terça-feira, 27 de março de 2012

FASHION INSENSATEZ

Recentemente tenho notado que certo tipo de tecido e modelo de roupa feminina caiu no gosto de muitas mulheres. São umas blusas de seda brilhante e cores chocantes para sair na rua. Desde o primeiro momento que vi algumas mulheres usando a nova moda fiquei me perguntando: “Mas isso não é roupa de dormir?”. Para mim as tais blusas na verdade não passam de “baby doll” (sem risos, por favor!!). Mas é moda. Para muitos isso é o bastante para fazer o feio parecer bonito.

Gosto muito de ler a fim de conhecer o que for possível. Mas confesso que nunca me interessei em conhecer a fundo o mundo da moda. Da minha superficial observação, entendo que não seria um bom investimento do meu escasso tempo. No entanto, parece-me muito óbvio que a moda é um bom espelho da manipulação mental e espiritual que prevalece neste mundo caído. Por isso, na minha concepção os milhões movimentados no universo da moda é o mais patente atestado da insensatez e futilidade que domina nossa sociedade.

Estar na moda nunca me preocupou. E agora, passados já os meus “vinte e poucos anos”, menos ainda me interessam as convenções sociais no que dizem respeito a trajes e adereços recomendados e aprovados. Nunca tive dinheiro, nem estômago para seguir o curso ditado pela moda. Na verdade, tenho uma tendência natural a querer ficar fora de moda. É mais barato e menos fútil. Sobretudo quando vejo mulheres na rua com roupas de dormir e jovens (rapazes e moças) orgulhosos por mostrar a marca, a cor e o modelo das suas roupas íntimas. Pelas minhas recentes observações e pela rapidez com que as coisas andam, em breve os rapazes estarão saindo apenas de cuecas, com as calças amarradas ao pescoço, fazendo um contraste interessante com seu seus cabelos de pica-pau copiados do Neymar ou dando realce a suas pastinhas caídas sobre um dos olhos, à la Justin Bieber.

Pobre moda! Pobre mundo! Como ovelhas que não tem pastor, sedentas por significado, as pessoas extravasam a inquietude das suas almas deixando-se levar pelas constantes alucinações daqueles que sabem usar o exterior para dominar o interior. Como robôs teleguiados, muitos investem indevidamente seus recursos naquilo que está na boca do povo. O que interessa em muitos casos não é se é digno ou descente, mas se está na moda.

Todos conhecemos o velho ditado mundano e mercantilista: “o mundo trata melhor quem se veste bem”. Não duvido disso, e tenho experimentado na pele o descaso por não estar vestido de uma maneira que despertaria a boa vontade do mundo. Mas já aprendi a conviver bem com isso. Tenho o comum ‘problema masculino’ (graças a Deus) de não ser muito afeito aos ditames da última moda. Além do mais, dadas as condições simples em que fui criado, a regra de moda que aprendi foi simples: sua moda é o que você tem ou lhe chega às mãos. E muitas vezes eram roupas já usadas por outros que, por seguir a moda, desistiam daquela peça. Lembro, entrando na juventude, a primeira calça jeans que experimentei. Era bem usada, mas estava em boas condições. Minha mãe disse: “Jeno, veja se dá em você”. A etiqueta já era meio gasta, mas ainda mostrava que se tratava de uma cobiçada calça U.S. Top (é o novo!). Esforcei-me para aparentar que tinha caído bem, faceiro (essa é velha também!) e descontraído como se fosse desfilar numa passarela. Mas minha estreia no mundo fashion durou pouco, pois logo minha mãe, com seu habitual senso de humor, me desiludiu: “Pode tirar meu filho, porque o defunto era maior” (vale dizer que naquele tempo eu não tinha carne para fazer um pastel).

Para ser claro, devo dizer que não estou advogando, porém, que o pouco caso para com a imposição insensata do mundo da moda signifique que vamos nos trajar de maneira esquisita e inadequada. Guardadas as devidas proporções, nossos trajes devem ser adequados ao que somos e fazemos. Sendo, pois, servos de Cristo e testemunhas do evangelho, talvez nossa regra de moda deveria ser a do apóstolo Paulo, expressa na seguinte frase: “Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele” (1Cor 9.23). Compro roupa tal? Sigo as últimas tendências? Responda essas e outras perguntas em relação ao Evangelho. Se com tal roupa você se porta à altura de um cooperador do Evangelho, vá em frente. Caso contrário, deixe a moda para trás e siga a Cristo. Isso vai ser um alívio para o bolso e um refrigério para a alma.

O mundo da moda é sempre agitado porque é a ponta do iceberg de uma conjuntura que existe “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, de espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.1). Certamente jamais queremos seguir sob tais tendências, por mais ‘bonitas’ que sejam.

Devemos entender que seguir a moda é uma questão de obediência ao mundo. Por isso, o mais que se afastar dessa servidão, melhor para o servo de Cristo, afinal, “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira

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