segunda-feira, 31 de março de 2014

EU MEREÇO?.... continuação

            
Ao ver a situação do mendigo, o meu amigos se compadeceu. Ao receber a moeda, o mendigo agradeceu dizendo: “Deus lhe dê o que o senhor merece”. Antes que o mendigo completasse a frase, meu amigo exclamou: “Por favor não me deseje isso. Espero que Deus nunca me dê o que eu mereço. Minha esperança é receber o que não mereço.
            Devido ao nosso orgulho natural é difícil admitir que não merecemos nada do que temos e recebemos. A mentalidade do mérito pessoal é parte do que somos por natureza. Meu coração iludido pela soberba nos diz que sou merecedor, e isso resulta em sérios problemas. Por achar que mereço, confundo direitos com méritos e começo a acreditar que as bênçãos são parte da minha recompensa. Tal pensamento torna difícil obedecer ao mandamento de dar graças em tudo. A lógica é clara: se eu mereço, não tenho que agradecer. Mérito é sinônimo de dívida, e quando alguém paga o que me deve não está fazendo nada além do seu dever. 
            Pensando biblicamente, tal raciocínio não encontra sustentação, pois em oposição ao pensamento do mérito está o ensino bíblico da graça de Deus. Ao invés de achar que merecemos, deveríamos reconhecer que tudo que temos é resultado da pura graça de Deus.
            Por ser pecador, só existe um recompensa ou salário que é meu direito: a morte eterna (Rm. 6:23). Se Deus decidisse me retribuir segundo o que realmente mereço, meu destino seria o pior possível. E quando o Senhor me lançasse nesse lugar de tormento eterno, após o justo juízo que se segue à morte (Heb. 9:27), eu estaria recebendo a justa compensação por meus pecados e deveria repetir a frase do penitente que batendo no peito dizia: “minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa”.
            Quando nos posicionamos diante do Deus Santo e nos vemos livres da condenação que merecemos, ao invés de amargura, nosso coração se enche de gratidão e louvor. Passamos a admirar com humilde alegria a graça e a misericórdia do Senhor. Temos nos lábios sempre um novo cântico proveniente de um coração transbordante de júbilo. Em termos práticos, reconhecer que não mereço evitará que eu fique amargurado quando tiver que enfrentar perdas e decepções. Ter as minhas necessidades supridas e poder contar com amigos fiéis, por exemplo, são coisa maravilhosas, mas preciso reconhecer que tias benefícios são graça de Deus e não méritos pessoais. Pensando dessa maneira, estarei alegre com a presença dos amigos, e tranquilo se por acaso eles faltarem.
            Outro efeito ruim que nasce da idéia enganosa do mérito pessoal é uma falsa concepção de quem eu sou. Se me vejo digno disso ou daquilo, dentro de pouco tempo o meu ego se manifesta em todo seu orgulho, e me vejo no direito de reagir como achar mais apropriado a fim de assegurar o que me pertence. 
            Portanto, ao invés de “viver a lutar e a fazer guerra” para assegurar os méritos que supostamente são parte da minha recompensa, minha atitude deve ser sempre de gratidão, pois Deus na Sua misericórdia não me dá o que mereço, e na graça me dá o que não mereço. Qualquer raciocínio que nos impeça de admirar a graça e a misericórdia do Senhor  deve ser banido da nossa mente.
            Não importa o que nos aconteça. Uma vez que Cristo nos salvou por Sua graça, já estamos de posse do maior de todas as riquezas. Assim, enriquecidos pela graça salvadora, as tristezas dessa vida perdem seu impacto, pois ainda que o mundo tire tudo que hoje nos agrada, o nosso tesouro eterno está seguro nas mãos dAquele que nos comprou com Seu sangue... e sem merecermos.

            A Serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.
                                               


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