quarta-feira, 19 de agosto de 2015

DE QUEM É A CULPA? (II)

Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras.
(Salmo 58.3)

               
                A mãe estava desesperada. Seu filho Guilherme parecia não ser normal. Desde os 4 anos, Guilherme dava sinais de desapego às coisas e pessoas, era frio e não obedecia a ninguém. O problema ficou claro aos 9 anos quando o garoto passou a roubar os coleguinhas na escola e praticar pequenos furtos na vizinhança e em casa. Também se tornou perito na arte do engano, fazendo os outros acreditar naquilo que inventava. Aos 18 anos, conseguiu enganar uma construtora e comprar um apartamento sem ter um centavo. Quando soube da morte repentina de um primo que tinha sua idade, a reação foi apenas ‘que pena.

                Foram 15 anos rodando em busca de uma solução entre psicólogos, psiquiatras, pediatras e até benzedeiros. Além de mimo excessivo e falta de limites por parte dos pais, ninguém podia achar outra causa. Até que, lendo sobre psicopatias, a mãe resolveu procurar psiquiatras especializados no assunto, chegando à conclusão espantosa de que seu filho era portador de uma doença que acomete assassinos em série, certos políticos e executivos. A misteriosa patologia leva uma pessoa a cometer atos como roubo e assassinatos sem sentir a menor emoção, ou a mínima culpa. A mãe ainda sofre, mas está feliz por descobrir que seu filho não é um delinquente, mas um doente.

O relato acima, lido em um site que aborda problemas psiquiátricos, revela o abismo ao qual chegamos, levados pela ‘sabedoria’ humana. Se a rebeldia contra a autoridade, a mentira e o furto são patologias, os pais precisam rever a maneira como criam seus filhos, reconhecendo que seu mau comportamento deve ser tratado com medicamentos, não com disciplina. Nesse caso, quem não iria apoiar a conhecida e estranha ‘lei da palmada?’ A confusão entre perversão e patologia só avança e podemos ter certeza de que já alcançaram os tribunais. Por isso, muitos delinquentes têm escapado da merecida punição pelos seus crimes. Antecipando a sequência lógica, dentro em breve um assino terá sua pena atenuada ou extinta ao declarar que não sente culpa por ter assassinado uma pessoa. Os juízes serão convencidos de que o assassino foi vítima de uma enzima traiçoeira que ativou os genes da violência, e bloqueou os da culpa. O assassino, coitado, não pode ser responsabilizado, afinal ele não passa de uma vítima da química cerebral. O que fazer? A solução é complexa, pois ainda não foi inventada a ‘prisão genética.’ Resta-nos, portanto, a saída da terapia medicamentosa: estupradores, corruptos, traficantes e assassinos só precisam ‘uma dose mais forte’... simples assim! No mais, é só dobrar o cuidado com os ‘genes assassinos, pois eles podem iniciar o processo de aliciamento dos ‘genes inocentes’, e o delinquente pode ser acometido da patologia que o tornará um ‘inocente’ serial killer. 

Pensamento autocontraditório de que tudo é relativo são a base de sustentação das mirabolantes explicações pseudocientíficas para a maldade impregnada no coração humano. O relativismo destrói a base objetiva e isenta para o discernimento entre o certo e o errado. Se tudo é relativo, tudo também deve ser subjetivo. E quando a subjetividade prevalece tudo será aceitável e perto estamos do caos.

Enquanto ‘Freud explica’ a delinquência e defende a inocência humana, a Palavra de Deus aborda o assunto de maneira completamente diferente. Sendo divina e ‘objetivamente’ inspirada, sua abordagem é clara, simples e direta, tendo em Si mesma as evidências da verdadeira sabedoria. Ao contrário da psiquiatria, que diminui o valor do ser humano, a Bíblia reconhece a dignidade do homem. Segundo as Escrituras, o homem não apareceu por acaso, mas é fruto de um plano perfeito do Criador amoroso, que decidiu criar o homem à Sua imagem e semelhança. Por isso, todos os homens são dotados de sentimento, vontade, razão e consciência. Na antropologia bíblica, o homem é um ser especial, diferente do restante da criação. Desse modo, o homem não é vítima, mas sujeito competente, pois “Até a criança se dá a conhecer pelas suas ações, se o que faz é puro e reto.” (Provérbios 20.11). 

 Então, de quem é a culpa? A resposta está no versículo acima. Por causa do pecado introduzido na criação pelo ato de desobediência do homem, somos contaminados na nossa alma com a disposição à rebeldia contra nosso Deus. O problema não é de natureza genética, mas espiritual. O caso de Guilherme pode ser analisado por vários ângulos e certamente possui diversos componentes, mas o problema fundamental está na sua disposição e decisão de ‘desencaminhar do Seu Criador, proferindo mentiras.’ O problema é gravíssimo e nenhum tratamento psiquiátrico vai curá-lo. Guilherme precisa morrer e nascer de novo. Guilherme precisa de um novo coração. Guilherme  precisa de um remédio que alcance e elimine a malignidade do pecado que lhe domina. Para Guilherme e todos os pecadores só há uma terapia eficiente... “... o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo. 1.7b).

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.



Nenhum comentário: