quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O DIA QUE A CIDADE PAROU

A jovem gerente do banco não escondia sua apreensão. Assustada, olhava todo tempo em direção à porta. Seu telefone não parava. Ligava e recebia chamadas de parentes e amigos. Dos quatro cantos da cidade chegavam más notícias. Os poucos clientes que passavam na triagem da vigilância, entravam amedrontados, eram recebidos com receio. Mais de uma vez saiu do seu birô a fim de fechar a porta pessoalmente, achando que o vigilante estava se retardando. “Se pudesse, já estava em casa...”, dizia aos companheiros. Por ela, fechava a agência, a exemplo de outras. Se tivesse autoridade para tanto, certamente o teria feito. Em pleno dia útil, a movimentada avenida tinha cara de feriado. O clima de terror estava no ar. Os poucos que se arriscavam fora de casa, andavam rápido, olhavam para os lados, abrigavam-se assim que podiam.
O dia 2 de janeiro de 2012 entra para a história como o dia em que a cidade parou. O segundo dia útil do ano foi inútil. Numa estranha conjunção de forças entre autoridades e deliquentes, a cidade fechou as portas. Segundo intérpretes das predições catastróficas dos Maias, o mundo deverá se acabar em 2012, mas não nos avisaram que começaria pelo Ceará. Se o ano começa assim, o que será no seu final?
A situação da “segurança” pública aos poucos volta ao normal. Mas os vislumbres do futuro não são nada promissores. Os policiais revoltados conseguiram suas reivindicações, mas deixaram uma mensagem. As conquistas de curto prazo anunciam perigos iminentes. Essa greve mostrou onde está a força. As reivindicações da polícia foram conquistadas no grito, na força, nas ameaças e na anarquia. Sem entrar no mérito da legitimidade daquilo que era pleiteado pela polícia, ressalta-se tristemente o fato da desobediência às leis que existem para manter a ordem social. Marginais quebrando os códigos e regras é grave. Mas muito mais grave é quando o desafio às leis parte daqueles que por elas deveriam zelar. Sem obediência às leis e sem autoridades comprometidas em defendê-las, a selvageria inata da natureza humana avança sem restrição. Se os que manejam as armas se rebelam e nos deixam sozinhos na avenida, só nos resta a interrogação do herói mexicano abobalhado dos seriados infantis que, com suas roupas vermelhas e antenas de inseto, em situação de perigo repetia: “E agora, quem poderá nos socorrer?”.
Da situação aprendemos que a estabilidade social é extremamente frágil. Não precisa muito para parar o mundo. Vivemos uma aparente normalidade, mas se determinados grupos decidirem diferente, em pouco tempo o caos se instala. Os negócios do mundo estão nas mãos de poucos. Esses, pela manipulação e força do dinheiro, podem instalar o terror em nações inteiras.
Em meio a toda confusão na segurança pública no estado do Ceará, uma afirmação da Bíblia se solidificou em minha mente: “Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jr. 17:5). Por mais que nos sintamos protegidos pelas leis e pelas autoridades, tal segurança é frágil e temporária. Colocar nos homens nossas expectativas é a receita certa para a decepção.
Apesar de tudo, não há motivo para desespero. Nossa vida está nas mãos de Deus. Ele é o nosso escudo e fortaleza. Por isso, nesses dias de incerteza, oremos como o salmista...
“Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem” (Sl. 60:11)



A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

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