sexta-feira, 22 de maio de 2015

UMA PORTA NO CÉU

Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.” (Apocalipse 4.1)

                Eram tempos difíceis, tempos apocalípticos. Exilado em uma ilha por causa “da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”, o apóstolo João sofria com o cenário político desalentador. O ‘poderoso e indestrutível’ império romano fazia e acontecia. Seus imperadores, à semelhança do juiz iníquo da parábola de Jesus, ‘não temiam a Deus, nem respeitavam homem algum”  (Lc. 18.1). Ao que tudo indicava, a sorte estava lançada, pois os governantes iníquos eram a imagem do que disse o profeta Habacuque: “... pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade.” (Habacuque 1.7).

                Movendo-se do cenário político para o espiritual, a situação ficava na mesma. Na batalha pela verdade, o mal sempre tinha o “mando de campo.” Satanás havia conquistado muito terreno dentro da Igreja de Cristo, a única instituição que poderia verdadeiramente fazê-lo frente. O diabo, pela instrumentalidade de governantes corruptos, já tinha lançado em prisão alguns servos de Deus, da Igreja de Sardes (Ap. 2.10). Em Pérgamo, Satanás havia estabelecido seu trono, matado o líder da Igreja e contaminado a congregação com falsas doutrinas e imoralidade (Ap. 2.13-15). Em Tiatira, uma falsa profetisa, sugestivamente apelidada de Jezabel, conseguiu seduzir a igreja, apresentando-lhe “as coisas profundas de Satanás.” Enredada nas artimanhas de uma liderança pervertida, a igreja não exalava o bom perfume de Cristo, mas espalhava o odor fétido do maligno, visto que se tornara num ambiente propício à proliferação da prostituição, idolatria e heresia.

                Imagino que ao terminar a última carta, à indiferente igreja de Laodicéia, que estava a ponto de ser vomitada da boca do SENHOR (Ap. 3.16), João deveria estar desanimado.  Quem iria deter o mal? Na esfera social, as chances eram minúsculas. O governo havia abdicado do seu ‘ministério’ de se portar “como ministro de Deus, vingador, para castigar o mal.” Na esfera espiritual, o panorama era igualmente desesperador. De modo geral, as igrejas eram candeias acesas ‘debaixo do alqueire’, não no velador, como deveriam ser a fim de espalhar o brilho da glória de Deus (Mt.5.15). E ali estava João, solitário, detido numa ilha, lutando com seus pensamentos... “Como tudo isso vai terminar? Será que o mal terá a palavra final? O que será do evangelho daqui a algumas décadas? Na Sua vinda, achará o SENHOR fé na terra? Os fiéis sobreviverão?

                Quando na terra a história parece sem sentido, Deus nos convida a olhar para o céu. Tudo que João precisava era “uma porta aberta no céu”, e foi isso que Deus lhe ofereceu. De repente, toda atenção de João foi direcionada para a impressionante sala do trono de Deus. A visão é maravilhosa demais para ser descrita com nossas limitadas palavras, mas uma coisa é certa: Deus estava dizendo ao Seu servo que o trono que rege o mundo não é o de Roma, nem o de Satanás, mas o trono do “Santo, Santo, Santo, o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir” (Ap. 4.8).
Qualquer semelhança com fatos ou personagens reais não terá sido mera coincidência. Vivemos tempos apocalípticos, e, por isso, precisamos nos livrar do olhar que se limita às relatividades históricas que se passam, como em Eclesiastes,  ‘debaixo do sol’. Olhando assim, somos consumidos pelo temor e o pessimismo. A vida perderá seu brilho e ficaremos apáticos, ‘à toa na vida’, aprisionado na monotonia incessante do encadeamento de fatos indiferentes, que são como o vento que vem e vai, sem chegar a lugar nenhum (Ec. 1.4-5). A solução para o tédio e a desesperança do mal é a certeza de que os céus dominam.

O remédio para o apóstolo João é o mesmo que precisamos. O domínio de Deus é sempiterno. Seu trono prevaleceu na Mesopotâmia, no Egito, na Babilônia, na Pérsia, na Grécia, em Roma... e vai prevalecer no Brasil. O nosso destino não está nas mãos dos burocratas, dos políticos, dos magistrados, dos influentes, dos enganadores. As forças infernais que tentam sufocar toda verdade não triunfarão. Quando o coração de Nabucodonosor “se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a glória” (Dn. 5.20). Humilhado, o grande monarca da Babilônia passou a morar com os jumentos, “e deram-lhe a comer ervas como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele.” (Dn. 5.21).

A situação está difícil?  “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb. 4.16). E, quando tivermos chegado junto ao trono oremos simplesmente: “Venha o teu reino...”. Com certeza, Ele virá!

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira


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