes de morrer mandaram uma comovente mensagem para casa, que se tornou em famoso epitáfio: “Estrangeiro, conta aos espartanos que nos comportamos conforme eles desejariam que fizéssemos, e estamos enterrados aqui”.
            Esta pequena mensagem veio de um grupo de soldados heróicos que não tinham idéia do que seria o futuro da Grécia. Eles não imaginavam que sua mensagem despertaria um surto de orgulho e inspiraria seus compatriotas a vitórias decisivas em Salamis e Plates fazendo com que os persas nunca mais fossem ameaça para a Grécia. Também não sabiam que dentro de somente 30 anos, Atenas despontaria como a cidade mais influente que o mundo jamais conheceu.
            Determinados e corajosos, eles marcaram a história ocidental com seu exemplo. Até hoje o mundo goza de liberdade proveniente, em parte, da coragem daqueles homens. Por causa de exemplos como esse, o filósofo Montaigne disse: “Existem derrotas triunfantes que são rivais das vitórias”.
            Lutas e batalhas são parte da vida. Muitas vezes, em certas batalhas, ficamos perplexos quanto ao o fim imediato que o Senhor tem determinado para nós. Pode bem ser que no primeiro momento, nossa vitória seja apenas uma triunfante derrota, pois Deus está querendo nos usar como modelo na vida de outras pessoas. Se assim for, é porque Deus nos chamou lutar pela fé, sem desistir, deixando o resultado nas suas mãos. Nossa vitória será não desistir, enquanto glorificamos a Deus no meio da batalha.
            Desistir é o caminho mais fácil, mas as pessoas que fazem a história são as que não tomaram esse atalho. Calebe não desistiu, e recebeu a recompensa. Nós também não desistiremos. Confiando nas promessas do Senhor seguiremos, até receber também a nossa recompensa.
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira. 

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