sexta-feira, 4 de setembro de 2015

UM GRANDE SALVADOR PARA UM GRANDE PECADOR

Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1Timóteo 1.15)

                Quando estava no final da sua vida, o inglês John Newton (1725-1807), o antigo traficante de escravos, que se tornou pastor e autor de muitos hinos, entre os quais Maravilhosa Graça (‘Amazing Grace’), disse: “Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: que eu sou um grande pecador, e que Cristo é meu grande Salvador.
                A história de John Newton é impressionante, tanto pelos fatos em si, como pela época em que ele viveu. Mas, antes de recordar a história de Newton, é necessário entender um fato crucial: Quando um homem se considera bom e digno do favor de Deus, está em rota de colisão com o ensino bíblico, seguindo o caminho da ruína eterna.
O mito da bondade inerente dos homens, percorre a humanidade desde os seus primórdios. Por motivos óbvios, essa doutrina perigosa encanta os homens, que gostam de ser exaltados, mesmo quando se reconhecem indignos de tal exaltação. Por isso, ‘a bondade do homem’ conseguiu se estabelecer no cerne de todas as religiões que se desviaram da Revelação divina e, em tempos modernos, ganhou ímpeto por meio da defesa acadêmica do filósofos e sociólogos importantes, entre os quais se destaca o suíço Jean Jacques Rousseau (1712-1778), que resumia sua doutrina na frase: “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe.
                À primeira vista, o tópico parece apenas mais um adendo explosivo no universo da teologia e das chamadas ciências humanas, mas, afinal, faz alguma diferença para o homem em si? Entrar nesse debate não seria entrar em discussão improdutiva, sem valor prático para o homem em si? A resposta vai depender da nossa antropologia, aquilo que pensamos sobre o homem, sua história, razão e destino.
Quando nosso pensamento se concentra apenas nesse mundo material e efêmero, a doutrina da bondade individual, ofuscada pela maldade social, como ingenuamente alguns defendem, parece não ter grandes implicações. Mas, se nosso pensamento levar em conta a realidade espiritual e a mensagem do Evangelho, segundo encontramos nas Sagradas Escrituras, imediatamente essa doutrina deixa de ser mais uma simples ideia periférica. Na cosmovisão bíblica, o homem é um ser destinado à eternidade. Após a experiência da morte, que é única e irreversível (Hebreus 9.27), o homem segue para o juízo de Deus. Nesse julgamento, o perfeito Juiz vai nos inquirir na base da Sua Lei, que revela Sua perfeita justiça e o padrão requerido das Suas criaturas. Nesse julgamento, como em qualquer outro, o réu deverá ser declarado culpado ou inocente. Sendo culpado, o homem receberá a pior sentença jamais imaginada: a condenação eterna e no final - “... a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” (Apocalipse 21.8). Nada poderia ser pior!
E para ganhar absolvição, o que será necessário? Em termos simples, o homem precisa ser bom, que significa apresentar um currículo de absoluta e perfeita obediência à Lei de Deus, sem ter tropeçado em nenhum ponto, em nenhum momento da vida. Tal demanda é necessária, pois a santidade, a justiça e o caráter de Deus são parte indissolúvel do Seu Ser e, por isso, na Sua presença não se admite o menor traço de imperfeição. Diante do Deus Santo, não existe meio termo. Uma obediência ‘em geral’ não passa no teste. Ou somos salvos por ser declarados bons, ou seremos condenados eternamente, pois assim afirma a Palavra:

“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás, também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei” (Tiago 2.10–11).

                Mas Deus será assim tão rigoroso no juízo final? Certamente, pois o profeta assim declara: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar...” (Habacuque 1.13a). O padrão do Juiz de toda terra é elevadíssimo. Ter toda Lei cumprida, até suas mínimas partes ilustrada pelo ‘i ou o til’, mencionados por Jesus no Sermão do Monte (Mateus 5.18) é a única coisa que poderia fazer o homem bom, como Deus é.
                A doutrina da ‘bondade do homem’ foi combatida por John Newton. Após sua conversão, ele entendeu que ‘não há nenhum bom, nenhum sequer.’ Como foi que tudo aconteceu? Bem, por questão de espaço, vamos deixar o suspense até conhecer o próximo Semeador.

                A Serviço do Mestre,
                Pr. Jenuan Lira



Nenhum comentário: