terça-feira, 22 de maio de 2012

A PIOR FORMA DE EGOÍSMO


As palavras do pai foram como uma espada a dilacerar o coração da criança de apenas 8 anos de idade: “Filho, papai não vai mais morar com a mamãe. Papai vai morar noutra casa”.  Sem conseguir aprofundar a conversa, mas com a voz embargada, o menino perguntou: “Por que, papai? Eu não quero que você vá embora”. E começou a chorar. Era de partir coração de um pai... se ainda houvesse sensibilidade. Neste caso não havia, e o pai insiste em querer dar ao filho uma razão sem razão: “Filho, papai e mamãe não se amam mais... mas eu queria saber com quem você quer ficar, com papai ou com mamãe?”. E o garotinho respondeu sem pensar um instante: “Quero ficar com os dois”. Mas não adiantou. O egoísmo já havia dominado o coração. Nem as lágrimas do filho faziam diferença.
            Noutra situação, estou numa praça e vejo a mãe e três crianças se aproximando. O pai, que esperava dentro do carro, saiu para receber a família.         Correndo na frente, vinha a filha menor... uns 7 aninhos. Dava para notar a felicidade dela em poder abraçar o pai. Era cedo da manhã, e evidentemente ele não dormira em casa. Esse abraço foi o que faltou antes de dormir. Talvez, a mãe a tenha consolado dizendo: “amanhã de manhã vamos encontrar o papai”. A tristeza noturna do seu coraçãozinho não posso mensurar, mas a alegria vibrante do encontro matinal com o pai podia ser vista mesmo por alguém que observasse de longe, como era o meu caso. Entre a mãe e o pai a saudação foi monossilábica, um simples oi. As outras filhas um pouco mais velhas pareciam indiferentes. Certamente a dor da distância não se vencia com um encontro de alguns minutos no banco de uma praça.
            O pai abraçou afetuosamente a filha menor, que logo sentou no seu colo. Ele beijava a filha que falava sem parar. Talvez o atualizando acerca dos acontecimentos em casa, tentando fazê-lo participar um pouco da vida familiar. Claramente ela se esforçava para ser o elo na família despedaçada. Mas era uma luta solitária. Entre o casal não tinha a menor afeição, e as outras crianças não davam uma palavra. Bem que o pai tentava abraçar as outras, mas elas se esquivavam. Então, ele compensava abraçando a pequena.
Já vi pais que abandonam seus filhos e se consolam com a frase paliativa que alguns terapeutas (muitos que também abandonaram seus lares) cunharam para aliviar o peso na consciência: Tempo de qualidade. Chegam a tentar defender a tese absurda de que filhos de pais separados que tem tempo de qualidade com seus pais, mesmo que seja por algumas horas na semana, não sofrem os traumas da separação. Esses são realmente os ditos “sábios” que aos olhos da Palavra de Deus são loucos. Não existe fórmula nenhuma que faça com que uma criança vivendo distante dos seus pais não sofra horrivelmente.
            O que é isso? Por que tantos lares se desfazendo? A Bíblia responde dizendo que nos últimos dias os homens iriam se tornar egoístas, insensíveis, sem amor pela família (2Tm 3.1-3; Rm 1.31). Eis a cena da nossa sociedade. Os homens são assim, e ainda são aplaudidos por procederem dessa maneira.
            Enquanto isso, centenas de crianças continuam clamando pelo retorno dos seus pais, pela continuação da família, pela bênção de irem dormir sabendo que papai e mamãe estão dormindo juntos. Há dificuldades na vida a dois? Certamente. Mas nada que esteja acima do poder de Deus, nada que justifique o sofrimento de uma criança que em lágrimas diz: “Não vá embora, papai”.
                       
            A serviço do Mestre,
            Pr. Jenuan Lira.

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