segunda-feira, 31 de março de 2014

“SE SENTINDO”… AS EMOÇÕES NO FACEBOOK


        
    Desde sua “saída pela direita”, o profeta Jonas tinha deixado de postar no facebook. Mas um dia resolveu romper o silêncio e deu e ar dá graça na rede social com a famosa expressão: “Se sentindo extremamente irado”. Deus que conhece o computador e o coração de cada pessoa, comentou duas vezes na página do profeta: “É razoável essa tua ira?” (Jn. 4.4,9).
            Não há nada de errado em dizer ao mundo como você está se sentindo, especialmente quando tal sentimento é fruto da sua obediência à Palavra de Deus e reflexo do reconhecimento da graça do Senhor. Mas tudo precisa limite, e mesmo as coisas louváveis podem descambar para o lado errado. E me aprece que esse é o caso com muitos que estão “se sentindo” no face. 
            A emotividade do facebook sinaliza alguns perigos,  a começar pela desconsideração para com a nossa bela língua portuguesa que, seguindo a devida ordenação gramatical, não me dá o direito de afirmar que eu estou “se sentindo”.  Por maior que seja o meu sentimento, sua expressão precisa de limites. Portanto, “eu estou me sentindo”, “tu estás te sentindo”, “ele ou ela está se sentindo”. Nada de colisão pronominal!
Sei que falar em favor da norma gramatical fere os ouvidos de muitos que proclamam uma estranha liberdade linguística. O problema é que eles esquecem que a verdadeira liberdade nunca é livre. Ela precisa de limites, ou do contrário nos destruirá mutuamente. E no caso em pauta, essa “liberdade livre” vai nos tornar incapazes de nos entendermos. Até hoje estou tentando compreender o que um jovem quis dizer quando publicou: “Se sentido blah...”. É por que estou ficando velho, ou é por que o desprezo da boa linguagem está deixando os jovens limitados no seu vocabulário? Suspeito que a resposta serai a segunda opção.
            Mas, entre todos, o problema linguístico é realmente o menos preocupante. Sério mesmo são as ameaças à vida espiritual, que se manifestam na expressão  “se sentindo...”. A primeira delas diz respeito ao perigo de pautarmos nossa vida pelo modo como estamos nos sentindo. Sentimentos não são um bom parâmetro, pois são volúveis  e tendenciosos, e o domínio do sentimento sobre a razão é muito mais sério do aparenta na superfície. Sabemos de pessoas que são capazes de até negar um preceito das Escrituras por causa dos seus sentimentos, e é nessa direção que segue, por exemplo, a massa emotiva de renovados e pentecostais dos vários tipos. Falta base na Escritura, mas existe afirmação no que cada um sente, e nisso eles se apegam. Se o nosso caminho será determinado pelo sentimento individual, estamos realmente em sério risco, pois quando se desloca o eixo epistemológico da razão para a emoção, perdemos os parâmetros entre certo e errado, e caímos na confusão filosófica, teológica e sociológica em que hoje nos encontramos.
            Emoções são um presente de Deus para tornar a nossa vida mais colorida. Sem emoções tudo ficaria cinza. No entanto, as emoções são apenas o tempero, não a comida em si. O Sal realça o sabor, mas quem gostaria de viver comendo sal?
            E quanto ao facebook do profeta Jonas? Qual o problema? Bem, esse é outro problema, mas não posso tratar agora... “cenas do próximo capítulo.” Tudo bem ou você já “tá se sentindo... irado?” Se for o caso, deixo apenas um versículo para pensar até a próxima semana:
Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente isso acabará mal” (Sl. 37.8) 
 
            A serviço do Mestre,

            Pr. Jenuan Lira.

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